quinta-feira, 12 de julho de 2007
"Atelier Chamego Bonzolândia".
Aproveitando as minhas idas e vindas na ABLC, não poderia deixar de registrar o trabalho de um artista popular chamado Getúlio - é o "Atelier Chamego Bonzolândia", que fica bem na subida da Rua Leopoldo Fróes, em Santa Teresa. Conheço o trabalho desta pessoa há bastante tempo, só que desta vez registrei para mostrar: ele recolhe pedaços de madeira e monta bonecos, bondinhos, o que vier na cabeça(dizem que faz até exposições). Pena que ele havia dado uma saída e não pude bater um papo para saber de mais detalhes sobre sua arte. De qualquer maneira, aí vão as fotos para você curtir.
Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Este é o poeta Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Cordel. Se você tiver alguma dúvida, quiser comprar ou fazer alguma pesquisa sobre o romanceiro popular nordestino, este é o local. A ABLC fica localizada à Rua Leopoldo Fróes, 37 em Santa Teresa, ao lado da 7ª DP. Ir à Santa Teresa é sempre um passeio agradável, pois o bondinho também deixa na porta.Lembrando que a plenária da ABLC acontece sempre no Auditório da Federação das Academias de Letras do Brasil , Rua Teixeira de Freitas, 5/3º andar, Lapa-RJ, toda terceira segunda-feira do mês sempre às 18h. Maiores informações visite o site: http://www.ablc.com.br/.
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Vamos passear em Petrópolis?
Situada na Serra dos Órgãos , a 809m acima do nível do mar, suas construções históricas, seu clima ameno e a abundante vegetação servem como grandes atrativos turísticos. Além disso, a cidade possui um movimentado comércio.Petrópolis é, talvez, um dos mais notáveis exemplos dos esforços de migração européia para o Brasil no Segundo Reinado.
Um pouco acima, no Km 94 da mesma Serra de Petrópolis, também na descida, encontramos o Sr. Antônio responsável pela venda da tapeçaria feita por sua esposa,mais uma dentre as muitas artesãs anônimas que trabalham para embelezar a nossa cultura.E o precinho ói....
OPS! Seu Antonio, envergonhado, não quis posar para foto.
Rosângela e Fátima, as irmãs artesãs.
Não posso deixar de registrar o espetacular trabalho feito pelas artesãs anônimas de Petrópolis - o tapete de retalhos. Esse tipo de artesanato é bastante peculiar da localidade: coloca-se um tapete como base e em cima costura-se retalhos coloridos ou não, formando belos desenhos .Conheço este trabalho desde pequena: é encontrado na subida ou descida da serra de Petrópolis. Misturado ao corredor da Mata Atlântica, o colorido dos tapetes é mais uma fantástica expressão da nossa cultura.
Na primeira foto Rosângela e na segunda Fátima, responsáveis pela confecção desse conjunto. Elas e seus trabalhos encontram-se no Km 98 na descida da Serra de Petrópolis. Além da tapeçaria, Fátima vende um delicioso caldo de cana e um coco geladinho. Vale a pena dar uma chegada para conferir.
domingo, 8 de julho de 2007
Uma breve reflexão sobre o ato de ler.
Lembro-me de minha avó materna, uma analfabeta que lavou roupas para sobreviver e criar doze filhos; que ao deitar, contava-me a história dos espíritos esquecidos presos numa velha sacola de couro planejando uma vingança mortal àquele que, por egoísmo, manteve-os presos por tanto tempo. Com medo dessa tal vingança, passei a vida repassando as histórias que ouvia: primeiro para meus colegas de classe; mais tarde para meus filhos e hoje continuo recontando para alunos, vizinhos e quem de mim se aproximar.
Até bem pouco tempo, numa crise existencial, não conseguia compreender a minha função aqui neste plano, até que num belo dia, sentada numa cadeira, um ‘Estalo de Vieira’ iluminou a minha mente e me apercebi contadora de histórias. Hoje, prestes a me tornar uma professora de Português e Literaturas , fico triste só de pensar que aquilo que foi um alimento para mim durante os anos em que crescia, não é praxe em muitos lares no mundo contemporâneo.
Tornei-me uma devoradora de livros, passaria o dia citando autores, livros e artigos de minha preferência, porque desde pequena fui enredada pelas tramas das histórias, cantigas de roda e cordéis, por esse mundo sem fronteiras onde eu também pudesse fazer uma blusa amarela com três metros de entardecer e, sobretudo, com a possibilidade de um dia vir a resgatar uma parte desse material oral que ainda circula, principalmente lá pelo norte e nordeste, onde o mito sebástico que tanto me encanta foi muito presente por ocasião da colonização.
O mundo contemporâneo trouxe lá seus benefícios, mas deixou as pessoas muito embrutecidas e essa ausência de sensibilidade embota os sentidos. A educação pela arte mexe com essa oportunidade de vir a exercer esse domínio máximo das faculdades intelectuais. Precisamos depurar os nossos sentidos – isso é urgente se queremos um mundo mais justo e com menos violência. E essa depuração vem através desse objeto lírico tão maravilhoso que é a história. Como educadora e sonhadora sinto-me na contramão do mundo porque quero resgatar esse algo que existe dentro de nós, que é essa humanidade que ficou perdida em meio a essa aldeia global, essa sociedade insensível e fragmentada; essa mesma sociedade que nos tirou a possibilidade de criar, pois com toda facilidade, ficamos frente a tudo pronto, sem poder agir. Isso nos deixa um enorme vazio, não cria um significado entre nós e o objeto.
Gostaria de poder contar com a colaboração em divulgar meu trabalho afim de que possa adentrar esse mundo de fazedores de histórias, sobretudo para meus estudos de pesquisa desse imaginário tão fascinante e importante para essa e gerações futuras, pois relembrando a nossa poetisa Cecília Meireles, literatura é nutrição, é algo muito mais profundo do que um simples entretenimento, pois o alimento faz parte da nossa história biológica e o alimento quando é de qualidade vai dando ao aluno uma visão de mundo diferenciada para toda vida.
Até bem pouco tempo, numa crise existencial, não conseguia compreender a minha função aqui neste plano, até que num belo dia, sentada numa cadeira, um ‘Estalo de Vieira’ iluminou a minha mente e me apercebi contadora de histórias. Hoje, prestes a me tornar uma professora de Português e Literaturas , fico triste só de pensar que aquilo que foi um alimento para mim durante os anos em que crescia, não é praxe em muitos lares no mundo contemporâneo.
Tornei-me uma devoradora de livros, passaria o dia citando autores, livros e artigos de minha preferência, porque desde pequena fui enredada pelas tramas das histórias, cantigas de roda e cordéis, por esse mundo sem fronteiras onde eu também pudesse fazer uma blusa amarela com três metros de entardecer e, sobretudo, com a possibilidade de um dia vir a resgatar uma parte desse material oral que ainda circula, principalmente lá pelo norte e nordeste, onde o mito sebástico que tanto me encanta foi muito presente por ocasião da colonização.
O mundo contemporâneo trouxe lá seus benefícios, mas deixou as pessoas muito embrutecidas e essa ausência de sensibilidade embota os sentidos. A educação pela arte mexe com essa oportunidade de vir a exercer esse domínio máximo das faculdades intelectuais. Precisamos depurar os nossos sentidos – isso é urgente se queremos um mundo mais justo e com menos violência. E essa depuração vem através desse objeto lírico tão maravilhoso que é a história. Como educadora e sonhadora sinto-me na contramão do mundo porque quero resgatar esse algo que existe dentro de nós, que é essa humanidade que ficou perdida em meio a essa aldeia global, essa sociedade insensível e fragmentada; essa mesma sociedade que nos tirou a possibilidade de criar, pois com toda facilidade, ficamos frente a tudo pronto, sem poder agir. Isso nos deixa um enorme vazio, não cria um significado entre nós e o objeto.
Gostaria de poder contar com a colaboração em divulgar meu trabalho afim de que possa adentrar esse mundo de fazedores de histórias, sobretudo para meus estudos de pesquisa desse imaginário tão fascinante e importante para essa e gerações futuras, pois relembrando a nossa poetisa Cecília Meireles, literatura é nutrição, é algo muito mais profundo do que um simples entretenimento, pois o alimento faz parte da nossa história biológica e o alimento quando é de qualidade vai dando ao aluno uma visão de mundo diferenciada para toda vida.
sábado, 7 de julho de 2007
O Lobisomem
Esta é uma história verídica. Acredite. Quem tiver boca que cale; quem tiver ouvido, que escute.
Aconteceu em São Domingos da Prata, uma cidadezinha um pouco distante da capital de Minas Gerais. Sabe como é, cidadezinha do interior se faz é filho. Nasci no dia 13 de fevereiro do ano de 1992, exatamente a meia noite de uma sexta-feira . Vamos combinar, é um dia muito... como dizer, assustador. Só que meus pais no lugar de contentes, ficaram apavorados com aquele acontecimento. Sim, porque todos torciam por uma menina. Foi quando Benedita, a parteira da localidade, finalmente gritou lá do quarto:
- É um menino, compadre. Cruz credo! E imediatamente fez o sinal da cruz.
- Mas será ó Benedita, tem certeza? – perguntou.
Xi...Naquele dia foi um reboliço danado, nem te conto.De acordo com a tradição, o sétimo filho homem de uma família carrega a sina de virar lobisomem. Era esse o presente que a natureza reservara para meus pais naquele fatídico ano de 1992. Bem que minha mãe contava que eu mexia muito na barriga dela. Foi assim que minha família ficou marcada para sempre. Foi assim que eu ouvi dizer. Todos comentavam o nascimento do lobisomenzinho, nos bares da cidade, nas sinucas, na igreja, nas escolas, qualquer canto em São domingos da Prata por onde se andasse, o comentário era o mesmo – o nascimento do sétimo filho de seu Zequinha. A notícia correu rapidamente.Você sabe, fofoca se espalha que é uma maravilha.
Por causa de todo o bochicho, minha família não encontrava um cristão que quisesse me batizar. Meu pai saía pela manhã, bem cedinho, rodava de bicicleta por toda a localidade em busca de uma alma caridosa que desejasse ser seu compadre.As pessoas se benziam, algumas fechavam as portas de casa e outras até andavam com uma cruz bem grande no peito.Até o padre, disfarçadamente, fechava as portas da igreja. Qual nada! Painho voltava para casa no fim do dia e só balançava a cabeça :
- Tem jeito não mulher, ninguém quer batizar nosso filho. Vai ser pagão mesmo.
Cresci um menino muito diferente dos outros: ao invés de chorar, uivava. Minha brincadeira favorita era correr atrás das galinhas. Com dois anos de idade já tinha no meu corpo alguns pelos. Minhas orelhas eram maiores do que o normal e com alguns pelos também. Quando meus dentes começaram a nascer, os caninos eram pontudos e demasiadamente grandes e no lugar da mamadeira gostava mesmo era de uma suculenta carne crua e cheia de sangue. Vivia preso em casa com medo de ser apedrejado pela vizinhança. Minha família com vergonha não saía comigo as ruas, afinal era a primeira vez que tinham um filho, assim... não muito “normal”, não sabiam lidar muito bem com isso . Quando ficava doente, meus pais tratavam logo de chamar o doutor Aimoré . Ele vinha meio cabreiro. Todo médico faz um juramento e não pode recusar paciente. Então escutava meu peito, examinava minha garganta e no final botava a mão na cabeça, coçava a barba e dizia:
- Minha nossa, comadre, nunca vi uma coisa dessas em todos esses 40 anos de medicina!
Aprendi a ler e a escrever com minha mãe que tratou logo de estudar para poder me alfabetizar já que não podia ir à escola para não espantar os alunos. O chão da minha casa era o quadro negro e os gravetos, o giz. Logo estava lendo muitos livros, já que não podia sair nem brincar com as crianças da minha idade. Minha leitura favorita eram as histórias de lobisomem, cupurira, saci, vampiros. Meus amigos eram os personagens desses livros. . Sempre tinha gente na minha porta querendo espiar o filho esquisitão do seu Zequinha ; desde que nasci, minha família não teve paz . Volta e meia via meus pais e irmãos brigando com alguém para me defender. É muito triste ser lobisomem. A medida em que o tempo passava, percebia que a preocupação de minha família crescia mais, pois quando completasse quinze anos viraria, nas noites de lua cheia, a meia noite, um lobisomem: eles não poderiam nunca mais, me prender dentro de casa, estaria livre.
Mas a vida gira nas rodas do cata-vento e no ano passado meus pais resolveram dar um basta nessa situação e sair de São Domingos do Prata definitivamente, pois já estavam cansados de tantas fofocas e cochichos pra todo lado. Compraram um sitiozinho em lugarejo mais adiante chamado Barro Branco, lá onde o diabo perdeu as meias. Sim porque as botas ele havia perdido em São Domingos. É aqui que moro hoje, ainda escondido, esperando o momento de me libertar aos 15 anos. Já escutei com meus ouvidos grande alguns comentários na vizinhança por causa dos meus uivos: é assustador! É que está se aproximando o momento de virar lobisomem, falta muito pouco para me tornar debutante. Aos 14 anos tornei-me um lobisomem adulto, com um uivo possante, dentes enormes , bem peludão, com olhos grandes e vermelhos. Dizem que as minhas enormes orelhas fazem barulho quando elas balançam
Meu alimento predileto é carne crua e jamelão. É onde pretendo me esconder – nas árvores de jamelão - para morder o pescoço das pessoas e então, finalmente ter novos amigos lobisomens para brincar e andar de bicicleta por ai – mas só pela madrugada, pois detesto a luz do dia. Meus amigos favoritos serão aqueles bem rebeldes do tipo que não gostam de estudar, que matam aulas para namorar e aqueles que fazem muita, malcriação para os pais.Lembre-se, cuidado com as noites de lua cheia a meia noite, principalmente se for de quinta para sexta-feira.... Uuuuuuuuuuu !
Ah esqueci de dizer que ao morder alguém, me transformarei em homem normal depois que o galo cantar. Por isso desconfie dos homens altos, magrelos, amarelos e abatidos: eles podem ser lobisomens disfarçados de humanos. O próprio nome diz, lobisomem é a mistura de homem com lobo. Dizem que meu pai era um lobisomem; agora entendo porque ele sumia de casa nas noites de lua cheia e só aparecia antes do nascer do sol.
Essa é a minha história. Acredite.
Quem tiver boca não fale; quem tiver ouvido, escute.
Entrou pelo pé do vento, saiu pela tripa do gato, quem quiser que conte quatro.
Aconteceu em São Domingos da Prata, uma cidadezinha um pouco distante da capital de Minas Gerais. Sabe como é, cidadezinha do interior se faz é filho. Nasci no dia 13 de fevereiro do ano de 1992, exatamente a meia noite de uma sexta-feira . Vamos combinar, é um dia muito... como dizer, assustador. Só que meus pais no lugar de contentes, ficaram apavorados com aquele acontecimento. Sim, porque todos torciam por uma menina. Foi quando Benedita, a parteira da localidade, finalmente gritou lá do quarto:
- É um menino, compadre. Cruz credo! E imediatamente fez o sinal da cruz.
- Mas será ó Benedita, tem certeza? – perguntou.
Xi...Naquele dia foi um reboliço danado, nem te conto.De acordo com a tradição, o sétimo filho homem de uma família carrega a sina de virar lobisomem. Era esse o presente que a natureza reservara para meus pais naquele fatídico ano de 1992. Bem que minha mãe contava que eu mexia muito na barriga dela. Foi assim que minha família ficou marcada para sempre. Foi assim que eu ouvi dizer. Todos comentavam o nascimento do lobisomenzinho, nos bares da cidade, nas sinucas, na igreja, nas escolas, qualquer canto em São domingos da Prata por onde se andasse, o comentário era o mesmo – o nascimento do sétimo filho de seu Zequinha. A notícia correu rapidamente.Você sabe, fofoca se espalha que é uma maravilha.
Por causa de todo o bochicho, minha família não encontrava um cristão que quisesse me batizar. Meu pai saía pela manhã, bem cedinho, rodava de bicicleta por toda a localidade em busca de uma alma caridosa que desejasse ser seu compadre.As pessoas se benziam, algumas fechavam as portas de casa e outras até andavam com uma cruz bem grande no peito.Até o padre, disfarçadamente, fechava as portas da igreja. Qual nada! Painho voltava para casa no fim do dia e só balançava a cabeça :
- Tem jeito não mulher, ninguém quer batizar nosso filho. Vai ser pagão mesmo.
Cresci um menino muito diferente dos outros: ao invés de chorar, uivava. Minha brincadeira favorita era correr atrás das galinhas. Com dois anos de idade já tinha no meu corpo alguns pelos. Minhas orelhas eram maiores do que o normal e com alguns pelos também. Quando meus dentes começaram a nascer, os caninos eram pontudos e demasiadamente grandes e no lugar da mamadeira gostava mesmo era de uma suculenta carne crua e cheia de sangue. Vivia preso em casa com medo de ser apedrejado pela vizinhança. Minha família com vergonha não saía comigo as ruas, afinal era a primeira vez que tinham um filho, assim... não muito “normal”, não sabiam lidar muito bem com isso . Quando ficava doente, meus pais tratavam logo de chamar o doutor Aimoré . Ele vinha meio cabreiro. Todo médico faz um juramento e não pode recusar paciente. Então escutava meu peito, examinava minha garganta e no final botava a mão na cabeça, coçava a barba e dizia:
- Minha nossa, comadre, nunca vi uma coisa dessas em todos esses 40 anos de medicina!
Aprendi a ler e a escrever com minha mãe que tratou logo de estudar para poder me alfabetizar já que não podia ir à escola para não espantar os alunos. O chão da minha casa era o quadro negro e os gravetos, o giz. Logo estava lendo muitos livros, já que não podia sair nem brincar com as crianças da minha idade. Minha leitura favorita eram as histórias de lobisomem, cupurira, saci, vampiros. Meus amigos eram os personagens desses livros. . Sempre tinha gente na minha porta querendo espiar o filho esquisitão do seu Zequinha ; desde que nasci, minha família não teve paz . Volta e meia via meus pais e irmãos brigando com alguém para me defender. É muito triste ser lobisomem. A medida em que o tempo passava, percebia que a preocupação de minha família crescia mais, pois quando completasse quinze anos viraria, nas noites de lua cheia, a meia noite, um lobisomem: eles não poderiam nunca mais, me prender dentro de casa, estaria livre.
Mas a vida gira nas rodas do cata-vento e no ano passado meus pais resolveram dar um basta nessa situação e sair de São Domingos do Prata definitivamente, pois já estavam cansados de tantas fofocas e cochichos pra todo lado. Compraram um sitiozinho em lugarejo mais adiante chamado Barro Branco, lá onde o diabo perdeu as meias. Sim porque as botas ele havia perdido em São Domingos. É aqui que moro hoje, ainda escondido, esperando o momento de me libertar aos 15 anos. Já escutei com meus ouvidos grande alguns comentários na vizinhança por causa dos meus uivos: é assustador! É que está se aproximando o momento de virar lobisomem, falta muito pouco para me tornar debutante. Aos 14 anos tornei-me um lobisomem adulto, com um uivo possante, dentes enormes , bem peludão, com olhos grandes e vermelhos. Dizem que as minhas enormes orelhas fazem barulho quando elas balançam
Meu alimento predileto é carne crua e jamelão. É onde pretendo me esconder – nas árvores de jamelão - para morder o pescoço das pessoas e então, finalmente ter novos amigos lobisomens para brincar e andar de bicicleta por ai – mas só pela madrugada, pois detesto a luz do dia. Meus amigos favoritos serão aqueles bem rebeldes do tipo que não gostam de estudar, que matam aulas para namorar e aqueles que fazem muita, malcriação para os pais.Lembre-se, cuidado com as noites de lua cheia a meia noite, principalmente se for de quinta para sexta-feira.... Uuuuuuuuuuu !
Ah esqueci de dizer que ao morder alguém, me transformarei em homem normal depois que o galo cantar. Por isso desconfie dos homens altos, magrelos, amarelos e abatidos: eles podem ser lobisomens disfarçados de humanos. O próprio nome diz, lobisomem é a mistura de homem com lobo. Dizem que meu pai era um lobisomem; agora entendo porque ele sumia de casa nas noites de lua cheia e só aparecia antes do nascer do sol.
Essa é a minha história. Acredite.
Quem tiver boca não fale; quem tiver ouvido, escute.
Entrou pelo pé do vento, saiu pela tripa do gato, quem quiser que conte quatro.
Um rabequeiro brincante imperdível.
Logo após Ariano Suassuna, que sou fã de carteirinha, vem um artista popular, um rabequeiro brincante que também amo de paixão: seu nome é Antonio Nóbrega. No dia 08/05/2007, também na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, em comemoração aos 80 anos de Ariano Suassuna, Nóbrega veio ao Rio fazer uma homenagem a este escritor e amigo, apresentando um recital com alguns dos escritos de Ariano Suassuna. Muito bom! Só que a foto não ficou lá grande coisa, foi tirada de celular, não permitiam filmagem. Mas valeu a pena, sai de lá com os meus cds autografados. Vou aguardar seu retorno ao Rio de Janeiro, pois não perco por nada seus espetáculos. Quem ama a cultura popular tem que conhecer este artista: Antonio Nóbrega é imperdível.
Eu e Dom Ariano Vilar Suassuna - uma história de amor à primeira leitura.
Bem, continuando a minha história, aos 12 anos de idade li um livro para fazer uma peça no Colégio Estadual Sobral Pinto, chamado "O Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna, um escritor para mim, naquela idade, desconhecido. Nunca mais parei de ler Ariano desde então. Apaixonei-me por Chicó, sua língua, seus costumes, suas histórias; pelo "Movimento Armorial", realizando uma arte erudita a partir de raízes populares da nossa cultura; por "D.Diniz Ferreira Quaderna", pela "onça Caetana" e tantos outros personagens - Dom Ariano Vilar Suassuna e foi um divisor de águas em minha vida: ao ler aquele livro com apenas 12 anos não imaginava que, naquele momento, meus caminhos tinham sido traçados. "A Pedra do Reino", posteriormente, tornou-se meu livro de cabeceira - já li umas três vezes. Este ano, no dia 29/05/2007 na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, em comemoração aos 80 anos desse escritor fantástico e carismático que me ensinou, através de sua literatura, a amar a minha língua, minha terra e minha gente, consegui chegar pertinho dele e tirar algumas fotos, dentre elas a que vou postar aqui momentos após ter autografado meu livro "A Pedra do Reino".
Curtindo as férias...
Ontem eu eu meu marido demos um passeio em Petrópolis, era aniversário dele e fomos comemorar naquela pacata cidade. Imagino um dia poder morar num local tão sossegado e agradável como esta cidade imperial. No meio do caminho, ao pararmos para abastecer num posto da Washington Luiz, vi uma cena que não poderia deixar de fotografar, mesmo um pouco sem jeito da janela: um carro antigo estacionado num posto de gasolina. Tirei a foto a ao vê-la, horas depois no computador, percebi que o nome do posto veio a calhar. Muito bom!
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