segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DOM OBÁ - PRÍNCIPE DO POVO.

Nos meados do século XIX a cidade do Rio de Janeiro se tornou a maior metrópole africana do hemisfério ocidental.  Uma grande comunidade negra que revelou como as identidades étnicas de "Nação", criadas pelo tráfico negreiro, eram capazes de ser recriadas pelos africanos a partir da correlação de forças e conquistas dentro deste próprio quilombo urbano.
Este era o tempo em que viveu Cândido da Fonseca Galvão, ou melhor, Dom Obá II D'África, um líder popular afro-brasileiro das ruas do Rio, pioneiro do movimento da negritude e da luta pela igualdade racial no Brasil, que atuou no período de transição da escravidão para a Abolição.
Filho de africanos forros, brasileiro de primeira geração, era, ao mesmo tempo, por direito de sangue, príncipe africano, neto, ao que tudo indica, do poderoso Aláàfin Abiodun, o último soberano a manter unido o grande império de Oyó na segunda metade do século XVIII.
Dom Obá (que quer dizer "rei" em iorubá) nasceu na Vila dos Lençóis, no sertão da Bahia, por volta de 1845.
D. Obá se alistou e lutou na Guerra do Paraguai (1865-70), de onde saiu oficial honorário do Exército brasileiro, por bravura. De volta ao país, fixou residência no Rio, onde era tido pela sociedade de bem como um homem meio amalucado, uma figura folclórica e era, ao mesmo tempo, respeitado e reverenciado como um príncipe real por escravos, esfarrapados, libertos e homens livres de cor que viviam nesta África carioca.
Amigo pessoal do Imperador D. Pedro II, assumiu papel histórico importante no processo de Abolição, pois era o elo entre as elites do poder monárquico e a massas populares.
Dom Obá desenvolveu um pensamento alternativo da sociedade e do próprio processo histórico brasileiro. Talvez pelo conteúdo mesmo de suas idéias, talvez por sua linguagem crioula, dosada com alguns toques de iorubá e mesmo latim. Apesar de seu discurso ter parecido opaco, incompreensível para a elite letrada da época, abolicionistas e a camada popular compartilhavam de suas idéias, que brotavam de dentro das quitandas.
O Príncipe Dom Obá, independentemente de sua linhagem monárquica, tinha posições política bem definidas em prol da igualdade e da justiça social. Contrariou as filosofias evolucionistas e etnocêntricas da ciência com relação ao processo de miscigenação brasileira.
O príncipe ensinou ao negro a orgulhar-se de sua cor e, por não acreditar em superioridades, era "amigo dos” brancos “ e de todos aqueles que tinham a sensatez de compreender que o valor não está na cor.
Na verdade, para Dom Obá, não parece existir exatamente uma "questão racial", mas uma questão de cultura, de informação, de desconhecimento. Portanto, o seu desconsolo com esta nova África, onde ainda há quem cultive as tolices  do preconceito e da desigualdade.

"Sou conservador para conservar o que for bom e liberal para reprimir o preconceito e a injustiça social", disse Dom Obá, um Cidadão Negro Brasileiro.

(Fonte: Nações e a Cultura da Cor)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A LENDA DO BESOURO USADO COMO JÓIA VIVA.



O ano passado, uma mulher tentou entrar nos Estados Unidos, originária do México, com um broche vivo, um besouro cravejado de jóias e ouro preso à roupa  por uma correntinha. O caso ocorreu no posto fronteiriço de Brownsville, no Texas.A tal mulher afirmou ter comprado o broche no México. Apesar de ela ter feito a declaração correta às autoridades americanas, o inseto acabou confiscado por agentes aduaneiros.
Há séculos os besouros costumam ser usados como adorno em algumas regiões do México. Comenta-se que Jackie Kennedy teria usado um broche vivo quando era primeira-dama do EUA. 
Existem algumas lendas que rondam este inseto: no antigo Egito, o escaravelho dourado era um símbolo do deus do Sol. Ele criava o sol nascente, levando-o do horizonte até o seu lugar no céu para que o sol pudesse iluminar o mundo.
Mas a  lenda que originou o adorno  veio da antiga civilização Maia, que conta a história de uma princesa que se apaixonou por um homem com o qual não poderia casar. Tão inconsolável estava, que chorava dia e noite por causa de seu amor proibido. Um xamã, ouvindo seu choro e descobrindo a sua causa, transformou-a num besouro brilhante, uma jóia viva. O seu amado colocou o broche em seu peito. Assim, ela passou a sua vida perto do coração daquele que ela gostava. 

A imagem  é de um broche que hoje em dia ainda é muito vendido na América Central: a de um besouro vivo cravejado de pedras. Ele é preso na roupa, na altura do coração, por um alfinete. Dizem que dura em média 3 anos. É vendido com um pedaço de tronco oco -  seu habitat -  onde retira os nutrientes  necessárias para se alimentar.

ISTO É INCRIVEL !

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A CRIAÇÃO DO MUNDO NUM ENCONTRO DE AMOR ( Lenda Iorubana).



Contam três princesas Iorubás - Ya Calá, Ya Detá, Yá Nassô - que muito antes da Terra surgir, existiam no grande Universo duas grandes dinastias - Ifé (considerada pelos Iorubás "O Berço do Mundo") e Oyó.
Os reis destas dinastias – Odudua em Ifé e Oraniyan em Oyó - foram divinizados por Olorum – o  Senhor Supremo de Orum (o Universo) .
Nas duas cidades, a lenda conta que os dois líderes chegaram da morada de Olorum, trazendo uma substância escura e desconhecida, fornecida pelo Senhor Supremo e a jogaram sobre as águas primitivas formando um pequeno monte de terra sobre o qual pousou uma galinha com penas preto-azuladas e cintilantes, com pintas brancas por todo o corpo que, ao ciscar, espalhava  um monte de terra para Odudua,; originando Ifé e outro monte para Oraniyan; originando Oyó – reinos do céu onde se tornaram governantes absolutos.
E enquanto Odudua e Oraniyan reinavam, Olurum tomou uma importante decisão – a de criar o mundo.  Ordenou, então, a Obatalá, seu filho guerreiro, que rendesse a Bará os tributos devidos e não perdesse tempo e partisse com a missão de criar um mundo onde todos os seres vivessem em perfeito equilíbrio, de acordo com Suas leis.
Olorum entrega a Obatalá o cajado da criação, porém, por causa de sua pressa, parte desprezando o Legbará. Durante o trajeto, parou para beber um pouco de vinho de palmeira e, embriagando-se, adormeceu e perdeu-se do seu destino.
Oduduá, a divina senhora, aproveitando-se da situação, foi ao encontro de Obatalá, que estava num sono profundo, seduziu-o e, apoderando-se de seu mágico cajado, ela começou a transfiguração física da Terra que, no começo, era uma porção de matéria líquida.
Oduduá jogou cinco galinhas d'angola sobre ela e mandou que elas começassem a ciscar para espalhar a terra e formar os continentes.
Mas só existia a terra, Oduduá soltou então pombos brancos e assim nasceu o céu e formou-se o ar.
De um camaleão dourado surgiu o elemento fogo e, com os caracóis, foi formado o grande mar salgado e os rios.
Esses animais foram então associados aos deuses, cada qual com sua simbologia. As galinhas d'angola se tornaram as Iaôs, sacerdotizas dos rituais, os pombos brancos representavam Oxalá, o orixá-rei, o camaleão, os orixás do fogo e dos elementos da terra - Xangô, Iansã e Ogun e os caracóis, os reis do mar e dos peixes Olokum e Iemanjá.
E assim, depois desse encontro de amor de Oduduá e Obatalá, nasce a vida na Terra - a África, a Mãe de todos os seres, o primeiro reino do mundo onde mais tarde as três princesas reinariam com a missão de perpetuarem esta história da Criação.

(Fonte: Nações e Cultura da Cor)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O CHORO DO IPÊ.



Certo dia um caçador muito mau, resolveu acabar com todas as árvores do planeta.

Quando estava preste a cortar o primeiro ipê, um vento estranho e muito forte se aproximou, e como num passe de mágica, uma fada apareceu.
E castigando-o, pela sua maldade, transformou o infeliz caçador em um pé de "Ipê".

Até hoje, nas florestas, quando a noite se cala, pode se escutar o lamento do caçador que chora com saudades da família.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

CRENDICES E SUPERSTIÇÕES AFRICANAS.



1.    Para preservar do mal olhado, as mães usam figas no bracinho das crianças.

2.    Quando nascem dois gêmeos, o que nasce primeiro é feliz, o outro não.

3.     Para curar menino gago, deve-se bater com uma colher de pau na cabeça dele, três vezes, três sextas-feiras seguidas.

4.     Para espantar maus espíritos e afastar mazelas, banho de arruda macerada.

5.     Pé de coelho atrás de portas e janelas para não deixar entrar má-sorte ou mal olhado.

6.     Uma virgem ao apontar para o arco-íris terá sete filhos após casar-se.

7.     Usar artefatos de búzios traz boa sorte e riqueza.

8.     Defumações com cascas de alho e alho seco para proteção contra mazelas, mal-olhados e palavras maldizentes.

9.     Pitar cachimbo à meia-noite para espantar assombrações e espíritos do mal.

10.  Ir aos funerais de branco é pedir luz e paz para o espírito do que se foi.

11.  Nas festas dos orixás usar sempre a cor preferida deles.

12.  Matar a cobra e dar um nó é proteção contra os inimigos.

13. Todos em família devem, ao amanhecer, despertar cantando desejando o bem e a felicidade.

14.  Fazer oferendas aos Deuses para realização dos desejos.

15.  Dançar para os Deuses para adquirir saúde, felicidade e fartura.

16.  O pai deve sempre dividir o primeiro pão com todos os presentes à mesa; isso atrai fartura.

17.   Para uma colheita farta, amarra-se espigas de milho no tronco do baobá.

18.  Com as cinzas de uma fogueira, cobre-se os ninhos no galinheiro para que as aves ponham ovos grandes e saudáveis.

19.  Soltar sete pombas brancas durante sete domingos seguidos para trazer casamento ou boa sorte.

20.  Para abençoar a nova casa, lavá-la com uma mistura de água limpa, mel, arruda e erva – da – guiné.

21.  No sétimo dia após o nascimento, o bebê não pode sair de casa, para não pegar o "mal-de-sete-dias".

22.  Guardar o umbigo do bebê que cai, pois, se um rato comê-lo, o bebê vira ladrão.

23.  Jogar areia pra cima às seis da tarde faz a areia transformar-se em gotas de chuva para acabar com a seca.

24.   Assoviar à noite é chamar a morte.

25.  Quebrar uma moringa cheia é falta d’água e comida na certa.

26.  Após o ritual de um casamento, os pais dos noivos espalham grãos pela casa deles para que tenham fertilidade e fartura.

27.  Dar de frente com um sapo à sua porta, morrerá alguém em sua família.

28.  Usar presas de animais em colares protege da morte.

29. Quando se recebe um visitante, dê-lhe de comer e beber. Os deuses se sentem agradecidos.

30.   A virgem que comer o último pedaço ou bocado, nunca se casará.

31.  Para tirar encosto, usar galhos de arruda nos sapatos e nos bolsos durante a lua minguante.

32.  Jogar sal no fogo afasta as pessoas indesejáveis.

33.  Deixar cair a colher de pau, depois de mexer o mingau, é desgraça na família.

34.  Tomar banho da primeira chuva após a longa seca traz longevidade.

35.  A virgem que dormir de bruços em noite de lua cheia ficará estéril.

36. Garras de caranguejo na porta de entrada afasta a inveja.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DIA DE SÃO VALENTIM.



Era uma vez um imperador que proibiu o casamento, acreditando que assim seu exército ficaria maior e mais poderoso. Só que tinha uma pessoa que ainda acreditava no amor: São Valentim. Ele continuou celebrando casamentos mesmo com a proibição, até que foi condenado à morte.
A história pode até ser triste, mas São Valentim é o grande responsável pela data mais romântica do ano: o Valentine’s Day, ou o dia de São Valentim, comemorado em 14 de fevereiro.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

IEMANJÁ, A RAINHA DO MAR.

Para os iorubás tradicionais e os seguidores de sua religião nas Américas, orixás são deuses que receberam de Olodumare ou Olorum, a incumbência de criar e governar o mundo, ficando cada um deles responsável por alguns aspectos da natureza e certas dimensões da vida em sociedade e da condição humana.
Iemanjá, a senhora das grande águas,mãe dos deuses, dos homens e dos peixes, aquela que rege o equilíbrio emocional e a loucura, talvez o orixá mais conhecido no Brasil. É uma das mães primordiais e está presente em muitos mitos que falam da criação do mundo. 
No Brasil, ganhou soberania dos mares e dos oceanos, regidos na África por Olocum, orixá esquecido no Brasil. Também no mar é Ajê Xalugá, de culto inexistente no Brasil, mas lembrada em candomblés que cultivam a busca de raízes culturais, antigo orixá regente da conquista da riqueza, da prosperidade material, dos negócios lucrativos.
O culto a Iemanjá na África está associado ao rio Níger e pode ser observado no âmbito da celebração de divindades femininas primordiais, as Iá Mi Oxorongá, literalmente, nossas mães ancestrais, donas de todo conhecimento e senhoras do feitiço, representantes da ancestralidade feminina da humanidade, as nossas maãs feiticeiras, que entre nós são lembradas muito discretamente em ritos aos antepassados celebrados em velhos candomblés.
Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 2 de Fevereiro, uma das maiores festas do país em homenagem à  Nossa Senhora dos Navegantes, a "Rainha do Mar" ( no Candomblé ). A celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de branco, saem em procissão até ao templo-mor, localizado próximo à foz do rio Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais como espelhos, bijuterias, comidas, perfumes e toda sorte de agrados.
Outra festa importante dedicada a Iemanjá ( na Umbanda ) ocorre durante a passagem de ano no Rio de Janeiro. Milhares de pessoas comparecem e depositam no mar oferendas para a divindade. A celebração também inclui o tradicional "banho de pipoca" e as sete ondas que os fiéis, ou até mesmo seguidores de outras religiões, pulam como forma de pedir sorte à Orixá.
Então, o que está esperando? 
Faça o seu pedido e coloque no barquinho.

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Segundo a lenda, Olodumare-Olofim vivia só no Infinito, cercado apenas de fogo, chama e vapores, onde quase nem  podia caminhar. Cansado desse seu universo tenebroso, cansado de não ter com quem brigar, decidiu pôr fim àquela situação.Libertou as suas forças e a violência delas fez jorrar uma tormenta de águas. As águas debateram-se com rochas que nasciam e abriram no chão profundas e grandes cavidades. A água encheu as fendas ocas, fazendo-se mares e oceanos, em cujas profundezas Olocum foi habitar. 
Do que sobrou da inundação se feza terra. Na superfície do mar, junto à terra, ali tomou seu reino Iemanjá, com suas algas e estrelas-do-mar, peixes, corais, conchas, madrepérolas. Ali nasceu Iemanjá em prata e azul, coroaca pelo arco-íris, mãe dos orixás, denominaram o fogo no fundo da Terra e o entregaram ao poder de Aganju, o mestre dos vulcões, por onde ainda respira o fogo aprisionado.
O fogo se consumia na superfície do mundo eles apagaram e com suas cinzas Orixá Ocô fertilizou os campos, propiciando o nascimento das ervas, frutos, árvores, bosques, florestas, que foram dados aos cuidados de Ossaim.
Nos lugares onde as cinzas foram escassas, nasceram os pântanos e nos pântanos, a peste, que foi doada pela mãe dos oriixás ao filho Omulu. Iemanjá encantou-se com a Terra e a enfeitou com os rios, cascatas e lagoas. 
Assim surgiu Oxum, dona das águas doces. Quando tudo estava feito e cada natureza se encontrava na posse de um dos filhos de Iemanjá, Obatalá, respondendo diretamente às ordem de Olorum, criou o ser humano. E do ser humano povoou a Terra.
E os orixás pelos humanos foram celebrados.

(Fonte: Prandi, Reginaldo in Mitologia dos Orixás)

Desconheço a autoria das fotos.

 Salve Odôyabá! Odó Iyá ! 
HOJE É O SEU DIA.