terça-feira, 14 de agosto de 2007

O tempo é como a água escorrendo pela mão.


Não sou fotógrafa profissional, gostaria até de ser um dia. Quem sabe se a grana, daqui pra frente vai me permitir estudar pra isso.Quando estou por ai, "sem lenço e sem documento" ajo como tal: pego meu humilde equipamento e saio fotografando. E quando me deparo com uma imagem dessas, não tem como abrir o meu coração voltar na infância, lá num lugarzinho chamado Itacuruçá, próximo à Itaguaí, Coroa Grande, onde passei parte da minha infância e adolescência. O acesso até lá era bastante precário, levávamos horas para chegar por causa da estrada de barro, por isso optávamos pelo trem, o famoso "macaquinho" puxado pela Maria Fumaça, que apanhávamos na Leopoldina.O curioso é que a luz não havia chegado naquela localidade quando meus avós compraram uma casa bem próximo onde passava um rio. As coisas funcionavam a base de querosene.Para andar de bicicleta na cidade a noite, tínhamos que levar uma lanterna, isso acarretava inúmeros tombos, indo curar nossas feridas na beirada da praia, jogando água de sal para que nossos pais não vissem e brigassem. A maldade do ser humano não era tão explícita, não lembro de ter passado por qualquer situação constrangedora. Éramos criança e agíamos como tal. Banhos de rio, de mar, andar de bicicleta, de barco ( de manhãzinha ajudávamos os pescadores a puxar as redes e no fim da tarde, ficávamos no cais esperando o barco de banana atracar, ganhávamos um cacho que era distribuído entre os moradores no meio do caminho); promovíamos aos sábados, com as famosas "vitrolas steriofônicas", Hi-Fi com música dos Beatles - a última moda : namoro só de mãos dadas e olhe lá, beijinho nem pensar; catávamos no mato lágrimas de nossa senhora para fazer a fantasia do carnaval. Esse sim era muito esperado por todos, brincávamos fantasiados o dia inteiro, mas quando a noite caía, criança não podia estar na rua, era hora dos adultos fazerem a sua festa. Bem mais tarde, já casada, no final da vida de meus avós, os filhos venderam a casa para que eles fossem passar um ano em Portugal. Nunca mais voltei ou encontrei qualquer um daqueles amigos, mas as lembranças continuam vivas e a saudade daquele tempo mais ainda.

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