quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A TRISTE SINA DO BARBA-RUIVA.


 Num pequeno povoado pertinho da lagoa de Paranaguá, no Piauí, vivia uma senhora com suas três filhas. A mais nova das moças namorava um jovem que lhe prometera casamento, e em que ela depositara toda sua esperança de felicidade.Um dia, a moça sentiu que estava grávida. 
Tudo bem, se não fosse o jovem ter ido trabalhar em outras terras e nunca mais ter voltado.  Talvez tenha morrido, talvez tenha mandado uma carta que nunca chegou, talvez, isto, talvez, aquilo... 
A verdade é que a moça viu que teria o filho sozinha.
    Ela passou a viver muito triste pela ausência de seu amor, e também muito envergonhada. Como havia de enfrentar os vizinhos sendo mãe solteira? Naquele tempo, era um escândalo uma moça ter um filho sem ser casada...
    Depois de muito refletir, decidiu que, assim  que o bebê nascesse, ela o colocaria dentro de uma bacia de cobre e o jogaria nas águas do rio. E foi o que fez logo que o menino nasceu.
    Atenta a tudo que acontece nos seus domínios, a mãe-d’água ficou indignada com a atitude da jovem mãe.  Como podia ela entregar o filho recém-nascido ao reino das águas? Então pegou o menino em seus braços e levou-o com ela.
    Mas estava tão furiosa, que as águas se revoltaram, fizeram ondas enormes e alagaram as margens, engolindo as árvores, e se estenderam tanto pela terra, mas tanto, que o rio transformou-se numa lagoa cristalina com um imenso espelho de 15 quilômetros de largura.
Foi assim que, da ira da mãe- d’água, formou-se a belíssima e vasta Lagoa de Paranaguá.
    Mas a mãe do bebê não podia esquecer seu filhinho. Vivia amargurada com sua atitude. Ah, se pudesse saber onde estava o seu menino, e o que lhe acontecera!... Noite após noite, ela ia até a beira da lagoa e ali ficava de olhar parado sobre as águas, na esperança de que a luz do luar indicasse onde ele estaria. Porém o luar nada lhe dizia, nada lhe mostrava. Contudo, se seus olhos nenhum sinal podiam descobrir, seus ouvidos podiam perceber o som estranho vindo do fundo da lagoa, um choro de criança novinha, parecia um bebê querendo mamar.
    O caso começou a ser falado e comentado; todos queriam ouvir o choro que vinha das águas. Mas, pouco a pouco, as pessoas foram se afastando daquele lugar e ninguém mais quis construir casa perto da lagoa. É que achavam muito triste ouvir, uma noite atrás da outra, o choro de uma criança novinha.
    E assim os dias foram se seguindo às noites, no permanente passar do tempo, até que uma noite o bebê deixou de ser ouvido. Estaria o encanto terminado? Todo mundo começou a se aproximar cada vez mais da lagoa.
    Ora, numa certa manhã, as moças que costumavam vir ali lavar roupa viram surgir das águas a figura de um menino, que sorria para elas um sorriso alegre como só os bebês têm. Tomaram um susto tão  grande , que fugiram largando a roupa lá, e só voltaram à tarde. Aí, no mesmo lugar, a figura surgiu novamente, só que agora era de um moço bonito, de barba ruiva, que correu para abraçá-las. Mais um susto e mais uma corrida  para bem longe dali. Quando caiu à noite,  as moças voltaram para buscar a roupa, certas de que não teriam mais nenhuma visão. Mas... eis que de, novo, no mesmo lugar,  elas vêem aparecer a mesma figura, desta vez com um homem  de barba ruiva.
    Desde esse dia, muitas pessoas já o viram e, curiosamente, ele não quer conversa com os homens, mas quando vê uma moça corre para ela -  não para fazer mal,  somente para abraçá-la e beijá-la.  Como não sabem as suas intenções, as moças têm medo de Barba-Ruiva e não se atrevem a itr lavar roupa sozinhas.
    Pobre Barba-Ruiva! Só está em busca de carinho e de alguém que quebre o seu encanto. Como isso pode acontecer? Bem, é preciso que surja uma mulher  corajosa, que não tenha medo de se aproximar de Barba-Ruiva e jogar água benta sobre sua cabeça. No dia em que isso acontecer, Barba-Ruiva voltará a ser gente,  como deveria ser desde que nasceu.
    Onde estará a mulher, jovem ou não, que seja decidida e corajosa o bastante para desencantá-lo? Pelo visto ainda não nasceu.
    Enquanto isso, o Barba-Ruiva continua seguindo a sua sina pelas águas espelhadas da Lagoa de Paranaguá.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O GUERREIRO DO MONTE RORAIMA.




Nas terras de Roraima havia uma montanha muito alta, onde um lago cristalino era expectador do triste amor entre o Sol e a Lua. Por motivos óbvios, nunca os dois apaixonados conseguiam se encontrar para vivenciar aquele amor. 
Quando o Sol subia no horizonte, a lua já descia para se pôr. E vice-versa. Por milhões e milhões de anos foi assim. 
Até que um dia, a natureza preparou um eclipse para que os dois finalmente se encontrassem. O plano deu certo. A Lua e o Sol se cruzaram no céu. As franjas de luz do sol ao redor da lua se espelharam nas águas do lago cristalino da montanha e fecundaram suas águas fazendo nascer Macunaíma, o alegre curumim do Monte Roraima.


Com o passar do tempo, Macunaíma cresceu e se transformou num guerreiro entre os índios Macuxi. Bem próximo do Monte Roraima havia uma árvore chamada de "Árvore de Todos os Frutos" porque dela brotavam ao mesmo tempo bananas, abacaxis, tucumãs, açaís e todas as outras deliciosas frutas que existem. Apenas Macunaíma tinha autoridade para colher as frutas e dividi-las entre os seus de forma igualitária.

Mas nem tudo poderia ser tão perfeito. Passadas algumas luas, a ambição e a inveja tomariam conta de alguns corações na tribo. Alguns índios mais afoitos subiram na árvore, derrubaram-lhe todos os frutos e quebraram vários galhos para plantar e fazer nascer mais árvores iguais àquela.

A grande "Árvore de Todos os Frutos" morreu e Macunaíma foi obrigado a castigar os culpados. O herói lançou fogo sobre toda a floresta e fez com que as árvores virassem pedra. A tribo entrou em caos e seus habitantes tiveram que fugir. 
Eu soube que até hoje, o espírito de Macunaíma vive no Monte Roraima a chorar pela morte da "Árvore de todos os frutos".

Saudações Florestais !

domingo, 27 de setembro de 2009

A IMPORTÂNCIA DO PAU-BRASIL.

Eu ouvi dizer que o Pau-Brasil foi o primeiro empreendimento de exploração econômica no Brasil. Essa madeira já era conhecida  pelos europeus, que a utilizavam como corante  na indústria têxtil: até então, o produto vinha do Oriente.
Foi, pois, dessa árvore de que se extraía uma tintura vermelha, que a população nativa já usava  para tingimento de fibras do algodão, que se derivou o nome "Brasil", embora a discussão  sobre a origem do nome esteja longe do fim.
O então rei de Portugal firma um contrato com os mercadores para a exploração da madeira nas novas terras. Em troca,  eles deveriam enviar navios ao Brasil, construir e manter aqui uma fortaleza, e pagar impostos à Coroa. Assim nesceram os "brasileiros", nome dado aos comerciantes do pau-brasil.
O escambo foi uma das maneiras utilizadas  para explorar o trabalho indígena na extração da madeira.
Na base da troca de miçangas, tecidos e roupas, canivetes, facas e  outros objetos, os nativos derrubavam as árvores, obtinham as toras e armazenavam nas feitorias.
O Pau-Brasil ocupou o centro da história brasileira durante  todo o primeiro século da colonização. Abundante na época da chegada dos portugueses e hoje quase extinta, atualmente só é encontrada  em jardins botânicos e em parques nacionais, plantada vez por outra em cerimônias patrióticas.
 
O Brasil deve igualmente ao Pau-Brasil uma das suas principais masnifestações artísticas. Oswald de Andrade, no que denominou "Manifesto  Pau-Brasil", publicado em 18 de março de 1924 no Correio da Manhã do Rio de Janeiro, deu nova dimensão à arte brasileira, contrastando, sem rejeitar o internacionalismo, o Brasil mulato e tropical com o da indústria moderna.
"(...) A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
Nenhuma fórmula para a  contemporânea expressão  do mundo. Ver com os olhos livres.
Temos a base dupla e presente - a floresta e a escola. A raça crédula e dualista  e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva- doce. Um misto de "dorme-nenê que o bicho vai pegá" e de equações.
Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem eprder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
(...) Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."
- Oswald de Andrade-
(Correio da Manhã, 18 de março de 1924).


Mas, ninguém mais do que  Tarsila do Amaral expressou melhor a Pintura Pau-Brasil, redescobrindo com sua arte o passado colonial brasileiro.À frente dos Modernistas, Tarsila liderou o movimento que em 1928 ficou mundialmente conhecido como Movimento Antropofágico.


Esta nação, que tem a maior biodiversidade do mundo, cujo nome veio de uma árvore, foi motivo da devastação de um dos mais ricos ecossistemas do planeta e deve, para não deixar repetir o que aconteceu no passado, fazer cumprir a legislação ambiental, para que o potencial de suas florestas não continue sendo explorado irracionalmente.



Saudações Florestais !

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O GUARANÁ.

TOADA:


Os Pajés arrancaram e plantaram os olhos do Curumim morto. E durante quatro luas os guardas da preciosa sementeira, velaram e regaram a terra com lágrimas. Uma nova planta surgiu, travessa como os Curumins, procurando subir nas árvores próximas, das hastes escuras e sulcadas, como os músculos dos guerreiros. E quando frutificou, seus frutos de negro azeviche envoltos no aro branco e embutidos em duas cápsulas vermelho-vivo, eram sem dúvida, a multiplicação milagrosa dos olhos do pequeno Príncipe Maué.


A nova planta trouxe realmente progresso para a tribo pelo abundante comércio de seus grãos. E os sábios confirmaram a lenda: o guaraná, como foi chamado, fortalece os fracos, conserva o jovem e rejuvenesce o velho.
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A LENDA:

Um casal de índios pertencentes a tribo Maués, viviam juntos por muitos anos sem ter filhos, mas desejavam muito serem agraciados com um curumim. Um dia os dois pediram a Tupã para dar a eles uma criança afim de completar aquela felicidade. Tupã, o rei dos deuses, sabendo que o casal era cheio de bondade no coração,  atendeu-lhes o desejo trazendo um lindo menino.

O tempo passou rapidamente e o menino cresceu bonito, generoso e bom. No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino e da paz e felicidade que ele transmitia, e decidiu ceifar aquela vida em flor.

Numa bela manhã de sol. o menino foi coletar frutos na floresta e Jurupari  aproveitando-se da ocasião, lançou a sua vingança. Ele se transformou em uma serpente venenosa e mordeu a criança, matando-o instantaneamente.

A triste notícia se espalhou rapidamente. Neste momento, trovões ecoaram e fortes relâmpagos caíram pela aldeia. A mãe, que chorava em desespero, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que ela deveria plantar os olhos da criança e que deles uma nova planta cresceria dando saborosos frutos.

Os índios obedeceram aos pedidos da mãe e plantaram os olhos do menino. Neste lugar cresceu o guaraná, cujas sementes são negras, cada uma com um arilo em seu redor, imitando os olhos humanos.

( Fonte de Pesquisa: Festa de Parintins.)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

VOCÊ VIU O CARUARA POR AI ?

A mitologia indígena é repleta de seres fantásticos, muitos deles trazendo as forças da natureza, benéficas ou malignas.
As lendas indígenas procuram, através de simplicidade, explicar a origem das tribos, das árvores, da floresta, das plantas comestíveis, tudo sintetizado de forma que se possa, objetivamente, transmitir a beleza das tradições e dos ritos que elas geram. 
Hoje eu trouxe para vocês a lenda do Caruara ou Caroara. Ele é um doende invisível, uma espécie de bicho fantástico amazônico que inspira muito medo entre a população local. Em geral aparece nos quintais e capoeiras .
É extremamente perigoso para as mulheres mestruadas, que nessa condição, evitam andar pelos quintais ou atravessar as trilhas que dão nas roças ou nos caminhos para apanhar água.
O cheiro da mulher nesse estado atrai o Caruara e sua mãe, que procuram atingir sua vítima  com uma flexada.
Os efeitos dessas flexadas são semelhantes aos do reumatismo: aparecem dores horríveis pelo corpo, inchações nos membros e nas articulações.
Aos homens essa criatura não representa qualquer perigo.
No norte do Brasil o Caruara é responsável por uma moléstia que ataca o gado, trazendo-lhes inchações, paralisia nas pernas e corrimentos.
Com o mesmo nome se conhece uma espécie de formiga que dá nas árvores, cuja mordedura coça como sarna.
E segundo me contaram, Caruara também uma espécie de abelha, cujo mel é nocivo.

SER BOTAFOGO É...

Meus queridos amigos leitores,

Hoje vocês vão me perdoar - a carne é fraca -, mas não poderia deixar de homenagear ( o que é bonito é para ser compartilhado, não é verdade ? ) o meu time do coração com esse belíssimo jogo de palavras, uma declaração de amor, um verdadeiro poema escrito pelo meu ex-professora Artur da Távola.
Tive o prazer de ser sua aluna por ocasião da faculdade de jornalismo que fiz pelos idos de 1978.
Eu se fosse vocês, assistia o vídeo ( na voz de Edson Celulari ), cujo link está no final da página e mudaria imediatamente de lado.
É por isso que digo:

...e ninguém cala, 
esse nosso amor.
E é por isso 
que eu canto assim
É POR TI FOGO !

Saudações Alvinegras !
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Ser Botafogo é possuir uma espada de fogo e luz para enfrentar, iluminar e desbravar. É apreciar claras definições e alternativas extremas: a do branco e do negro. É ser súbito, safo, seguro de si. É saber o que quer e querer o que sabe.

É ser estrela, solitária ou solidária, é tomar partido, ousar e desbravar. Ser Botafogo mistura nobreza sem aristocracia com popularidade sem demagogia. É furar, varar, ultrapassar, chegar, enfrentar pedradas, tormentas e adversidades e sempre conhecer a melhor matéria do próprio sonho.

É insistir e crer onde os fracos desistem. É sobranceira, guerra, gorro, rasgo, Biriba, Carlito Rocha, Macaé e superstição. É adorar o embate para torrar e moer a emoção.

Ser Botafogo é clarão do alto da montanha, é esquina carioca, atrito, vontade de "saldanhar" a opressão, é águia, água-forte, firmeza, mais ciência e fúria que pausa ou vacilação.

Ser Botafogo é "garrinchar" a vida com a elegância de um Nilton Santos e as peraltices de Quarentinha. É gostar de peleja, vitalidade, capacidade de decidir, autenticidade, batida de limão, filé com fritas, passear na chuva, sanduíche de mortadela, filme de heroísmo, goleiro valente, contrastes intensos; é curar gripe com alho, mel e agrião.

Ser Botafogo é saber discordar da desconfiança. É deprimir-se e recolher-se até voltar a labareda. Aí é bater de frente, olhar firme, detestar receio, medo, pântano, mentira e derrisão. É conhecer o risco e ousá-lo e tudo fazer com categoria e vontade de viver. É vencer.

Ser Botafogo é não desistir de insistir, de teimar e buscar. É faca, fato, feito, festa, furor. Queimadura.

Ser Botafogo é buscar a forma nobre de competir e saber empunhar a estrela da vitória maior. É fazer da vida festa e furacão; flor e labareda; esperança e realização.


( Artur da Távola )


Assista ao vídeo:

 http://www.youtube.com/watch?v=CZeEtl9geLU


 

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

NAIA - O GUERREIRO LUA E A VITÓRIA RÉGIA.


(uma lenda indígena tupi-guarani).

Para os índios brasileiros, a Lua é um Guerreiro Celeste.

Conta uma conhecida lenda indígena brasileira, que a Lua é um Guerreiro Celestial, que vem à Terra na noite de Lua Cheia, para escolher entre as índias virgens da aldeia, aquela com quem irá casar-se. As índias escolhidas, ao casarem com o Lua (Jaci), transformavam-se em estrelas no céu.

Naiá, enamorada e atraída pela beleza e luz do grande guerreiro celeste, recusava-se a aceitar propostas de casamento de outros guerreiros. Ela queria o seu lugar de luz no firmamento ao lado de Jaci.

Mas o guerreiro Lua, sempre tão distante, parecia ignorá-la. Todos os meses, na ocasião da Lua Cheia, Naiá enfeitava-se para vê-lo aparecer no horizonte oposto ao pôr do Sol, e esperava até o amanhecer do dia seguinte para sair correndo no sentido contrário, onde o guerreiro desceria do céu para a Terra, na esperança de que iria desposá-la. Mas nada. Corria de um lado para o outro por entre as matas para encontrá-lo e abraçá-lo. Mas o guerreiro parecia estar tão frio, insensível. Então ela resolveu subir a mais alta montanha, para tentar alcançá-lo lá no céu. Porém quanto mais alto subia, mais distante o Lua ficava.

Cansada de tanto buscar, já fraca e adoecida, a índia deitou-se lá no alto, ao lado de um igarapé, um pequeno curso de águas que corria para um lago e adormeceu. Quando acordou Naiá viu, por entre as copas das gigantescas árvores da floresta, a imagem do Guerreiro Lua projetada nas águas do lago. E, arrebatada em luz, num só impulso, não hesitou, exultante mergulhou nas águas profundas do lago! E desceu, desceu, desceu tanto, que até esqueceu-se de si mesma, e de que talvez não fosse mais capaz de voltar... Desceu até o fundo das águas para abraçar e fundir-se com o Lua, e lá encontrar sua Vitória...

Mas, ao invés de tornar-se mais uma estrela no céu, Naiá transforma-se na única e mais linda estrela das águas: - Vitória Régia! A Rainha das Águas, a formosa planta aquática da Amazônia que em forma de coração flutua tranquila sobre as águas dos lagos e igarapés, para se abrir em flores perfumadas, a receber a luz do Guerreiro Celeste toda noite de Lua Cheia.

Contaram para mim em segredo, que o bulbo daquela flor oferece um poderoso remédio, quando associado a outras ervas, e tomado pelas índias, em épocas determinadas, para cura natural de problemas de infertilidade; porém é preciso cuidado, muito jeito e sensibilidade, ao pegá-la. É linda, poderosa, cheirosa, mas tem espinhos e sabe se defender.



terça-feira, 22 de setembro de 2009

"FAMILIÁ", O DIABINHO DA GARRAFA.

"Familiá", nos sertões mineiros, é o mesmo que "diabinho familiar" onde as crônicas de Portugal nos contam  que São Cipriano ( feiticeiro afamado que depois se converteu ao cristianismo ) ensinava como fazê-lo, com os olhos de um gato preto colocados dentro de um ovo de galinha preta e posto para chocar na esterqueira.
Essa lenda logo chegou ao Brasil e, em 1591, já era assinalada sua presença  na Bahia.
O nome na viagem através do tempo, deixou de ser " diabinho familiar" para se tornar "famaliá".
O capetinha conservado dentro de uma garrafa, é figurinha fácil de se encontrar nas feiras norte-nordestinas, comprado pela gente simples como curiosidade ou  até mesmo como amuleto.
Vimos recentemente esta mesma lenda sendo recontada na novela "Paraíso", da Rede Globo de Televisão, onde a personagem Sr. Eleutério (interpretado por Reginaldo Farias) , mantem um "familiá" guardado no fundo de sua gaveta como um amuleto, atribuindo a ele toda riqueza que acumulou no decorrer dos anos.
Mesmo sendo combatido pelos religiosos de todas as denominações, o mito resiste bravamente até os dias de hoje, dizem que é por conta da força do diabinho.

Quem sabe ?
 
Eu ouvi dizer  que o "Familiá" é fruto de um pacto, que o senso comum afirma  que pode  ser feito  com o diabo. Este pacto consiste, na maioria das vezes  de uma troca: a pessoa pede riqueza em troca da alma ao cramunhãozinho. 
Para se fazer um, deve-se matar um gato preto, tirar-lhe os olhos e colocar cada um dentro de um ovo de galinha preta, guardando tudo dentro de estrume equino.
Passado um mês, nascerá o diabinho, sempre em forma de pequeno lagarto que deverá ser alimentado com ferro ou aço moído.
Os possuidores do "Famaliá" terão muito poder e, se você pedir, poderá arranjar-lhe dinheiro em qualquer quantidade.
Só que  tudo nessa vida tem seu preço, não é verdade ?

E  no final das contas a  pessoa já terá o seu  lugar no inferno, juntinho ao capiroto.

Duvida ?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

TUDO PELO VERDE.

"As árvores são fáceis de achar
Ficam plantadas no chão
mamando do sol pelas folhas E pela terra.
Também bebem á água, cantam no vento
E recebem a chuva de galhos abertos"


(As Árvores - Arnaldo Antunes e Jorge Ben Jor)


Elas nos alimentam com seus frutos, nos protegem sob suas copas, nos encantam som suas flores. Resistem ao vento, acolhem os humores do clima, recebem o rigor da tempestade e a crueldade das motosserras. São as mães da natureza. Guarde sempre um minuto para celebrar a beleza e o poder dessas criaturas que representam a generozidade da criação. Muito se fala da necessidade de preservar a Amazônia, o que é fundamental. Não se pode esquecer, porém, das urgências do ambiente urbano, que concentra hoje a maioria da população, em todo mundo.
A beleza de uma árvore florida toma conta dos olhos e da alma.
É impossível não se emocionar.

Eu amo as árvores.

O mundo depende das árvores para manter o ciclo das águas, a temperatura, o estoque de alimentos e a estabilidade ecológica.

Quem ama cuida.


"O homem, a fera e
o inseto à sombra
delas vivem, livres
da fome e de fadigas, e em seus
galhos abrigam-se
as cantigas
e os amores das aves tagarelas"


(Velhas Árvores - Olavo Bilac )




 Saudações Florestais !

domingo, 20 de setembro de 2009

E LÁ VEM O PEDRO MALAZARTES.

Um casal de velhos possuía dois filhos homens, João e Pedro, este tão astucioso e vadio que o chamaram Pedro MalazarteS.
Como era gente pobre, o filho mais velho saiu para ganhar a vida, largou a casa indo correr o  mundo.
Logo no primeiro dia encontrou um urubu com uma perna e uma asa quebradas, batendo no meio da estrada. Mais que depressa, agarrou o urubu e meteu-o dentro de um saco, seguindo caminho.
Ao anoitecer estava diante de uma casa grande e bonita, alpendrada. pela janela viu uma mulher guardando vários pratos de comidas saborosas e garrafas de vinho.
Bateu e pediu abrigo mas a mulher recusou, dizendo que não estava em casa o marido e ficava feio um homem de portas adentro.
MalazarteS foi para debaixo de uma árvore e reparou na chegada de um rapaz, ainda moço, recebido com agrados pela dona de casa que o levou imediatamemnte para jantar.
Iam os dois começando a refeição quando o dono da casa apareceu montado num cavalo alazão. O rapaz pulou uma janela e fugiu.
Malazarte deu tempo para o dono da casa mudar o traje e tornou a bater pedindo abrigo e comida. O dono apareceu e mandou-o entrar, lavar as mãos e ir jantar com ele.
Só que a comida que apareceu era outra, bem pobre e malfeita. Malazarte sempre com o urubu dentro do saco, deu com o pé, fazendo-o roncar, começou a falar, baixinho, como se estivesse discutindo.
- Com quem está falando? - perguntou o dono da casa.
- Com esse urubu.
- Urubu falando ?
- Sim, senhor, falando e adivinhando. Esse urubu é ensinado a adivinhar.
- E o que ele está adivinhando agora ?
- Está me dizendo  que naquele armário há um peru assado, arroz de forno, bolo de milho e três garrafas de vinho.
Não diga... Procura aí, mulher !
A mulhger procurou e, fingindo-se assombrada pela surpresa, encontrou tudo quanto anunciara o urubu e trouxe os pratos e o vinho para a mesa.
Comeram fartamente e o dono quis comprar o urubu.
Pela manhã Malazarte, muito contrariado, aceitou o dinheiro alto e foi embora, deixando o urubu que nunca mais adivinhou coisa alguma.

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Pedro Malasartes é o herói preferido da gente simples, quase sempre contra os mais ricos e poderosos.  Tradicionalmente esperto, escorregadio, pai de todas as artimanhas, engsnos, seduções e astúcias, é de se ver como homam do povo, simples, crédulo e humilde, adora ouvir suas histórias.
Vinga-se o popular da sua posição subalterna vendo o personagem sair sempre ganhando, por sua astúcia e por suas artes, dos que lhes são superiores.
Uma espécie de Robin Hood sem armas. Não é criação brasileira, apesar de estar espalhado por todo Brasil. É pesonagem universal, praticamente de todos os países, em todas as épocas.
Há até versões ambiciosas, literárias e intelectuais, como, por exemplo, Pedro de Urdemalas, de Cervantes.
Um estudioso reuniu 318 histórias  e variantes com o personagem, mas este número pode ser infindo, pois sempre que se conta uma história  de algum esperto levando vantagem contra alguém,  logo essa história aparece mais adiante  como "mais uma  do Pedro Malasartes".


E quem não conhece a famosa sopa de pedra de Malasartes ?
Só ele tem a receita.


 "Minha sopa de pedra
tem melhor sabor...
Boto legume da horta,
só pra dar cor...
Verdura fresquinha,
um bocadinho só...
Boto água do rio,
prá ficar melhor."

sábado, 19 de setembro de 2009

A MÃE D'ÁGUA.


Mãe D'Àgua é  uma sereia que habita fundo do Rio São Francisco.
Para os barqueiros o  rio dorme quando é meia-noite, permanecendo adormecido por dois ou três minutos. É momento de silêncio:
ele pára de correr e as cachoeiras de cair. Os peixes se deitam no fundo do rio, as cobras perdem o veneno e a Mãe D’Água sai da sua morada e vem para fora, procurando uma canoa ou uma pedra para ela se sentar e pentear seus longos cabelos.
Nesse instante, as pessoas que morreram afogadas saem do fundo das águas e seguem rumo às as estrelas.
Quem se encontra no rio à meia-noite, todo o cuidado é pouco para não despertá-lo.
Se um barqueiro sente sede, antes de pegar a água, joga nele um pedacinho de madeira. E se a madeira ficar parada, é hora de esperar... não convém acordar o rio: quem o fizer, poderá ser castigado pela Mãe D’Água, pelo Caboclo D'Água, pelos peixes, pelas cobras e pelos afogados, que não podem alcançar as estrelas.



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A LENDA DA SAMAMBAIA - AÇU.



Eu ouvi dizer que a samambaia-açu, é uma planta  que nasce nas florestas virgens, cuja fruta amadurece e cai nas sextas-feiras santas, à meia-noite.

Quem dela se apossar obterá riquezas, muitas riquezas. Porém, é preciso ser dotado de muita bravura, pois ela pertence ao Diabo, que, nesse dia, aguarda na espreita o seu amadurecimento para levá-lo consigo.

Quem ambicionar que cave o solo, em torno da árvore, desenhando o signo-de-são-salomão de sete cruzes e se coloque dentro do desenho, para se livrar das garras do tinhoso, que se enfurece por não conseguir colher a fruta talismã.

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A samambaia-açu é uma espécie em extinção. Antigamente era usada para fabricar vasos e comercializada com o nome de "xaxim". 
Atualmente sua extração está proibida pelo IBAMA.

A LENDA DO MILHO.

 Há muitos e muitos anos, na época dos bisavós de seus bisavós, havia uma grande tribo cujo chefe era um velho índio.

Era um índio muito bom e que estava sempre preocupado com a felicidade da sua tribo.

Um dia, sentindo-se muito cansado e doente, pressentindo que estava para morrer, chamou os seus filhos e disse-lhes:
- Quando eu morrer, quero ser enterrado no meio da oca.Três dias depois de me enterrarem, surgirá de minha cova uma planta bem viçosa que depois de algum tempo produzirá muitas sementes. Quando virem a planta crescer e as lindas espigas aparecerem, não as comam, guardem-nas e plante-as.

Os dias se passaram, o velho índio morreu e os filhos fizeram-lhe tal qual o pai ordenara.

E como o velho índio dissera, surgiu de sua cova uma linda planta com belas espigas cheias de grãos dourados.

Os índios ficaram contentes, a tribo enriqueceu e passaram então a cultivar o milho com muito carinho.

E foi desse jeito que eu ouvi dizer.



quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A LENDA DOS JOGOS SOBRENATURAIS.



Existem muitos mistérios entre o céu e a Terra que são desconhecidos aos homens, e que geram muitas curiosidades e em alguns o medo. 
Ao longo do tempo o ser humano passou a buscar a compreensão daquilo que não tinha explicação aos olhos dos homens, uma das maneiras encontradas foi a oração, que era uma forma de obter respostas.

A oração é vista como uma forma de diálogo entre uma pessoa e Deus, o que é explicado em passagens da bíblia. Mas há pessoas que acreditam nos poderes e na existência de outros espíritos, e para entrar em contato com esses e obter respostas a oração não era um meio mais utilizado, daí surgiram os jogos sobrenaturais. 
São jogos criados pelos homens para que o mesmo possa entrar em contato com espíritos, há quem diga que é mentira, mas muitos acreditam que esses jogos realmente funcionam.

Há quem pense que os espíritos que participam do jogo é o demônio, outros que são espírito de pessoas que já morreram. Bom não há uma definição exata sobre os espíritos que são mencionados nos jogos e nem comprovação cientifica de que esses jogos realmente funcionem.

Muitas pessoas comentam que a brincadeira é toda manipulada por alguma pessoa que participa do jogo. 
É como diz a famosa frase de Willian Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a Terra do que sonha nossa vã filosofia”. Não existem comprovações científicas da existência ou não do plano sobrenatural. Basta cada um acreditar naquilo que achar mais coerente. Bom são inúmeros os jogos que giram em torno dos espíritos, os chamados jogos sobrenaturais, os principais são:

Jogo do Copo

É um jogo onde os componentes recebem um espírito no copo e este se movimenta em direção as letras colocadas sobre uma mesa, respondendo as perguntas dos participantes. 
Pega-se uma folha qualquer e escreve o alfabeto de A até Z, os números de 0 até 9 e as palavras “sim” e “não”. Depois disso recorta-se cada letra e cada número de forma que cada letra do alfabeto e cada número fique em um quadradinho separado. 
Após ter feito isso, a pessoa deve espalhar as letras, os números e o sim e não na mesa formando um círculo. Em seguida, os participantes pegam nas mãos uns dos outros e concentrados fazerem a oração de 7 Pai-Nosso e de 7 Ave-maria. Tendo feito a oração, o jogador que irá fazer as perguntas coloca o copo de vidro no centro da mesa e aponta o dedo indicador para o centro do copo. 
Os demais jogadores devem fazer o mesmo, é de grande importância não encostar-se ao copo, após terem feito tais procedimentos, os jogadores devem apenas esperar a vinda do espírito. Com o espírito dentro do copo, o líder da equipe deve fazer as perguntas para o espírito responda. 
Depois que todas as perguntas forem respondidas certifica-se a ida do espírito e quebra-se o copo, jogando-o o mais longe possível de suas casas.

Agora diz ai: 

Quem nunca ouviu falar do jogo do copo ?
 

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O MUIRAQUITÃ.

Muiraquitã é o nome que os índios davam a pequenos objetos (geralmente representando rãs ou sapos), trabalhados em pedra de cor verde, jadeíta, jade ou nefrita, podendo existir em outros minerais e de outras cores. 
Conhecidos desde os tempos da descoberta, foi entre os séculos XVII e XIX que se tornaram mais procurados, sendo atribuídas qualidades de amuleto ou talismã e ainda virtudes terapêuticas. O muiraquitã atraía sorte para os seus possuidores e também curava quase todas as doenças.

Pleno de exotismo e mistério, o artefato encontrado na região paraense do Baixo Amazonas, em especial nas proximidades de Óbidos e nas praias dos rios Nhamundá e Tapajós, é atribuído às Icamiabas, lendária tribo das Amazonas, mulheres guerreiras que
viviam sem marido.
  Bem, foi desse jeito que eu ouvi dizer...

Estes batráquios eram confeccionados pelas índias que habitavam às margens do rio Amazonas. 
As belas mulheres nas noites de luar em que clareava a terra, se dirigiam a um lago mais próximo e mergulhavam em suas águas retirando do fundo, bonitas pedras que modelavam rapidamente e ofereciam aos seus amados, como um verdadeiro talismã, que pendurado ao pescoço, levavam para caça, acreditando que traria boa sorte e felicidade ao guerreiro. 
Só sei que até nos dias de hoje, muitas pessoas acreditam que o Muiraquitã traz felicidade, considerado um amuleto de sorte e de boas novas para quem o possui. 
O Muiraquitã apresenta também outras formas de animais, como jacaré, tartaruga, onça, mas é na forma de sapo a mais procurada e representada por ser a lenda mais original.
As Icamiabas ofertavam a seus parceiros Guacaris, tribo mais próxima de nossas Amazonas, após o acasalamento na festa dedicada a Iaci, entidade considerada mãe do Muiraquitã e que anualmente durava dias. 
Depois de manterem relações sexuais, as Icamiabas mergulhavam até o fundo lo lago espelho da lua, nas proximidades das nascentes do rio Nhamundá, perto do qual habitavam as índias, nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamavam de amazonas (mulheres sem maridos), para receber de Iaci o famoso talismã, o qual recebia as bênçãos da divindade. 
A lenda diz também, que se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os do sexo feminino.


Saudações Florestais !

A ARTE NAIF NO BRASIL.



O adjetivo "naïf" é o mais empregado para o gênero de pintura chamado também de ingênuo e às vezes primitiva (no Brasil) - está totalmente vinculada à arte popular nacional, mas ainda não é valorizada internamente.
Na época em que foi lançado, o termo "naïf" era um apelido, como em outras épocas, os pintores foram chamados de impressionistas, cubistas, futuristas, etc.
Os "naïfs", em geral, são autodidatas e sua pintura não é ligada a nenhuma escola ou tendência.
Essa é a força desses artistas que podem pintar sem regras, nem constrangimentos. Podem ousar tudo. São os "poetas anarquistas do pincel".
Ser "naïf" é um estado de espírito que leva a uma maneira toda pessoal de pintar. Podemos encontrar pintores "naïfs" entre sapateiros, carteiros, donas de casa, médicos, jornalistas e diplomatas.
A "arte naïf" transcende o que se convencionou chamar de arte popular.
O Brasil junto com a França, a ex-Iugoslávia, o Haiti e a Itália, é um dos "cinco grandes " da arte naïf no mundo. Um grande número de obras de pintores "naïfs" brasileiros faz parte do acervo dos principais museus de arte naïf existentes no mundo.
Os quadros de naïfs brasileiros são reproduzidos nos mais importantes livros estrangeiros sobre essa arte.
O psicanalista Carl Jung chegou a afirmar que "os pintores "naïfs" representam os últimos ecos da alma coletiva em vias de desaparecimento".
O colecionador Lucien Finkelstein concorda: "afirmo com plena convicção que, fora de nossas fronteiras, os pintores "naïfs" do Brasil são autênticos porta-bandeiras da pintura brasileira de todas as tendências e de todas as épocas".
O Brasil é um berço da pintura ingênua. As solicitações sensoriais criadas por um país tropical e por sua cultura popular, ligadas à liberdade gerada pela arte moderna, fizeram surgir nos campos e nas cidades milhares de ingênuos.


 Visite :

Museu Internacional de Arte Naif do Brasil.
 Rua Cosme Velho, 561 - Cosme Velho - Rio de Janeiro-RJ - Brasil.


óleo sobre tela, 50 x 60
(Obra selecionada para a 14 ª Bienal Naïf em Jagodina - Sérvia - EUR)
  WWW.THAISIBANEZ.COM

Eu já estive lá algumas vezes: é o máximo.É tudo muito colorido. Os painéis são lindíssimos. 
O museu fica ao lado da estação do bondinho para o Corcovado. 
Não tem como errar.


Saudações Florestais !

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O ESPETÁCULO VAI COMEÇAR.

MAMULENGO é a forma mais primitiva e popular de teatro de bonecos,que consiste em representações em um pequeno palco ligeiramente elevado. Por detrás do pano escondem-se uma ou duas pessoas adestradas, fazendo com que os bonecos se exibam . Muito popular em Pernambuco, onde era representado em praças, feiras e ruas, com uma linha de ação dramática muito simples, inspirada diretamente nos fatos do cotidiano e interagindo com o público que construía a trama.
 Os personagens sempre eram os mesmos: a Quitéria, o Cabo, o Coronel, o Simão, o Cangaceiro, o Padre, o diabo e as almas penadas.
 A linguagem era, e é ainda, muito provocativa, debochada e irreverente. 
A presença dos fantoches é assinalada desde a mais remota Antigüidade. Alguns estudiosos afirmam tenham se originado na Índia, outros asseguram serem oriundos do Egito, onde foram encontrados bonecos de ouro, marfim e barro. 
O certo é que os fantoches freqüentavam as feiras da Antiga Grécia e de lá passaram para Roma.
Da Itália, na Idade Média, os títeres caminharam pelas mãos de artistas anônimos para vários países da Europa, fazendo a alegria das crianças e também dos adultos. Naquela época a Igreja valeu-se do teatro de marionetes para a difusão do espírito religioso, visando atrair a atenção dos fiéis de maneira direta e objetiva, tendo esta forma de espetáculo adquirido também o nome de “Presépio”, no qual figurava o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deve ter sido sob esta forma que a representação entrou no Brasil.
Durante muitos anos, tanto na Europa quanto em nosso país, os fantoches trabalharam nas cenas religiosas para ensinar a história bíblica, e pouco a pouco é que se deu a sua secularização, isto é, foram neles introduzidos assuntos profanos, principalmente aqueles que provocam a hilaridade.  Hoje, os mamulengos têm uma forma mais erudita e possuem uma representação cênica mais estudada. Existem peças com roteiro e tal. O público participa, mas não muda o rumo da trama.

A etimologia do termo "mamulengo", ainda não foi definitivamente esclarecida. Presume-se que tenha origem na conjugação de duas palavras: mão e molengo, mão mole, mão que se move. O mamulengo também é conhecido pelo nome de "babau" que nada tem a ver com boi bumbá.

Os bonecos de mamulengo têm cabeça e mãos de madeira (a mulungu ou a imburana) e o corpo de pano, vazio, como uma luva. São manipulados acima de uma cortina ou telão por trás do qual se escondem os manipuladores e que também falam - dão voz aos bonecos.

A cidade de Olinda (PE), sedia o Museu do Mamulengo, Espaço Tiridá, com mais de 1000 bonecos em exposição, acervo na sua maioria, doado pelo maior grupo de teatro de mamulengos do País, o SÓ-RISO, grupo  muito conhecido e premiado fora do Brasil.

A tradição continua e se renova com os Mestres Mamulengueiros que ministram oficinas para novos aprendizes que se apresentam no Teatro Só-Riso e expões seus bonecos no Espaço Tiridá.

Entre os mestres mamulengueiros destaca-se José Lopes da Silva Filho, nativo de Glória de Goitá, PE e discípulo de Zé Grande, Severino da Cocada e Mestre José Divino. 
O teatro de fantoche é de grande valor educativo, pois é distração sadia, que dá grande alegria às crianças, por isso é um dos meios mais elevados para educar a infância. 
É muito usado em várias escolas, onde representam temas brasileiros e instrutivos. Recentemente a televisão vem divulgando o teatro de fantoches, acionados muitas vezes por ventríloquos. Em São Paulo e no Rio de Janeiro a criançada conhece o Mamulengo pelo nome pitoresco de “João Minhoca”.

domingo, 13 de setembro de 2009

A COBRA NORATO.

 
É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico.
 
A cobra Norato é um jovem encantado que durante a noite se desencanta e vira gente, assumindo sua condição humana.
A lenda diz que uma cabocla de nome Zelina deu à luz um casal de gêmeos: Honorato e Maria Caninana, duas cobras.
 
Jogou-as no rio, onde se criaram, mas Maria Caninana vivia fazendo malvadezas até que foi morta pelo irmão, que tinha bom coração.
 
Sempre que assumia a forma humana, ele ia visitar sua mãe, a quem implorava que o desencantasse.
 
Para que o encanto fosse quebrado, ela deveria chegar ao corpo adormecido da serpente, pôr um pouco de leite na sua boca e ferir-lhe a cabeça, de forma que sangrasse.
 
A mulher, por medo, nunca chegou perto do réptil, até que um soldado da guarnição da ilha de Cametá livrou o jovem da maldição.
 
Honorato, é um rapaz encantado em uma cobra-grande e que habita no fundo do rio. Aparece no Pará.
 
Outra Versão, conta que em uma certa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna (Cobra-grande, Sucuri), deu à luz a duas crianças gêmeas.
Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Nonato, e uma menina, chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as duas crianças no rio.
 
Lá no rio eles se criaram. Honorato não fazia nenhum mal, mas sua irmã tinha uma personalidade muito perversa. Causava sérios prejuízos aos outros animais e também às pessoas.
 
Eram tantas as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la para pôr fim às suas perversidades.
 
Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo e elegante rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra.
 
Para que se quebrasse o encanto de Honorato era preciso que alguém tivesse muita coragem para derramar leite na boca da enorme cobra, fazendo um ferimento na cabeça até sair sangue. Mas ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro. Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará) conseguiu libertar Honorato do terrível encanto, deixando de ser cobra d'água para viver na terra com sua família.


Saudações Florestais !

O CÍRIO DE NAZARÉ.

O "Círio de Nazaré" , em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é uma das maiores e mais tradicionais festas religiosas do Brasil, sendo celebrada desde 1793, na cidade de Belém do Pará.Hoje ela é  É  comemorada no 2°domingo de outubro.
 O Termo "círio" tem origem na palavra latina "cereus", que significa vela grande.
Segundo a tradição oral dos mais velhos, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré surgiu do encontro de um agricultor e lenhador, chamado Plácido José de Souza, com a imagem da santa, às margens do igarapé Murucutu, onde está localizada atualmente a Basílica de Nazaré. 
O humilde caboclo decidiu levar a imagem para sua casa, porém, ela retornou misteriosamente ao local onde tinha sido encontrada. O ocorrido repetiu-se várias vezes, até que Plácido resolveu construir, às margens do igarapé, uma ermida tosca. Tal episódio tornou-se conhecido por toda a região como milagroso, o que atraiu centenas de fiéis para ver de perto a imagem e prestar-lhe culto. 
Desde então, o Círio é festejado em procissão de fé e de longas caminhadas, na qual milhares de pessoas  vindas de todas as partes do mundo, acompanham a santa pelas ruas de Belém.


Saudações Florestais !

sábado, 12 de setembro de 2009

OS BRINQUEDOS DE MIRITI.

Os "Brinquedos de Miriti", uma fibra leve da palmeira também conhecida como Buriti e chamada de isopor da Amazônia, são fabricados há 200 anos no Pará - a palmeira conhecida como isopor na Amazônia, é frequente também na região do Cerrado. Dela se aproveita tudo: palha para cobertura de casas, fruto para confecção de doces, seiva para fazer vinho, tala para cestarias,  folhas para a confecção de cordas, e o tronco para a produção de canoas, brinquedos e esculturas. É matéria prima básica em muitas etnias indígenas.  Atinge até 35 metros. Possui folhas grandes, em formato de estrela.  As flores são dispostas em longos cachos de até 3 metros de comprimento e possuem coloração amarelada, surgindo de dezembro à abril.
É típica nas formações denominadas "veredas", onde acompanha um curso d'água ao longo do sertão. Só sobrevive em locais alagados.
Nascidos da espetacular capacidade de adaptação do caboclo brasileiro à natureza que o circunda, os "Brinquedos de Miriti" são a expressão da sensibilidade e da representação ingênua do universo ribeirinho da região de Abaetetuba, cidade vizinha de Belém, distante hora e meia de carro e balsa, ou duas horas de barco, o transporte mais usado, talvez até pela calma e placidez que a floresta e os igarapés sugerem.
A confecção dos brinquedos começa com a coleta dos talos (braços) da palmeira, no meio do mato, em Sirituba, um logradouro que se atinge de barco.
  O miriti escolhido é de preferência jovem. Da planta se colhe apenas os braços, onde estão as folhagens.  Com isso, não é uma atividade predatória, e sim sustentável,  uma vez que a árvore é mantida viva e crescendo.
Para se obter a matéria prima dos brinquedos os braços do miriti são descascados e se aproveita apenas o miolo. As cascas que são bem flexíveis, depois de secas, transformam-se em cestos, paneiros, varetas de papagaios e pipas. O miolo, trabalhado com facões de mato, é alisado e transportado em feixes para os produtores dos brinquedos.
Os artistas com ferramentas rústicas (normalmente facas e facões) esculpem e montam peças segundo suas referências pessoais. Alguns especializaram-se em barcos, outros em bonecos dançarinos, cobras, jacarés, madeireiros, pássaros, insetos perfeitos, vaquinhas, aviões, rádios de pilha, televisões. A escolha deste ou daquele motivo é parte da crônica individual de cada autor ou família de autores.
Depois de prontas, com as partes coladas e secas, é aplicado o desenho base da pintura final feita por membros das famílias (homens, mulheres e crianças) que repetem em cada peça o padrão estabelecido. Os brinquedos são estocados e, à véspera do Círio de Nazareth, são levados para Belém, onde são expostos nas praças ou comercializados em girândolas.
As girândolas são uma espécie de cruz com vários braços, também feita de miriti, onde são espetadas ponteiras da casca do próprio miriti para amarração de cerca de uma centena de brinquedos.
A venda é feita pelos próprios artistas ou amigos que trabalham neste período. Ao contrário de outras formas de artesanato da região, como as réplicas de cerâmica marajoara ou tapajônica, cujas referências estão em achados arqueológicos expostos no Museu Emílio Goeldi, os "Brinquedos de Miriti" são uma manifestação artística espontânea e reflexo da criatividade dos produtores seja no uso de cores primárias e poucas misturas (azul, vermelho, amarelo, verde, preto), seja na forma utilizada que sempre reflete o universo caboclo, suas influências urbanas e afetivas.
Contudo, há de se ter em mente que o manejo do buriti aconteça de forma sustentável afim de que essas riquezas se renovem sempre, pois uma palmeira fêmea de miriti precisa de, pelo menos, dez palmeiras machos, que não dão frutos, para ser polinizada.

Fonte de Pesquisa: texto de Cleber Papa publicado no site da UOL, São Paulo Imagem Data;  texto de Denise Ribeiro no site da Folha, Folhinha, de 10/12/2005

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PRECE PARA COMEÇAR O DIA.

"Faça com que meus olhos sempre
reflitam o vermelho dos poentes;
Que eu seja sábio e entenda as lições
que o senhor escolheu em todas as
folhas e todas as pedras;
Ajuda-me a estar sempre pronto
com as minhas mãos puras e
com o meu olhar franco,
para que quando minha vida termine,
Meu espírito possa ir com orgulho ao seu encontro."

(Prece dos índios Ogibiê norte-americanos).

Saudações Florestais !

QUANTO RISO, Ó ! QUANTA ALEGRIA...

- MARCHINHAS DE CARNAVAL -

Sua origem veio de um estilo musical importado para o Brasil, descendente diretamente das marchas populares portuguesas, partilhando com elas o compasso binário das marchas militares, embora mais acelerado, melodias simples e vivas, e letras picantes cheias de duplos sentidos: as marchas portuguesas faziam grande sucesso no Brasil até 1920, destacando-se Vassourinha, em 1912, e A Baratinha, em 1917.
A verdadeira marchinha do carnaval brasileiro começou a surgir no Rio de Janeiro, no inicio do século XX ( tiveram seu apogeu nos anos 20, época em que os compositores faziam uma crônica bem humorada dos costumes da cidade, seus moradores e tipos característicos ), com as composições de Eduardo Souto, Freire Júnior e Sinhô, e atingiu o apogeu com intérpretes como Carmen Miranda, Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Jorge Veiga e Black-Out, que interpretavam, ao longo dos meados do século XX, as composições de João de Barro, o Braguinha e Alberto Ribeiro, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo.Nasceram
 O último grande compositor de marchinha foi João Roberto Kelly.
 Que tal lembrarmos os velhos tempos com algumas  marchinhas mais tradicionais do carnaval?

Chiquita bacana lá da Martinica
Se veste com uma casca de banana nanica

Não usa vestido, não usa calção
Inverno pra ela é pleno verão
Existencialista com toda razão
Só faz o que manda o seu coração.

(Braguinha-Alberto Ribeiro, 1949)
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Lá vai o meu trolinho
Vai rodando de mansinho
Pela estrada além

Vai levando pro seu ninho
Meu amor, o meu carinho
Que eu não troco por ninguém

Upa, upa, upa
Cavalinho alazão
ê ê ê
Não erre de caminho não

(Ary Barroso, 1940)
....................................
Se a canoa não virar olê olê olá
Eu chego lá

Rema rema rema remador
Quero ver depressa o meu amor
Se eu não chego até o sol raiar
Ela bota outro em meu lugar

(Antônio Almeida - 1969)
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Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu

Vem jardineira vem meu amor
Não fiques triste que este mundo é todo seu
Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu

(Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938)
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Eu fui ás touradas em Madri
Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum
E quase não volto mais aqui
Para ver Peri beijar Ceci
Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum
Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse o touro à unha
Caramba, caracoles, sou do samba
Não me amoles
Pro Brasil eu vou fugir
Que é isso é conversa mole para boi dormir
Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum.

(Braguinha)
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Quando é tão densa a fumaça
Que o tempo não passa
E a porta do bar já fechou
Quando ninguém mais tem dono
O garçom tá com sono
e a primeira edição circulou
Quando não há mais saudade, nem felicidade
Nem sede, nem nada, nem dor
Quando não tem mais cadeira
tomo uma besteira de pé no balcão
Eis que da porta do fundo
Do oco do mundo
Desponta o cordão

Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Ah, ah!
Mas ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos
e eles que ficam tontos, morou
Eu bebo sem compromisso
É o meu dinheiro
Ninguém tem nada com isso
Enquanto houver garrafa
Enquanto houver barril
Presente está a turma do funil.

(Braguinha)
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Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João

O sapatão está na moda
O mundo aplaudiu
É um barato
É um sucesso
Dentro e fora do Brasil

(Chacrinha)
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Olha a cabeleira do zezé
Será que ele é
Será que ele é

Olha a cabeleira do zezé
Será que ele é
Será que ele é

Será que ele é bossa nova
Será que ele é maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é

Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!


(João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963)
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Linda morena, morena
Morena que me faz penar
A lua cheia que tanto brilha
Não brilha tanto quanto o teu olhar

Tu és morena uma ótima pequena
Não há branco que não perca até o juízo
Onde tu passas
Sai às vezes bofetão
Toda gente faz questão
Do teu sorriso

Teu coração é uma espécie de pensão
De pensão familiar à beira-mar
Oh! Moreninha, não alugues tudo não
Deixe ao menos o porão pra eu morar

Por tua causa já se faz revolução
Vai haver transformação na cor da lua
Antigamente a mulata era a rainha
Desta vez, ó moreninha, a taça é tua

(Lamartine Babo, 1932)
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Você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Pode me faltar tudo na vida
Arroz feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz falta não
Pode me faltar o amor
Há, há, há, há!
Isto até acho graça
Só não quero que me falte
A garrafa da cachaça

(Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953)
.................................................
Se você fosse sincera
Ô ô ô ô Aurora
Veja só que bom que era
Ô ô ô ô Aurora

Um lindo apartamento
Com porteiro e elevador
E ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Ô ô ô ô Aurora

(Mário Lago-Roberto Roberti)
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Hei você aí, me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí.
Hei você aí, me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí.


Não vai dar
Não vai dar não
Você vai ver a grande confusão.


Que eu vou fazer, beberndo até cair
Me dá, me dá, me dá, oi
Me dá um dinheiro aí.

........................................
Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim

Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim

(Noel Rosa-Heitor dos Prazeres, 1935)