sábado, 30 de janeiro de 2010

E ASSIM NASCEU O PRIMEIRO BERIMBAU.

O berimbau é um instrumento de percussão muito utilizado para jogar  capoeira (uma expressão popular que mistura luta, dança e música). 
FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER..., traz para vocês esta lenda de cunho popular que veio  lá do norte da África, sobre como o primeiro berimbau apareceu na Terra.

Foi assim...
Era uma vez uma  linda menina que saiu a passeio pela floresta. Depois de tanto brincar e correr, abaixou-se para beber água num córrego perto de sua casa. Naquele exato momento, um homem que estava escondido no matagal, por pura maldade, deu-lhe uma pancada na cabeça.
Pequenina e frágil, a menina  não pode resistir aos ferimentos e morreu na hora. Imediatamente, como num milagre, aquele corpo estendido na mata, começou a se modificar e a tomar forma de um  arco musical; seus membros na corda, sua cabeça na cabaça e seu espírito numa música dolente e sentimental.
E assim nasceu o primeiro berimbau.

Desconheço a autoria da imagem.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

UMA ESCOLA À BEIRA DO RIO : a lenda do Pirarucu..

A região amazônica é caracterizada por dois tipos de ecossistemas: as áreas inundáveis e as florestas de terra firmes. Navegando sobre os rios da Amazônia, encontramos vidas humanas entrelaçadas nesse espaço geográfico e social, que na dança do cotidiano, inscrevem suas histórias e trajetórias.
Diferentes dos caboclos da terra firme, os ribeirinhos vivem, em sua maioria, à beira dos rios, igarapés, igapós e lagos que compõe o vasto complexo estuário dessa região. No local, a natureza e o homem convivem em harmonia num modelo brasileiro de desenvolvimento sustentável.
  A população ribeirinha está dispersa nas casas de madeira construídas em palafitas, mais adequadas ao sistema de cheia dos rios. O modo de vida desses grupos humanos -  também chamados de Povos das Águas -  está condicionado ao ciclo da natureza, nos chamados fenômenos da enchente e da vazante: aqui o tempo é definido pela natureza e pela cultura, pelos mitos e tradições. 
No início do ano o rio começa a crescer dia após dia: na várzea todos estão ligados à água, mesmo quem vive no céu e descansa nos galhos mais altos da floresta alagada. No mês de abril  as comunidades já se preparam para a grande cheia: as ruas são de tábuas, a passarela construída bem em frente às casas é a prova disso - é como se fosse a avenida principal. Com a cheia  as distâncias ficam encurtadas, pois todo o caminho que antes se fazia a pé, agora se faz pelas águas. As crianças vão para escola de canoa (foto 3) e a maior diversão é o  futebol de várzea. Isso sem contar com  a exótica vizinhança: os ribeirinhos convivem diariamente com animais selvagens como cobras, macacos e onças.
Os rios que banham as regiões de várzea nascem na Cordilheira dos Andes, há milhares de quilômetros dali. Essas águas chegam carregadas de sedimentos, nutrientes, fazendo uma espécie de fertilização natural do solo: essa terra é a principal razão de muitos  escolherem o lugar para viver.
E assim, a vida dos ribeirinhos segue o curso do rio, nascendo a cada estação.
 A escola que nasce dessa realidade não escapa de viver as paticularidades desse cotidiano, daí as muitas lendas e mitos que permeiam o imaginário dos povos, resultantes da interação homem amazônico com a exuberante natureza que o cerca. A floresta e os rios dão conta  do cenário onde habitam os principais personagens - a crença nos encantados da Amazônia, contados oralmente pelos caboclos mais velhos, narrativas sobrenaturais  povoados pela crença nas almas, visagens ou bichos-visagentos, assombrações, onde o caboclo busca desvendar os mistérios de seu mundo recorrendo aos mitos, interpretando e criando suarealidade.
  Para concluir digo que navegar nas águas  do cotidiano desse universo fascinante, encantador e, ao mesmo tempo, desafiante, é sem dúvida uma viagem que nos proporciona aprendizados múltiplos acerca do tipo de educação que defendemos.
Quem sabe um dia eu possa ver isso tudo de perto - é o sonho de quem ama esse Brasil e luta por um mundo melhor através de uma educação mais participativa, onde se materialize o real significado de viver em comunidade. 
 Para finalizar e ilustrar toda essa nossa conversa, eu trago para vocês diretamente dos povos ribeirinhos, a  "Lenda do Pirarucu".
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Pirarucu era um índio que pertencia à tribo dos Uiás e habitava as planícies de Lábrea, no sudoeste da Amazônia. Mesmo sendo um  bravo guerreiro, Pirarucu  tinha o coração perverso, cheio de vaidades e egoísmo, excessivamente orgulhoso de seu poder, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de extrema bondade e também chefe da tribo.
Num belo dia, enquanto o seu pai fazia uma visita amigável para as tribos vizinhas,  Pirarucu se aproveitou da ocasião para executar alguns índios da aldeia, sem qualquer motivo.
Tupã, cansado de ser criticado pelo guerreiro, observava o seu comportamento por um longo tempo, até que decidiu dar um basta naquela situação.  Imediatamente mandou chamar o deus Polo. Ordenou que ele espalhasse o mais poderoso relâmpago na área inteira. De quebra também convocou Iururaruçu, a deusa das torrentes, onde mandou que ela provocasse as mais fortes chuvas sobre Pirarucu, que naquele momento pescava distraído as margens do rio Tocantins, não muito distante da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda floresta.
Quando Pirarucu   percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ignorou com uma larga risada.
Diante disso, Tupã enviou Xandoré ( o demônio que odeia os homens ) para atirar relâmpagos e trovões sobre o guerreiro, enchendo o ar de luz. Apavorado, Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores,  um relâmpago fulminante  acertou o coração do jovem guerreiro, que mesmo assim se recusou a pedir perdão.
Todos aqueles que se encontravam nas redondezas correram para a selva terrivelmente apavorados,  enquanto o corpo de Pirarucu  ainda vivo, era arrastado  para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe.
Hoje, por sua culpa, Pirarucu vive sendo caçado, mas durante um longo tempo foi o terror da região.




Desconheço a autoria das imagens postadas acima.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

TERESÓPOLIS, A CIDADE DA SELEÇÃO BRASILEIRA.

Verde.
Tons variados e subtons de verde, envolvem a cidade de Teresópolis, localizada  na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, à  871 m acima do nível do mar. No topo da Serra dos Órgãos, a paisagem é, também, a forma das montanhas e picos conhecidos mundo afora, como o Dedo de Deus (fotos 1 e 2),  marco do alpinismo. Ou a Pedra do Sino, porto seguro de quem não escala, mas também não abre mão de caminhar para chegar às nuvens.
No entorno da cidade decoram a paisagem, de Mata Atlântica, árvores e flores de todas as cores. E uma fauna rica, ainda não totalmente identificada e pouco estudada, pode ser percebida numa simples incursão ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
A geografia de Teresópolis é, também, uma consequência da História. O município aconteceu porque, por aqui, descia no rumo da Baía de Guanabara, parte dos carregamentos do comércio colonial: ouro das Minas para Portugal e Inglaterra.
E há quem diga que o próprio alferes, Joaquim José da Silva Xavier, escolheu uma estalagem – desaparecida quando da implantação da Rio-Bahia - para passar algumas noites. Eram tempos de conspiração nas Gerais e Tiradentes passava pelas terras de Teresópolis para ter contato com os conjurados da cidade do Rio de Janeiro.

A cidade tem esse nome porque homenageia a Imperatriz Teresa Cristina, casada durante muitos anos com D. Pedro II. É provável que a família imperial tenha se encantado com as belezas naturais e o clima da serra e, em terras de Teresópolis, tenha desfrutado de períodos de férias.
 Mas as origens da cidade são mais recentes. Datam da primeira metade do século XIX. Embora a primeira descrição oficial tenha sido feita em 1788, por  Baltazar da Silva Lisboa - que em seu relato descrevia a serra e também a Cascata do Imbuí - foi a partir de 1821 que a região começou a ser ocupada. Nessa época, o português de origem inglesa George March adquiriu uma grande gleba e transformou-a em fazenda modelo.
A fazenda ficava onde está, atualmente, o Bairro do Alto e era chamada de Santo Antônio do Paquequer ou, talvez, Sant´Ana do Paquequer. Assim, esse  primeiro povoado se formou, ao longo do caminho que ligava a Corte à província das Gerais. Foi o início do desenvolvimento da agricultura, da pecuária e do veraneio da região.
O crescimento do pequeno núcleo se verificou no sentido norte-sul, época em que comerciantes vinham das Minas Gerais em direção ao Porto da Estrela, nos fundos da Baía de  Guanabara, passando antes por terras de Petrópolis. Teresópolis era, então, um ponto estratégico de repouso. Só mais tarde é que o fluxo foi alterado para o sentido sul-norte, com a ferrovia que ligava a cidade ao Rio de Janeiro.
Lentamente, o povoado foi se desenvolvendo, passando à categoria de freguesia - Freguesia de Santo Antônio do Paquequer - em 1855. Somente em 06 de julho de 1891, através do decreto de nº 280, do então Governador Francisco Portela, a freguesia é alçada à condição de município, passando a denominar-se Teresópolis.
Daquela época até os dias atuais, a cidade continua atraindo milhares de visitantes e até mesmo novos moradores que, como a família imperial, vem em busca do clima privilegiado, da natureza exuberante, da beleza de sua paisagem, da tranquilidade, além de outros atrativos naturais e culturais.

Além de famosa no  por todas as suas belezas descritas acima, Teresópolis  foi revelada ao mundo pelas emissoras de TV que acompanham o treinamento da Seleção Brasileira, porque é lá  na GRANJA COMARY (fotos 4 e 5) , onde é realizada a concentração de futebol da CBF com seus cinco campos de treinamento.

(Fonte de pesquisa: Prefeitura da Cidade de Teresópolis).
Desconheço a autoria das fotos publicadas acima.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CURIOSIDADES DE UMA IDADE MÉDIA.

Hoje eu vou fugir um pouco do tema deste blog, porque quero trazer para vocês a origem de algumas expressões que utilizamos no nosso cotidiano.

 Verdade ou não, FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER...

Vemos em filmes muita coisa sobre a Idade Média , mas ali não colocavam tudo como realmente era. Aliás, não devia ser muito bom viver naquela época,não havia água encanada ou filtrada, muito menos eletricidade. isso sem contar com a proliferação das doenças.
Na Idade Média, a maioria das pessoas  se casavam no mês de junho (início do verão para eles), porque como tomavam o primeiro banho do ano em maio, no mês seguinte o cheio ainda estava mais ou menos suportável. 
Como já começavam a exalar  alguns odores não muito agradáveis, as noivas tinham por costume carregar buquês de flores junto ao corpo para disfarçar a "inhaca" - daí temos o mês de maio como sendo o das noivas.
Os banhos eram tomados em uma única tina, enorme por sinal, e cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio de ser o primeiro. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa - por ordem de idade - , as mulheres depois deles , também por ordem de idade e, por fim, as pobres das crianças. Quando chegavam a vez dos bebês, a água estava tão suja que era possível perder um deles dentro da tina. 
É por esta razão que existe o termo "não jogue fora o bebê junto com a água do banho".
Nem queiram saber o que  acontecia com as fezes . Eca !
Os telhados das casas não tinham forro, e as madeiras que os sustentavam eram também o melhor lugar para os animais se aquecerem: cães, gatos e outros animais de pequeno porte como ratos e besouros. Para não sujarem as camas, inventaram uma espécie de cobertura, que com o tempo acabou se transformando num dossel. Quando chovia, começavam as goteiras e os animais pulavam para o chão. 
Assim, a nossa expressão "está chovendo canivetes' tem o seu equivalente em inglês "it's raining cats and dogs'.
Aqueles que tinham um poder aquisitivo maior, exibiam os seus pratos de estanho. Certos tipos de alimentos  oxidavam o material, o que fazia com que algumas pessoas morressem envenenadas. Isso acontecia frequentemente com os tomates que, sendo ácidos, foram considerados venenosos.
Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou uísque. Essa combinação às vezes deixava o sujeito no "chão", numa espécie de narcolepsia induzida pela bebida alcoólica e pelo estanho. Alguém que passasse pela rua poderia jurar que o beberrão estava morto, portanto recolhia o corpo e preparava o enterro. O defunto era então, colocado  sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta de vigília,  comendo, bebendo, esperando  para ver se o morto acordava ou não. 
Foi desse hábito que surgiu a vigília do caixão.
A Inglaterra é um país pequeno e nem sempre houve espaço para enterrar todos os mortos. Por causa disso, os caixões eram abertos, os ossos retirados e encaminhados ao ossuário, e  o túmulo era utilizado para outro infeliz.
Por várias vezes, ao abrir os caixões, percebiam que as tampas do lado de dentro estavam arranhadas, o que indicava  que aquele morto  tinha sido enterrado vivo. Dessa forma, surgiu a idéia  de ao fechar o caixão , amarrar uma tira no pulso do defunto , tira essa que passava por um buraco e acabava amarrada a um sino. 
Após o enterro, alguém ficava de plantão do lado  do túmulo durante uns dias. Se o defunto acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. 
Assim ele seria "salvo pelo gongo", como usamos até hoje.
Na Idade Médias as casas possuíam os telhados com telhas feitas de barro, confeccionados pelos escravos que usavam suas coxas como forma. Como nem todos possuíam as mesmas medidas, os telhados ficavam meio desalinhados, daí surgindo a expressão " feito nas coxas".
As casas dos mais abastados tinham no telhado dois tipos de acabamentos: a beira - o beiral - e a eira -, que era o acabamento  decorado feito na fachada. A casa da plebe tinha apenas o telhado sem acabamento algum, daí a expressão "sem eira nem beira"..
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O interessante  é que, apesar de tudo a gente lê e acha graça de como eram as coisas no passado, tal comodidade e conforto que temos hoje em dia.
E ainda reclamamos... 
Eu é que não queria estar metida numa sujeira dessas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A MISTERIOSA CRIAÇÃO DO POVOADO DE SÃO THOMÉ DAS LETRAS - MG.

São Thomé das Letras é uma localidade do sul das Minas Gerais tipicamente interiorana, edificada sobre um largo depósito mineral de quartzito - conhecidas como pedras-de-são-tomé (utilizadas largamente na pavimentação de bordas de piscinas, na construção de algumas casas no município, no calçamento das ruas e no  artesanato local).
Sua localização  é privilegiada,  em ponto montanhoso e elevado a 1.440 metros acima do nível do mar (permitindo a observação de praticamente toda a região ao redor, vales e montanhas incluídos), faz com que a cidade seja destino preferido de muitos turistas entusiastas da natureza, de pessoas ligadas às artes em geral e de quem é adepto a caça de OVNIs ( disco voadores).
Alguns acreditam que a cidade de São Thomé das Letras seja um dos sete pontos energéticos da Terra, o que atrai para o lugar místicos, sociedades espiritualistas, científicas e alternativas de vários pontos do mundo, gerando a alcunha de "Cidade Mística".
Quem conhece sabe do que eu estou falando, a cidade é  D I V I N A . 
É a fatia dos céus mais linda e estrelada que meus olhos puderam ver.Sem contar com o pôr-do-sol : inigualável !  Um pedacinho do mundo abençoado por sua beleza e energia. A minha estada de quinze dias me fez viajar no tempo por conta de alguns muitos contadores de "causos" que existe na pequena cidade, um deles até bem conhecido de todos que lá excurcionam -  o Tio Zé .
Bem, vamos lá.  Foi desse jeito que eu ouvi dizer...


No final do século XVIII, um escravo de nome João Antão, da fazenda Campo Alegre, mal tratado por seu senhor, fugiu e encontrou uma gruta no alto da montanha que oferecia abrigo e uma ampla visão das montanhas ao redor. 
Ali ele se refugiou e viveu por bastante tempo escondido, comendo frutos silvestres, raízes e peixes.
Um dia, um homem de roupas claras e traços finos apareceu ao escravo fugitivo, perguntando-lhe o motivo de sua permanência por tanto tempo naquela gruta. O escravo, então, contou-lhe sua história. O estranho homem escreveu um bilhete e o entregou ao escravo, instruindo-lhe que levasse ao seu senhor e prometendo-lhe que seria perdoado.
Sem outra alternativa, João obedeceu. Ao ler a carta, seu senhor João Francisco -  patriarca da família Junqueira -, admirou-se com a letra impecável e tão fino papel, incomuns para aquele tempo. Resolveu, então, ir até a gruta onde o escravo estivera, não encontrando mais ninguém. Porém, constatou a presença de uma pequena imagem identificada como sendo de São Thomé, apóstolo de Cristo, esculpida em madeira. 
Assim, o senhor da fazenda, extremamente religioso, decidiu por colocá-la na capela, hoje substituída pela Igreja Matriz, perdoando o escravo por sua fuga. 
E quanto ao senhor de vestes brancas... esse nunca mais foi visto.

Só que existem muitos mistérios entre o céu e a terra que possamos imaginar...

Durante as obras de construção da Igreja, foram encontradas diversas pinturas em tom avermelhado na entrada da gruta, muito semelhantes a letras.
Acreditava-se que estas marcas foram deixadas pelo santo, como prova de sua aparição. 
Já os historiadores atribuem essas pinturas aos índios cataguases, antigos habitantes da região. 
Outras pessoas preferem crer que foram efetuadas por seres extraterrenos, vindos das estrelas pelo caminho de "Sumé".
A mais corriqueira das lendas nos conta   que São Thomé ficou sendo "das Letras" por conta dos tais desenhos rupestres feitos em vermelho que, ainda hoje  podem ser vistos na entrada da gruta.

Mas, a pergunta que não quer calar é: 

- Será que o misterioso homem de vestes brancas  era o próprio São Thomé?
 E você, o que acha disso ?

sábado, 23 de janeiro de 2010

A LENDÁRIA POROROCA.

A palavra Pororoca é de origem indígena (tupi) e significa estrondo (forte barulho da natureza).
É um fenômeno natural que ocorre quando há o encontro entre as águas de um grande rio com as águas do oceano.
No Brasil, a Pororoca mais importante ocorre na Amazônia, quando as águas do rio Amazonas se  encontram com as águas do Oceano Atlântico na foz deste rio. Nesse momento ocorre um forte barulho e a força do fenômeno provoca a derrubada de árvores e alterações nas margens do rio, formando ondas gigantescas que podem atingir até 3m de altura e velocidade de até 20km/h.
 Os índios do baixo Amazonas têm uma boa palavra para definir este encontro das águas: poroc-poroc (significa destruidor).
Embora a Pororoca Amazônica seja a mais importante do mundo, ela também ocorre em outras regiões do planeta, como  nos rios Sena (França), Iang-Tsé (China), Colorado (Estados Unidos) e Tamisa (Inglaterra).

Sobre este interessante  fenômenos das águas, a população ribeirinha local nos conta algumas histórias trazidas de seus antepassados.
Esta eu achei bastante interessante...

Antigamente as águas do rio eram serenas, corriam de mansinho, e as canoas podiam navegar sem qualquer sombra de perigo. Nessa época, a Mãe d’Água ( mulher do boto Tucuxi ) morava com a filha mais velha na ilha de Marajó. Certa noite, eles ouviram gritos seguidos de latidos de cães - tinham roubado Jacy, a canoa de estimação da família. Foi uma correria: remexe, procura ...   e nada encontraram. Furiosa, a Mãe d’Água resolveu convocar todos os seus filhos: o Repiquete, a Correnteza, o Rebujo, o Remanso, a Vazante, a Enchente, a Preamar, a Reponta, a Maré Morta e a Maré Viva,  queria que eles achassem a embarcação desaparecida a qualquer preço.
Porém, anos se passaram e de nada conseguiram encontrar: continuavam sem notícias de Jacy. Ninguém jamais a viu deslizando nas águas do rio amazonas ou entrando em algum igarapé, furo ou mesmo amarrada em algum lugar. Certamente estava escondida, mas onde?
Inconformada e na tentativa de solucionar o mistério, a Mãe d'Água resolveu apelar para seus parentes mais distantes - os Lagos, as Lagoas, os Igarapés,os  Rios, as Baías, os Sangradouros, as Enseadas, as Angras,as  Fontes, os Golfos,os  Canais, os Estreitos, os Córregos e Peraus - e  discutir o caso. De comum acordo, resolveram criar a Pororoca (umas três ou quatro ondas fortes que entrassem em todos os buracos dos arrebaldes e quebrassem, derrubassem, escangalhassem, destruíssem tudo e apanhassem Jacy e o ladrão).
Ficou ainda determinado que a caçula da Mãe D´Água - Maré da Lua - moça danada, namoradeira, dançadeira e briguenta, avisaria sobre qualquer coisa que acontecesse de anormal. E foi assim que pela primeira vez surgiu em alguns lugares o fenômeno empurrado pela jovem moça, naufragando barcos, repartindo ilhas, ameaçando palhoças, derrubando árvores, abrindo furos, amedrontando pescadores.
 Até hoje, sempre que Maré da Lua vai ver a família é um deus nos acuda!
Ninguém nunca soube de Jacy, mas a  Pororoca segue em frente destruindo quem ousar a ficar no caminho, cumprindo ordens do boto Tucuxi que resmungando, diz:

- Pois então, continue arrasando tudo.


Desconheço a origem das fotos postadas acima.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A LENDA DA AMOROSA.


Ipojucam e Jandira eram índios sucurus que viviam em diferentes tribos na região da bacia hidrográfica do Rio Macabu, no município de Cachoeira de Macacu, interior do Estado do Rio de Janeiro.
Ele, caçador afamado, vivia com  sua comunidade indígena na parte alta, onde os rios Curukango e Vermelho se unem. Jandira, conhecida pelas redes e cestas de palha que fazia usando a folha seca de macaúba, vivia com a sua aldeia na parte baixa, onde existe até hoje um grande bambuzal.
Desde jovens se conheciam, brincavam entre as pedras do rio banhando-se na cachoeira.
Jandira  presenteava seu  amor  com cestos de caça, e Ipojucam trazia para sua amada os  mais diferentes animais.
Os anos se passaram, Jandira e Ipojucam cresceram belos e fortes.  E como era de se esperar, apaixonaram-se. Diante desse fato, os pajés das duas tribos resolveram marcar o casamento para a primeira noite  de lua cheia. 
Na véspera do casamento pela manhã, Ipojucam ofereceu uma  bela caça para Tupã, como se pedisse as bênçãos pelas núpcias. 
Anhangá, o maligno deus da morte dos sucurus,  que invejava a destreza  e a inteligência de Ipojucam,  ao saber da caçada, surgiu para Ipojucam na forma de uma onça branca e o desafiou para uma luta.
Por causa de sua destreza,  Ipojucam derrotou a onça, ferindo-a de morte no peito. Irritado, Anhangá ressuscitou o animal,  levando Ipojucam  a perseguí-lo até a cachoeira  onde sua noiva colhia palha  para fazer sua rede nupcial.
Quando Anhangá, ainda na forma de onça branca, avistou Jandira, resolveu atacá-la para vingar-se de seu noivo. Ao perceber que corria perigo,  Jandira gritou por Ipojucam, que já vinha em perseguição da onça, investindo a  sua lança  contra o animal, transpassando-a mortalmente. 
 Anhangá, humilhado pela derrota que seu animal sofrera pela segunda vez,  transformou-se numa enorme tromba d'água, arrastando Jandira  e Ipojucam para as profundezas da cachoeira de onde numca mais foram vistos.
Em homenagem aos noivos apaixonados, a  cachoeira passou a  se chamar AMOROSA.

Desconheço a origem das fotos postadas acima.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A LENDA DO TAMBA-TAJÁ.


Na tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente. Um dia ele se apaixonou por uma bela índia de sua aldeia. Casaram-se logo depois e viviam muito felizes, até que um dia a índia ficou gravemente doente e paralítica.

O índio Macuxi, para não se separar de sua amada, teceu uma tipóia e amarrou a índia as suas costas, levando-a para todos os lugares em que andava. Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a tipóia e constatou que a sua esposa tão querida estava morta.

O índio foi à floresta e cavou um buraco a beira de um igarapé. Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não havia mais razão para continuar vivendo. Algumas luas se passaram. Chegou a lua cheia e naquele mesmo local começou a brotar na terra uma graciosa planta, espécie totalmente diferente e desconhecida de todos os índios Macuxis.

Era a TAMBA-TAJÁ, planta de folhas triangulares, de cor verde escura, trazendo em seu verso uma outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino. A união das duas folhas simboliza o grande amor existente entre o casal da tribo Macuxi.

O caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo a ela poderes místicos. Se, por exemplo, em uma determinada casa a planta crescer viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que existe muito amor naquela casa.

Mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta apresentar mais de uma folhinha em seu verso, acredita-se então que existe infidelidade entre o casal. 
De qualquer modo, é sempre bom cultivar em casa um pezinho de TAMBA-TAJÁ.


Saudações Florestais !

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

OS SANTOS NOSSOS DE CADA DIA.

Existem milhares de casos de santos populares espalhados pelo mundo.
Eu trouxe apenas dois desses casos para ilustrar a minha história de hoje, ambos acontecidos na mesma cidade.
Dezenas de placas em mármore estão espalhadas ao redor da lápide 25-762 no cemitério Santa Izabel, na cidade de Belém do Pará. Em todas, as mesmas palavras: "em agradecimento a graça alcançada".
O túmulo é de Severa Romana Pereira, uma jovem de 19 anos assassinada por ter resistido a uma tentativa de estupro.
Os populares contam que ela estava grávida quando morreu, e seu sofrimento virou sinônimo de santidade. Conhecida como a "Mártir da Fidelidade", suas histórias sobre milagres chegaram a ser recolhidas nos anos 70 para uma possível beatificação.
Várias personagens como Romana alcançaram a santidade pelo carisma popular, embora não sejam reconhecidos pela igreja.




Outro episódio bastante conhecido é o de Josephina. Quem nunca ouviu falar na "moça do táxi"?
Sua história já faz parte do imaginário popular  dos paraenses, que juram tê-la visto de perto. 
Segundo contam, Josephina era uma adolescente que adorava andar de carro e, todos os anos, seu pai dava-lhe como presente de aniversário uma volta de taxi  pela cidade.
Falecida ainda jovem e inconformada com a sua morte tão repentina, a menina passou a ser vista vagando  nas ruas de Belém repetindo o mesmo ato: ela chama um taxi e  depois de rodar pela cidade, pede para o motorista deixá-la na porta de casa dizendo que vai  pegar o dinheiro da corrida. 
Como a moça não retorna, o taxista resolve bater em sua porta e toma um susto ao ser informado  por familiares que a menina falecera há décadas.

Todos os anos os cemitérios recebem pedidos, orações e promessas, aprovação nos estudos, empregos, curas, sorte no amor: tudo é motivo para pedir e rezar por estes santos populares.
O milagre é a busca de uma intervenção sobrenatural que ameniza alguma dor ou necessidade. É daí que surge a crença, analisa o antropólogo João Simões.

Então, eu  pergunto:

- Mas afinal, quem faz milagre ?

Penso que só a fé pode esclarecer esse mistério.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A LENDA DE SANTO AMARO DA BAIXADA CAMPISTA/RJ..

Santo Amaro da Baixada Campista é a mais importante e mística entidade espiritual da região canavieira e pastoril do município de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro e pelos milagres consagrados, guarda importante acervo de ex-votos.
Anualmente em 15 de janeiro, milhares de romeiros comparecem à festa do padroeiro no distrito com o seu nome, situado a 40 quilômetros da cidade.
No intuito de pagar suas promessas, muitos romeiros cobrem o percurso a pé, visando chegar antes do levantamento do mastro da bandeira e do encerramento das novenas. A comemoração conta também com  a encenação da cavalhada - eterna luta entre mouros e cristãos, costume trazido pelos primeiros lusitanos.
Trazido pelos padres beneditinos durante a colonização no primeiro quarto do século XVII, é o santo de maior dimensão religiosa da planície.
Embora famoso em todo mundo, Santo Amaro, falecido aos 72 anos  acometido pela peste, é o mais milagroso de todos os padroeiros da região.

Os antigos da cidade contam que a primeira capela do povoado foi construída por desejo de Santo Amaro. Segundo eles, a imagem do santo estava na igreja do Mosteiro, localizada no povoado de São Bento.
Conta a lenda que um dia a imagem  desapareceu misteriosamente do altar. Após muitas buscas, foi localizada num montículo de terra  onde tempos depois foi erguida a capela em homenagem ao santo.
Os padres retornaram com a imagem para São Bento, mas outros desaparecimentos ocorreram e, em todas às vezes, a imagem era localizada no mesmo lugar.

Nesse sentido nos diria o filósofo Emmanuel Carneiro Leão:  é a fé que sacraliza o mito.
 
 
Desconheço a origem das fotos postadas acima.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A FONTE DE TAMBIÁ - João Pessoa (PB)

Esta curiosda lenda nos conta  a história do  valente guerreiro Tambiá, do povo Cariri, que desceu a Serra da Copaoba (Borborema) disposto a guerrear com os Tabajaras no litoral paraibano, mas ferido num combate violento, acabou  prisioneiro da aldeia inimiga. 
Revoltado, o chefe Tabajara ordenou-lhe a morte, mas apaixonada pelo belo indígena forasteiro, a filha do Cacique pediu-lhe repetidamente que a deixasse cuidar das feridas de Tambiá. 
Apesar da permissão e do desvelo da jovem índia, o guerreiro Cariri morreu e a virgem chorou nove luas desconsoladamente, formando-se de suas lágrimas a fonte que recebeu o nome de Tambiá, designação esta que originou posteriormente, o nome da própria localidade: bairro de Tambiá, na cidade de João Pessoa (PB)
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Localizada no Parque Arruda Câmara, popularmente conhecido como “Bica”, esta fonte natural foi urbanizada no século XVIII.

Colaboração da minha amiga Gilsa Elaine 
( http://www.curtapoesia.blogspot.com) 
Desconheço a origem das fotos postadas acima.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A LENDA DO CÃO SENTADO.

O "Cão Sentado" é uma formação rochosa de 111 metros de altura localizada no Parque do Cão Sentado, em  Nova Friburgo, na região serrana do estado do Rio de Janeiro. 
Por trás desta imponente figura de pedra conta-se uma lenda um tanto quanto intrigante.

Há muitos e muitos anos atrás, nas matas de Furnas do Catete, um curumim  encontrou um filhote  de cachorro  perdido na floresta. Compadecido daquela situação, não pensou duas vezes antes de recolher o indefeso animalzinho. Ambos cresceram amigos inseparáveis.
Os anos se passaram e um dia a sua tribo fora chamada para guerrear e seu amigo, agora homem feito, teve de partir. Daquele dia em diante o cachorro nunca mais foi o mesmo, vivia deitado, triste, com o olhar no infinito, não comia e nem bebia: estava morrendo aos poucos.
Algum tempo depois  os guerreiros finalmente retornaram com a triste notícia  de que seu irmão índio havia morrido em luta.
Inconformado com a sina de seu dono, o cachorro reuniu todas as forças que lhe restavam, subiu no alto de uma montanha e uivou durante  dois dias e duas noites seguidas. Já sem forças quando o sol raiou, o  animal sentou no alto de uma montanha e deu seu último latido. 
Foi a última homenagem ao seu amigo índio, sua despedida.
De repente o sol sumiu e o dia escureceu.Deu-se no céu um clarão enorme seguido de  um forte estrondo semelhantes ao uma  tempestade. Toda tribo correu para ver o que tinha acontecido, amedrontados com o imenso relâmpago que tinha atingido a montanha.Ao chegarem no topo, encontraram um gigantesco cão transformado em pedra. 
 Com o tempo formou-se uma imensa floresta  ao seu redor, onde os índios a protegeram como um verdadeiro templo de amizade, amor e companheirismo.

Ainda hoje podemos ver o imenso cão sentado em pose de guarda no Parque do "Cão Sentado".

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O TRISTE PÁSSARO-CABEÇA-DE-VENTO.

 
Hoje eu trago para vocês uma lenda de cunho popular, contada pela minha avó materna durante toda a minha infância, porque  todos me achavam uma cabeça-de-vento.

Era uma vez uma índia muito  infeliz no casamento por conta ser ser o seu marido rude,  insensível e incapaz de qualquer ato de carinho. No entanto, o tal marido  fazia juras de amor eterno e parecia feliz por tê-la a seu lado.
Dia após dia essa mulher se sentia cada vez  mais solitária e oprimida, no fundo de seu íntimo sabia que seria quase impossível livrar-se facilmente daquela situação, sobretuto devido aos costumes muito rígidos  de sua aldeia.
Um dia, depois de ter reunido todas as  suas forças, acabou contando o que sentia e a vontade que tinha de ir embora. O marido surpreso com o relato e coragem de sua mulher,tomou um susto. De pronto não concordou, e sentenciou que jamais iria deixar que isso acontecesse.
Uma noite porém, a mulher fez uma descoberta fascinante: depois que o marido pegava no sono, ela podia deixar o corpo na cama - ao lado dele - e sair com a cabeça a voar. Dormindo, ele passaria a mão no seu corpo e sentiria que estava ao seu lado deitada.
Então, todas as noites, a cabeça da índia voava por toda a floresta, conhecendo lugares e pessoas incríveis. E assim foi por um bom tempo:  a cabeça saía para passear sozinha, longe da opressão e do mau humor de seu esposo. Tudo ia mais ou menos bem, até que numa dessas noites a cabeça voou longe demais e não conseguiu encontrar o caminho de volta. Desesperada, a cabeça ficou perdida na floresta, sem saber o rumo de casa.
Ao amanhecer, o marido se deu conta que apenas  o corpo da mulher repousava ao seu lado. Ficou furioso.
Não podia aceitar aquela situação humilhante e como só lhe restava o corpo, resolveu castigá-lo e o surrou até a morte. Não satisfeito, resolveu também esquartejá-lo, queimando os pedaços e jogando as cinzas no rio.
E o que aconteceu com a cabeça ? 
 Muito comovido com a situação, o deus Tupã para não ver aquela cabeça vagando perdida pela floresta, transformou-a no "pássaro-cabeça-de-vento".
E foi assim que este pássaro surgiu na Terra. 
Esta ave  vive por ai e traz consigo um grande ar de tristeza, mas no fundo tem um quê de felicidade... pois é  L I V R E !


Desconheço a autoria da imagem.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A LENDA DO PEQUI.

O PEQUI é uma espécia arbórea nativa do cerrado brasileiro. Possiu uma grande importância econômica reconhecida tanto pelas populações tradicionais quanto pela pesquisa. Existe uma narrativa bastante interessante que conta como surgui o primeiro pequizeiro.

Foi assim...

Conta a lenda que quando o último  quilombo foi encontrado, houve uma enorme matança de crianças, jovens e velhos. Aqueles que conseguiram fugir, foram implacavelmente perseguidos e sumariamente executados.
Naquela noite, somente uma jovem escrava grávida conseguiu furar o cerco, escapando da chacina, tomando rumo ignorado pelo serrado.
Ela andou dias e noites sem comer, sem beber e sem dormir vindo a falecer sob a sombra de uma frondosa árvore de galhos fortes, fartos de folhas, porém estéril.
O corpo esquálido e jazido daquela mulher se decompôs, transformou-se em húmus e sal da terra, fazendo-se fertilidade àquela árvore.
Desde então, flores da cor do sol brotavam naquele tronco robusto, transformando em frutos redondos e verdes, de segurar com as duas mãos. Frutos estes quando partidos, revelava uma polpa amarelo ouro, em forma de embrião, com aroma indizível e inconfundível paladar.
Assim, os nativos do cerrado deram o nome a este fruto de pequi.
Hoje, conhecidos por pequizeiros todas as árvores mães que geram estes frutos em abundância, garantido sustâncias a quem tem fome e sede, descanso a quem tanto trabalha, restaura a virilidade dos homens e dá vida longa às mulheres que um dia deram a luz.
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Aqui onde moro não tenho contato com esse fruto. Recentemente encontrei um licor de Pequi sendo vendido numa delicatessem. Cheguei a comprar para conhecer o sabor: é gostoso.
Sei também que na região de Goiás esse fruto é feito com arroz: o povo lambe os beiços - dizem que é delicioso.
Há também quem diga que o fruto tem um cheiro enjoativo.

Desconheço a origem das fotos postadas acima.

Fonte: recanto das letras




 

domingo, 10 de janeiro de 2010

A GÊNESIS DO VINHO E SUA PRIMEIRA RESSACA.

A minha vida sempre foi ouvir e  contar histórias . Ter esse espaço e poder compartilhar com vocês é, no mínimo, salutar e muito  prazeroso: essa troca de energia renova as minhas forças e enche o meu coração de alegria.
Como curiosidade semana  passada eu postei sobre como a  primeira  orquídea apareceu no mundo e, também, sobre o curioso  surgimento da infusão.
E como o vinho sempre ocupou um lugar privilegiado na civilização ocidental,  pensei:
- Que tal  brindarmos o começo da semana com a "gênesis do vinho"?
(mesmo sabendo de que  o assunto se encontra fora do propósito temático  deste blog).

Bem, foi desse jeito  que eu ouvi dizer...

Um dia, o lendário rei Jamshid estava vendo seus arqueiros praticarem, quando notou no céu um grande pássaro que lutava para não cair, tentando livrar-se de uma cobra que se enroscava em seu pescoço, ameaçando-o com as presas.
Não podendo suportar a visão do pássaro, supremo símbolo do bem, ameaçado de ser devorado pelo mais abjeto símbolo do mal, Jamshid ordenou a seu melhor arqueiro que matasse a cobra. Momentos depois, a serpente caia no chão com a cabeça transpassada por uma flecha.
O pássaro voou então em direção ao sol em comemoração da vitória do bem sobre o mal e depois mergulhou, pousando aos pés de Jamshid.Então abriu o bico e deixou cair algumas brilhantes sementes verdes.Jamshid jamais havia visto sementes como aquelas e, quando ia questionar o pássaro a respeito, ele já havia voado para longe.
Ninguém, dentre os melhores jardineiros e as pessoas mais sábias do reino, conseguiu identificar as estranhas sementes. Então o rei ordenou que fossem plantadas nos solos mais férteis dos jardins reais.
Elas germinaram e no verão lançaram largas folhas. Ao chegar o inverno seus ramos secaram e se encolheram, como se quisessem se proteger do frio, mas ao chegar a primavera, reviveram e produziram seus primeiros frutos maduros. O jardineiro levou-os até o rei, que os examinou maravilhado. Os frutos eram tão estranhos quanto as sementes que os produziram.
Em cada haste nascia não um fruto, mas de vinte a quarenta bagas redondas, de um azul escuro e aveludado. A casca se rompia com facilidade, deixando escorrer o sumo. A fim de que nem uma gota fosse perdida, Jamshid determinou aos servos que reunissem o sumo de todos os frutos e o guardassem em grandes recipientes.
Uma tarde, o rei voltou ao palácio depois de um longo dia de caçada sob um sol ardente. Decidiu então experimentar uma taça do misterioso suco, imaginando que seria uma refrescante bebida fermentada. Assim que tomou o primeiro gole, cuspiu-o longe.
_ "Isto deve ser um terrível veneno" - disse. "Eu preciso ter certeza de que não cairá em mãos erradas".
Ocupado com os assuntos do reino não pensou mais no caso e meses se passaram.
Acontece que Jamshid possuía uma linda jovem escrava, que se tornara sua favorita. Um dia, enquanto ele viajava, ela se sentiu violentamente mal, sofrendo horríveis dores de cabeça que médico algum da corte conseguiu curar. A dor era tão intensa que ela decidiu se matar. Lembrando-se do estranho suco e do aviso do rei de que era veneno, tomou um copo e, para sua surpresa, descobriu que não era amargo como o rei dissera.Para ter a certeza de que morreria, tomou um segundo copo e, em seguida, um terceiro. Finalmente, caiu num sono profundo.
Quando acordou, a terrível dor de cabeça passara. Embora sentisse a boca seca, acreditou que estava curada.Quando o rei voltou ao palácio, ela confessou o que fizera e descreveu a cura miraculosa que a bebida trouxera. Como Jamshid amava a jovem escrava, não a puniu.
Ao invés disso, pediu o suco para experimentar. Provou-o, cautelosamente no início e, em seguida, com um prazer cada vez maior. Sem conseguir disfarçar seu deleite, decretou que a bebida fosse usada como remédio por todo o povo.
O efeito foi tão benéfico, principalmente entre os mais velhos, que a bebida passou a se chamar daru-shah, o remédio do rei.
Esta, segundo a lenda, é a origem da uva e da descoberta do vinho. Seja como for, as parreiras são originárias do Oriente Médio e foi ali que, num dia há muito esquecido, o suco de uvas se transformou em vinho, há cerca de 7000 anos.
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Sou neta de portugueses e casada com  filho de portugueses, para mim um  vinho será uma excelente idéia.
Os vinhos brasileiros são D E L I C I O S O S, mas o meu preferido ainda é o do Porto: não existe nada mais saboroso de que uma taça  após as  principais refeições.
É a melhor harmonização para um bate-papo.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O CASAMENTO ENTRE O CÉU E A TERRA.


"Hoje nos encontramos numa nova fase da humanidade. Todos estamos regressando à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente.
Também os povos originários, os indígenas das várias partes do mundo - eles são cerca de 300 milhões -, participam desse grande concerto dos povos, no qual se incluem as tribos que vivem no Brasil. Todos eles são portadores de uma sabedoria ancestral, que está faltando a quase toda a humanidade, sabedoria necessária para iluminar os graves problemas que coletivamente enfrentamos. Problemas relativos à convivência pacífica entre os povos, à combinação adequada entre trabalho e lazer, à veneração e ao respeito para com a natureza, à integração fraternal e sororal entre todos os seres da criação, vividos como parentes, irmãos e irmãs. Enfim, problemas relativos ao casamento entre o céu e a terra, que confere uma experiência do ser humano com a totalidade das coisas e com a Fonte originária de todo o universo.
Entre as estórias relatadas - centenas e centenas que existem entre os povos indígenas brasileiros - visam ressaltar a contribuição inestimável que eles oferecem à nossa história: na linguagem, nos nomes de cidades, de rios, de montanhas, na culinária, nos costumes cotidianos, na religiosidade difusa do povo e na percepção coletiva acerca das forças misteriosas da natureza. Essa contribuição pode ser útil também a outros povos, habitantes da mesma Maloca Comum, a Terra.
Temos muito que admirar, desfrutar e aprender a partir de toda essa tradição sapiencial. Nossos indígenas não são primitivos, apenas diferentes. Não são incultos, mas civilizados. Não são ultrapassados e sim contemporâneos. São humanos como nós, portadores das mesmas buscas, das mesmas ansiedades e das mesmas esperanças que os homens e as mulheres de nosso tempo e de todos os tempos. Apenas se expressam num dialeto diferente, quem sabe estranho para muito de nós, mas sempre surpreendente e perpassado de observação atenta das coisas da vida e da natureza.
Revisitemos a sabedoria indígena e sonhemos, por um momento, os mesmos sonhos que eles sonharam. Vamos rir, chorar e aprender.. Aprender especialmente  como casar o Céu com a Terra, vale dizer,  como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência  opaca dos dias com a transcendência  radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com a grande promessa na eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra".
( Leonardo Boff, 22 de abril de 2002 )  
Desconheço a origem das fotos postadas acima. 


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A CRIAÇÃO DA PRIMEIRA INFUSÃO.


Hoje aqui onde moro, na região serrana do Rio de Janeiro, bem dentro de um pedacinho da Mata Atlântica, venta bastante e faz muito frio ( nem parece que estamos no verão).
Lá fora está tudo "ruço"  ( é como a população nativa chama a neblina).
Depois do almoço um chá verde cai muito bem. E ao preparar o meu, lembrei de como a primeira infusão apareceu no mundo.
Vocês conhecem essa curiosa
história ?
Pois muito bem,  eu vou contar como foi...

Há 3.000 mil anos antes de Cristo , o redentor, na milenar China repleta de ardor, existia  Shen Nong , um imperador cheio de coragem e de esplendor.
Ele tinha uma mania bem estranha: a de beber água fervida para acordar sua alma adormecida.
Um dia pela manhã, numa de suas caminhadas pelos verdes  e selvagens campos,  caíram  acidentalmente, folhas frementes na sua água mais que fervida e bem ardente.
Distraído em suas meditações, o  imperador chinês nem percebeu as folhas em infusão dentro de seu recipiente.
E deste jeito  ele bebeu.
Então , ele achou esta mistura deliciosa , mágica, maravilhosa , formosa e pomposa.

Deste jeito curioso e profundo, nasceu a infusão que encanta o mundo .

Sua introdução  no continente europeu ocorreu três séculos mais tarde, em função do comércio entre a europa com o Oriente. 
Vindo originalmente da corte portuguesa, popularizou-se no Brasil pelos idos do século XVIII  e se tornou uma das bebidas mais consumidas atualmente. 

Vocês sabiam que passar receita também é uma forma de contar histórias ?

Pois bem,vou ensinar uma da minha avó ( que era portuguesa): é uma das minhas infusões preferidas:
canela em casca, cravo, casca de laranja, casca e poupa de maracujá, gengibre, casca de maçã e erva mate. 

Experimente, é uma delícia e tem um aroma ... hum...  I M P E C Á V E L  !

E agora, aceita tomar um chá verde  ? 



quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A MISTERIOSA LENDA DA PEDRA DA FREIRA.

A Pedra da Freira localizada em Caraguatatuba, São Paulo, bem  em frente à praia do Garcez (ou Robalo, como também é conhecida), essa formação impressiona devido a semelhança com uma freira ajoelhada e inclinada em direção ao mar, como se estivesse orando.
Aliás, sobre essa tal  formação rochosa, a população nativa conta uma lenda bastante misteriosa:
Há muito e muito tempo atrás, uma freira veio para essa  região  ajudar na  catequização dos índios tamoios. Em seus momentos de meditação, passava horas caminhando e observando a obra magnífica de Deus – a natureza .
Um dia, admirando o mar, percebeu que iam dar seis horas da tarde. Imediatamente se ajoelhou  e pôs-se a rezar a  Ave-Maria diária. Ao terminar a oração, avistou uma linda flor que estava perto do barranco. Tentou pegá-la, mas o local estava meio escorregadio. Por um momento se desequilibrou, caiu e acabou morrendo afogada.
Em homenagem a seu amor e dedicação,  Deus eternizou a freira na imagem de uma pedra para que todos lembrassem que devemos tratar a natureza com muito respeito.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A LENDA DA ORQUÍDEA.


Eu sou apaixonada pela natureza. Creio que tudo começou quando nasci e meus  pais me batizaram com o nome de Silvana ( do radical  latino "silva" = selva: meu nome me ensina que  devo amar a natureza, a vida, a Deus).
Cansada da loucura e do stress urbano, no ano de 2007 resolvi largar o conforto da  cidade grande  para vir morar literalmente dentro do mato, num pedacinho da Mata  Atlântica numa cidade da região serrana  localizada a 70 km do Rio de Janeiro.
Dentre as muitas espécies de plantas que me rodeiam, existe uma que considero a  mais bela de todas - a orquídea. As orquídeas são plantas lindíssimas, mas de trato  difícil.
Como aqui é um lugar de histórias, hoje eu trago para vocês uma belíssima lenda  que conta como a primeira orquídea surgiu no mundo. 
Embora fuja um pouco da minha proposta para este meu espaço ( esta é uma lenda oriental ), não pude resistir aos encantos dessa linda história de amor e de paixão. 
Espero que gostem.


Bem, foi desse jeito que eu ouvi dizer...


Na cidade chinesa de  Anan existia uma formosa jovem chamada Hoan-Lan. Essa  linda menina-moça  tinha por hábito se divertir as custas de quem se apaixonasse  por ela, chegando a levar alguns rapazes  ao suicídio, devido a sua frieza e  desprezo.
Cansado de ver tantos sofrimentos, um poderoso deus  decidiu castigar Hoan-Lan e  como castigo fez a volúvel jovem se apaixonar perdidamente  pelo formoso   Mun-Say, sem que esse lhe prestasse a mais pequena atenção.
Desesperada pelo amor de Mun-Say, Hoan-Lan procurou o deus da montanha de  Tan-Vien e implorou-lhe ajuda, mas este estava tão zangado com a atitude da  jovem, que mandou-a embora. Na saída da gruta, Hoan-Lan  encontrou uma bruxa  de pés de cabra que ofereceu vingança contra o seu amado em troca da alma da  jovem. Perdidamente apaixonada, aceitou o pacto e a bruxa fez um feitiço com a  folha  de palmeira e enterrou-a depois de pronunciar umas palavras desconhecidas.
Passado alguns dias, Hoan-Lan viu seu amado Muy-Say de longe e correu a seu   encontro, mas quando se preparava para abraça-lo, o jovem rapaz transformou-se  numa árvore de ébano.

Chorando muito junto ao amado, ali ficou durante muito tempo até que despertou a  compaixão  de um deus que, colocando o dedo  na testa da moça, a perdoou,  transformando-a numa flor antes que a bruxa lhe retirasse a alma. No entanto,  concedeu que jamais se separasse de seu amado, vivendo da seiva da árvore.

E foi assim que apareceu a primeira orquídea.