Na época das festas de meio de ano eu deitava e rolava, podia sair (debaixo dos olhos de meus pais, é claro), ver gente, ver alegria. Tinha uma vida farta, contudo era uma criança muito triste, triste por não ter ninguém com quem conversar e dividir os meus pensamentos.
Os meses de junho/julho eram de férias escolares e - não era sempre - ia para uma a localidadezinha litorânea chamada Ilha de Itacuruçá onde, todos os anos passava as minhas férias de verão - livre, solta em cima de uma bicicleta, sentindo o vento em meu rosto nas caronas que pegávamos nos barcos carregados com bananas ou dentro do mar, coisa que gostava muito de fazer: nadar.
E nos meses de junho e julho, Itacuruçá virava uma festa só. Todos se reuniam em t

Era muito engraçado quando juntavam os primos e ficávamos esperando os pais dormirem para que pudéssemos entrar em ação. Era um tal de bacia d’água... Durante o correr do ano, como não era boba nem nada, fazia a manutenção dos pedidos e cuidava para não dar sossego ao pobre do santo: enchia os pés do dito cujo de pedidos. Uma das vezes quase derrubei o santo do altar . Perturbei tanto o coitado que me casei por duas vezes.
Para quem acredita no poder das simpatias, vou postar as dez que considero melhores, das quais nunca deixava de fazer.
E você faça com fé.
1. Compre uma pequena imagem de Santo Antônio, imagem esta que você consiga colocar no interior de um copo virgem. Atenção: o copo precisa ser virgem. Pingue no copo gotas de leite materno e afunde a imagem de cabeça para baixo, dizendo com convicção: “Santo Antônio, só vou tirá-lo daí quando eu conseguir o amor verdadeiro” ( então diga o nome da pessoa).
2- Para quem é ansioso e deseja descobrir o nome do futuro companheiro, deve fincar um facão virgem à meia-noite do dia 13 de junho numa bananeira. O líquido que escorrer da planta deve formar a letra do futuro amor.
Cuidado: finque o facão e não olhe nunca para trás, caso contrário a bananeira vai gemer e você correr de medo.
OPS! Hoje não faria mais esta simpatia: sou ambientalista e jamais machucaria um ser vivente.
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3- Uma das mais antigas tradições diz que, para descobrir o futuro companheiro é preciso escrever os nomes dos candidatos em vários papéis. Um deles deve ser deixado em branco, sem nenhum nome (o que pode significar que o futuro companheiro não está listado ali). À meia-noite do dia 12 de junho, eles devem ser colocados dentro de uma bacia com água potável, que passará a madrugada no sereno. No dia seguinte, o nome que estiver mais aberto indicará o escolhido.
4- Para descobrir o tempo que falta para a tão sonhada data do casamento, na véspera do dia 13 de junho, à meia-noite, pegue uma aliança – que pode ser de qualquer parente – e coloque-a num cordão de ouro. Abra a mão esquerda e mire- a (tipo um pêndulo) bem no centro da mão direita. Pergunte então, para Santo Antônio, quantos anos faltam para o casório. O número de balanços informa quantos anos ainda restam para o grande dia

5- Para aqueles mais afoitos ainda resta outro recurso: devem ir a um casamento e dar de presente aos noivos uma imagem de Santo Antônio, sem o Menino Jesus. Na hora da cerimônia pedir para que Santo Antonio arranje um casamento para você. Assim que a graça for alcançada, deve retornar à igreja e lá depositar a imagem do Menino Jesus.
6- Agora para os que já estão acompanhados mas ainda não subiram no altar e sonham com isso, existe uma saída: amarrar um fio de cabelo seu ao do namorado (todo cuidado é pouco, não deixe que ele perceba sua manobra).
Eles devem ser colocados aos pés do santo que, logo, logo, resolve a peleja.
7- À meia-noite do dia 12 de junho, quebre um ovo dentro de um copo virgem com água e o coloque no sereno. No dia seguinte, interprete o desenho que se formou: se aparecer algo semelhante a um vestido de noiva, véu ou grinalda, o casamento está próximo.
Esse babado é fortíssimo !
8 - Para a pessoa saber se o futuro marido será jovem ou mais velho, é preciso arranjar um ramo de pimenteira. De olhos fechados, ela deve pegar uma das pimentas: se a escolhida for verde, ele será jovem. Caso contrário, o casamento acontecerá com alguém de idade avançada.
9- A cultura popular acredita que há uma forma especial de fazer as pazes entre casais brigados. Para isso, é preciso um cravo e uma rosa. Os talos devem ser amarrados juntos a uma fita verde, na qual serão dados 13 nós. Durante o ato do nó, o devoto deve pedir para que Santo Antônio una-os outra vez.Depositar no altar ao lado de Santo Antônio.
10 - E por último a minha preferida: colocar o nome do namorado nos pés de Santo Antônio e pedir com muita fé, que o casamento saia logo.
E foi desse jeitinho que vivemos felizes até os dias de hoje.
V E RD A D E !
10 comentários:
Olá, querida Sil
Também brinquei assim... era divertido... coisas de adolescente romântica...
Valeu a pena recordar... tempo de inocência!!!
Bjs de paz
Parabéns,Silvana!Adorei seu blog.Sou carioca e professora tb,mas estou fora do brasil,por enquanto.
Adorei este blog por indicação da cátia Marx, que leu "A Origem do Mundo segundo os Guaranis" no meu blog e deixou um recadinho para conhecer o seu " Foi assim que ouvi dizer".
Muito bom, adorei...
Venha conhecer o meu cantinho!
perptua.blospot.com... Beijocas!
Off Topic
Convido os amigos a fazerem parte do site http://mensalao.ning.com/ que tem como objetivo conscientizar os público sobre os crimes do mesnalão. Contamos com sua participação e sugestões
Silvana
Nunca vi tanta crendice junto.
Na minha cidade o padroeiro é santo antonio de Pádua. Mas ninguem pede pra casar.
Por isso aqui em casa tem duas solteironas.
com carinho Monica
A nossa tradição é semelhante. O que, aliás, nos une:)
Curioso subtítulo: o Brasil fala do Brasil.
Aqui só nos falta falar brasileiro, que agora já se escreve.
Um abraço:)
FÉNIX RENASCIDA (aliás, Sara)
http://srevoredo.blogspot.com
Olá Silvana! Passei por aqui e deleitei-me em leituras pelo seu ma-ra-vi-lho-so blog, parabéns!
Silvana,
Faz um tempo que não vinha aqui ler as suas maravilhosas histórias, que nos transportam para a cultura popular e que é um louvável trabalho de resgate, muito importante e saudável. Tinha saudade. O meu tempo perdeu-se um pouco desse tempo calmo de contar histórias, numa civilização dominada por horários e compromissos menos saudáveis.
Somos escravos de um tempo sem história.
Voltei e espero ter agora tempo para não a perder mais de vista.
Beijos
Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Nayara e cheguei até vc através do Blog Viva e deixe viver. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir um blog do meu amigo Fabrício, que eu acho super interessante, a Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. A Narroterapia está se aprimorando, e com os comentários sinceros podemos nos nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs
Narroterapia:
Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.
Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.
http://narroterapia.blogspot.com/
Um post muito interessante.( Não pelas simpatias, casei com 20 anos tenho 64 e se voltasse atrás escolheria de olhos fechados o mesmo homem.)
Mas pelo que encerra de cultura popular e de recordações.
Um abraço e um santo domingo
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