quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ô POVO SURPERTICIOSO !

As origens das crendices e superstições são tão antigas quanto a própria humanidade. No Brasil, chegaram com os portugueses, mesclaram-se às crenças dos indígneas e posteriormente a dos africanos escravos. E com o decorrer do tempo foram incorporadas à cultura brasileira juntamente com as crenças de outros imigrantes que aqui aportaram.

O homem ancestral, não encontrando explicação para alguns fenômenos da natureza ou origem das coisas, buscava em sua imaginação alguma explicação mágica. O medo e a dúvida foram os grandes geradores de crendices, e as tentativas de neutralizar estes medos e presságios geraram uma série incalculável de crenças que o povo possui.

Para o folclore, crendice é toda aquela crença em coisas que a lógica não explica, e a superstição é essa mesma crença quando envolve o medo de conseqüências. Por exemplo: Virar a vassoura atrás da porta para a visita ir embora é uma crendice; acreditar que o gato preto dá azar é superstição, pois envolve o medo do azar. De forma simplificada pode-se dizer que sempre se diz 'não presta' é superstição, quando apenas se acredita, sem medo, é crendice.

Crendices gerais:


    * Comer frutas com grãos no Ano Novo (uva, romã, etc) para ter sorte e fortuna durante o ano todo que está começando.
    * Ferradura atrás da porta afasta o mau olhado.
    * Sal no fogo afasta visitas.
    * Varrer os rastros de uma pessoa afasta-a para sempre.
    * Derramar açúcar traz sorte.
    * Quando o grilo canta dentro de casa é sinal que se receberá dinheiro.

Crendices e superstições ligadas a namoro, noivado e casamento.

    * A jovem que pega o buquê da noiva será a próxima a casar.
    * Varrer os pés de moça solteira, não casa naquela ano.
    * Moça que abre sombrinha dentro de casa fica "para titia".
    * Quando a fumaça do cigarro forma um círculo é por que a pessoa amada está pensando na outra .

Ligadas à gravidez, ao nascimento ou recém-nascido:

    * Não deve pular cerca, senão a criança nascerá aleijada.
    * Quando a grávida tem desejo e não é atendida, a criança nasce de boca aberta ou fica "babão", e quem não atende fica com terço.
   * Criança que ri dormindo está sonhando com os anjinhos.
    * Para passar soluço do nenê, deve-se colocar na testa do mesmo um fiapo de lã, de preferência vermelho; colar com a saliva da mãe.

Superstições gerais:

    * Xícara virada com a boca para baixo atrasa a vida.
    * Chinelo ou sapato virado provoca a morte da mãe.
    * Enrolar as meias enrola a vida.
    * Espelho quebrado dá sete anos seguidos de azar.
    * Varrer a casa à noite atrai desgraças.
    * Apontar para as estrelas faz nascer verrugas nos dedos da mão.

A Lua

A grande maioria de nossas crendices herdamos de Portugal, onde o povo - apesar de religioso - acredita em muitas coisas que a lógica ou a racionalidade não explicam. No meio rural é crença generalizada que a lua tem influência direta em toda a atividade humana, especialmente na lavoura, na pecuária, no clima, nas chuvas e até mesmo na vida do homem. 
Para quem lida com plantações, as fases da lua devem ser cuidadosamente observadas. 
Exemplos:

Legumes de cabeça (repolho, alface e outros) devem ser transplantados na minguante e as folhosas (couve, radiche, espinafre, etc) na nova.

Quem cria aves deve cuidar para que o nascimento dos pingos não ocorra na minguante. Se forem colocados no "choco" na minguante, os ovos "goram" e perde-se a ninhada. A influência da lua e das tempestades é neutralizada por um prego enferrujado ou pedaços de carvão colocados no ninho.

Para o cabelo crescer rapidamente deve ser cortado na nova, crêem alguns, outros acreditam que na nascente. É consenso que quem tem muito cabelo e não quer que cresça logo, deve corta na minguante.

Não se deve deixar as fraldas do recém-nascido no varal à luz do luar, pois este terá cólicas. Se isto acontecer, a mãe com o filho nos braços o mostra para a lua e reza esta oração "Lua, luar, me deste este filho e me ajuda a criar".

A MORTE:

    * Não se deve costurar roupa no corpo de uma pessoa, por que essa pessoa pode morrer muito breve, "só se costura no corpo mortalha de defunto". Se for necessário, proceder a costura dizendo "eu te coso vivo e não morto".
    * Dormir com os pés virados para a porta da rua é agouro de morte.
    * Doente que muda de cabeceira na cama está às portas da morte.
    * Dormir sobre a mesa chama a morte.
    * Treze pessoas sentadas à mesa ocasionará a morte de uma delas, geralmente da última que chegou.
    * Cachorro que uiva à noite, coruja que pia em cima da casa, ou borboleta preta (bruxa) entrando na residência é sinal que a morte anda rondando alguém da família.
    * Para que um defunto não inche, deve-se colocar uima chave na sua mão.

Sobre doenças:

    * Urinar contra o vento dá gonorréia.
    * A urina do sapo cega.
    * Mijar em cima de tijolo quente é bom para urina presa (anúria).
    * Uma ferradura afixada numa porta evita que a doença entre na casa.
    * encharcar um pedaço de pão com a saliva de cirnaça acometida de coqueluche e dando-o para um cão comer, a doença transfere-se para o animal.

Sobre mau-olhado, azar, olho-grande

    * Matar um grilo traz azar.
    * Matar um urubu atrasa a vida.
    * Um colar feito com sete cabeças de alho previne contra o mau-olhado.
    * É mau agouro colocar tições em forma de cruz no fogo.

Outros assuntos:

    * Para obter um sono leve basta colocar sob o travesseiro um esporão de quero-quero.
    * Menino que brinca com fogo, mija na cama.
    * Urinar na água é o mesmo que mijar na cara da madrinha.
    * Botar sal no fogo é atraso na vida.
    * Cobra não morde mulher menstruada por que, se o fizer, morrerá.
    * Mulher grávida não deve portar uma chave no seio, pois se assim proceder, a criança pode nascer com lábio leporino.
    * Se a gestante apresentar a barriga arredondada, nascerá uma mulher; se mostrar-se pontuda, virá um homem.
    * Pendurando-se uma aliança em fio de cabelo da gestante, se o seu movimento for para a frente e para trás, virá um menino; se for lateral, nascerá uma menina.

O que não se deve fazer:

    * Colocar duas vassouras juntas num canto da casa - porque faz com que haja briga na família.
    * Guardar espelho quebrado - por que dá azar, dá peso, atrai desgraças.
    * Passar por baixo de escada - pelos mesmos motivos acima.
    * Casar em agosto - porque é o mês do desgosto. O casamento não será feliz.
    * Duas pessoas lavarem as mãos ao mesmo tempo - porque prejudica uma delas.
    * Por sal no fogo - afugenta as visitas.
    * Matar sapo - traz chuva.
    * Dar e tornar a tomar - porque fica corcunda ou fica aleijado.
    * Comer na panela - se é moça solteira, choverá no dia do casamento. se é rapaz solteiro, idem. Se já forem casados, estão provocando a miséria.
    * Comer com chapéu na cabeça - porque o diabo se ajunta à mesa.
    * Comer peixe e carne misturados - além de falta de respeito, faz mal.
    * Deixar chinelo emborcado dentro do quarto.
    * Apontar ou contar estrelas - por que cria verrugas.
    * Sair montando em cavalo de pelo branco em dia de tempestade - por que o pelo branco do cavaloa atrai os raios.
    * Ter pica-pau em casa - porque é ave agourenta .

O que se deve fazer:

    * Usar ou colocar debaixo da cama uma vara de cipó - para afugentar cobras de dentro de casa e não permitir que entrem no quarto.
    * Matar imediatamente a galinha que cantar como galo - para evitar desordens em casa.
    * Para ter sorte e evitar mau olhado - deve-se usar um galhinho de arruda atrás da orelha.
    * Ao passar por um gato preto pela frente da pessoa, esta deverá dar três pancadas ou com o pé no chão, ou com a mão esquerda numa parede, para conjurar o azar .
Fonte de pesquisa:
Ribeiro,  Paula S. "Folclore: similaridades nos países do Mercosul" - Martins Livreiro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

QUEM TEM MEDO DO LOBISOMEM ?

Diz a lenda que quando uma mulher tem 7 filhas e o oitavo filho é homem, esse menino será um Lobisomem. Isso é certo. 
Também o será, o filho de mulher amancebada com um Padre.
Sem contar que filho de lobisomem, lobisomem é.
Sempre pálido, magro e orelhas compridas, o menino nasce normal. Porém, logo que ele completa 13 anos, a maldição começa.
Na primeira noite de terça ou sexta-feira, depois do aniversário, ele sai à noite e vai até um encruzilhada. Ali, no silêncio da noite, se transforma em Lobisomem pela primeira vez, e uiva para a lua.

Daí em diante, toda terça ou sexta-feira, ele corre pelas ruas ou estradas desertas com uma matilha de cachorros latindo atrás.
Nessa noite, ele visita, 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde passa, açoita os cachorros e apaga as luzes das ruas e das casas, enquanto uiva de forma horripilante.

Antes do Sol nascer, quando o galo canta, o Lobisomem volta ao mesmo lugar de onde partiu e se transforma outra vez em homem. Quem estiver no caminho do Lobisomem, nessas noites, deve rezar três Ave-Marias para se proteger.

Para quebrar o encanto, é preciso chegar bem perto, sem que ele perceba, e bater forte em sua cabeça. Se uma gota de sangue do Lobisomem atingir a pessoa, ela também vira Lobisomem. 

Quem se habilita ?

Saudações Florestais !

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.




- Hino Nacional Brasileiro em Idioma Tupi-

Nheengarissáua Retamauára

Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.

Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.

Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !

Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !

Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !

Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!

Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !

Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.

Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !

Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.

Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !

Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!


PARABÉNS AO POVO BRASILEIRO POR TUDO QUE CONSEGUIMOS CONQUISTAR

ATÉ O PRESENTE MOMENTO.


Saudações Florestais !

domingo, 6 de setembro de 2009

A INTERNACIONALINAÇÃO DO MUNDO.

Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.
Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha. De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.

Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado.
Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.

Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade.
Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéi
a de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemo
s usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

(Cristovam Buarque)


(*) Cristovam Buarque, 58, doutor em economia e professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), foi governador do Distrito Federal pelo PT (1995-98). Autor, entre outras obras, de "A Segunda Abolição" (editora Paz e Terra).
5 DE SETEMBRO - DIA DA AMAZÔNIA -

Saudações Florestais !

sábado, 5 de setembro de 2009

LITERATURA DE ESTRADA.


"Literatura de estrada" ou "literatura de caminhão", são algumas denominações utilizadas para os famosos ditos populares escritos em pára-choques de caminhão.
As tradicionais “frases de caminhoneiro” acabam sendo passa-tempo de muitos nas grandes rodovias.
Vejamos algumas bem interessantes:

"A calcinha não é a melhor coisa do mundo, mas está bem perto".
"Se dinheiro falasse, o meu diria tchau".
"O céu é o paraíso. Edir Macedo é o pedágio".
"Bebo porque sou egocêntrico: gosto que o mundo gire ao meu redor".
"Não beba dirigindo, você pode derrubar a cerveja".
"Se não puder ajudar, atrapalhe. Afinal, o importante é participar".
"Mulher de estrada e freio de mão, só na emergência".
"Quem gosta de mulher feia é salão de beleza".
"Não sou rei, mas gosto de uma coroa".
"Minha sogra caiu do céu...a vassora dela quebrou".
"Costurar é para modista. Permaneça na sua faixa".
"Caminhoneiro que tem mulher feia viaja sempre tranquilo".
"Marido de mulher feia tem raiva de feriado".
"Comprar caminhão e usar sutiã precisa peito".
"Tá com pressa ? Por que não veio ontem?".
"Sogra é igual a mandioca. As boas estão debaixo da terra".
"Mais atrasado que gago em reza de terço".
"Velocidade controlada por buracos".
"Quando a galinha é boa, o pinto não falha".
"Nas curvas de seu corpo, capotei o meu coração".
"Quem dá aos pobres nunca sobe na vida".
"É dando que se ganha má fama".
"Em terra de cego quem tem um olho vê cada coisa...".
"Os últimos serão desclassificados".
"Quem tudo quer, tudo pede".
"Quem é vivo sempre aparece nas horas mais impróprias".
"Quem cedo madruga não pega ônibus lotado".
"Depois da tempestade o trânsito pára".
"O pior cego é aquele que anda sem bengala".
"Feliz foi Adão, que não teve sogra e nem caminhão".
"Ser canhoto é fácil. O difícil é ser direito".
"Duas palavras que abrem muitas portas: puxe e empurre".

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Então deixe registrado a sua frase preferida.

Saudações Florestais !

INOVAR É CONSERVAR A FLORESTA E COMBATER O AQUECIMENTO GLOBAL.


A Amazônia abriga 3,6% de toda água doce do

planeta

e 73% da água disponível no Brasil para consumo.


Preservar a floresta é garantir a integridade da maior

reserva hídrica do mundo.


Pense nisso !

Saudações Florestais !

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

BRINCADEIRA DE CRIANÇA E DE ADULTO TAMBÉM.



“Infância mesmo
a gente só pode ter
depois de crescer.
Porque antes
a gente não sabe.”...

Não é uma pena que a gente só descubra a infância depois que ela passou? Que ela seja como um sonho de que só temos consciência quando acordamos, já adultos? Ah, se pudéssemos retornar o sonho, tão próximo e tão distante, interrompido pela vida, para revivê-lo plenamente, com a consciência, com os sentidos despertos, revela o poeta J.G.de Araújo Jorge.
Lembrar da nossa fase de criança é sempre uma coisa muito prazerosa.
E o jogo da amarelinha faz parte dessa memória de todos nós - é uma das brincadeiras de rua mais tradicionais do Brasil.
Hoje, em tempos de jogos eletrônicos, internet e televisão, surpreendentemente a brincadeira simples sobrevive firme e forte nos hábitos de milhões de crianças.
Além de amarelinha e pular-macaca, esse jogo é conhecido por muitos nomes diferentes em diversas partes do mundo
Vejamos:
Rio de Janeiro = academia, cademia, marelinha, casco
Bahia = pular-macaco
Minas Gerais = maré
Rio Grande do Norte = avião
Pernambuco = quadrinhos
Rio Grande do Sul - maré, sapata
Santa Catarina= queimei
Espanha = cuadrillo, infernáculo, reinamora, pata coja
Chile e Peru = rayvela
Colombia = coroza, goloza
Estados Unidos = hopscotch
Portugal = pular macaca
França = MARELLE, denominação que deu origem a Amarelinha, Marelinha e maré no Brasil.

PULAR MACACA = Os paralelepipedos, pedras retangulares que eram usadas para pavimentar as vias públicas, também eram chamados de macacos. Como as crianças aproveitavam os riscos geométricos dessas pedras para desenhar o jogo, originou-se o nome pula macaco, que depois virou macaca, talvez por ser um jogo praticado por meninas, que preferiam usar a forma feminina
É um jogo considerado inteligente, pois tem regras que exigem habilidade e bom raciocínio.
Pergunto: - Como é conhecido esse jogo onde você mora?

QUEM NUNCA PULOU AMARELIMNHA QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA.

Saudações Florestais !

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

AS MULHERES-GIRAFA.

As transformações operadas no corpo são manifestações culturais e refletem aquilo de mais original e peculiar de cada sociedade. São notáveis as transformações corporais a qu
e se submetem as africanas de Congo.

Através de incrustações de objetos na cartilagem do nariz, no lóbulo da orelha e nos lábios, principalmente, elas distorcem radicalmente o formato original de suas feições criando furos gigantescos, esticamentos descomedidos.

Outro método muito comum é um tipo de queimadura que cria na pele uma textura repleta de erupções. Essas práticas africanas têm propósitos absolutamente culturais, com rituais significativos.

Um exemplo eloqüente dessa manifestação cultural por intermédio do corpo é o praticado pelas “mulheres-girafa” de Gana, que aumentam o comprimento do pescoço com o uso de coleiras de metal...
Já se conheciam mulheres-girafas na África, mas a origem desse hábito na Ásia tem várias interpretações lendárias:

– O colar teria sido uma punição para as mulheres adúlteras de antigamente;

– Uma proteção para as camponesas contra os tigres que as atacavam na garganta para beber seu sangue quando trabalhavam nos campos;

– Os homens teriam feito isso com suas mulheres para torná-las feias, evitando que fossem raptadas ou, ao contrário, ornamentavam-nas dessa maneira para mostrar sua riqueza e se fazer respeitar;

– O colar espantaria os nats – forças sobrenaturais para as quais os birmaneses animistas (que cultuam a natureza) e até mesmo budistas constróem altares embaixo de grandes árvores – os nats bons enviam boas vibrações do céu, enquanto os maus se intrometem nos assuntos terrenos;

– Também uma das explicações é que, para os padaungs, o centro da alma é o pescoço. Assim, para proteger a alma e a identidade da tribo, as mulheres protegem o pescoço com aros, entre cinco e 25, cada qual com 8,5 milímetros de diâmetro, antigamente de ouro e, hoje, de cobre ou latão.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

PAIXÃO PELA PALAVRA: MANOEL DE BARROS.


- A NAMORADA-

"Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim".

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

OS MAKONDES E SUAS ESCULTURAS EM PAU PRETO.



Os Makondes são um povo da África oriental que habitam os planaltos do norte de Moçambique e sul da Tanzânia.
Têm como atividades principais, a agricultura e a escultura, sendo apreciados e conhecidos mundialmente pelas suas belas máscaras e esculturas em madeira, que refletem a sua estética e rica cultura.
Os Makondes, em sua grande maioria, mantêm uma religião tradicional embora parte da população seja hoje cristã.Eles são um povo Bantu provavelmente originário de uma zona a sul do lago Niassa – Na fronteira entre Moçambique, Malawi e Tanzania. A hipótese desta origem foi apurada a partir da análise de fontes escritas e orais, e é ainda reforçada por semelhanças culturais com o povo Chewa, que ainda hoje habita uma vasta zona a sul e sudoeste do lago Niassa, no Malawi e na Zâmbia.
Mantiveram-se muito isolados até tarde, pois só no século XX é que os portugueses, que na altura colonizavam Moçambique, conseguiram controlar as zonas por eles habitadas. A isto se deve à sua localização, protegida por zonas ingremes de difícil acesso e por florestas densas. Fato este de os Makondes terem ganho uma imagem de violentos e irrascíveis que também ajudou ao seu isolamento.
Desta forma, conseguiram manter uma forte coesão cultural, que apesar de ter diminuido nos anos que se seguiram à chegada dos portugueses, ainda assim conseguiu resistir em vários aspetos. Também a religião tradicional se manteve dominante, tendo as conversões ao cristianismo começado apenas por volta de 1930.
Falando um pouco de suas esculturas, hoje em dia a maior fonte de renda deste povo,todos os tipos de objetos são feitos com grande sensibilidade estética e demonstram um amor pela beleza;
Os Makondes, assim como muitos outros povos, dão muita importância aos ritos de passagem, sendo os mais importantes os ritos de iniciação masculina e feminina. E ligada aos ritos de iniciação masculina, está a mais importante dança dos Makondes, o Mapico, onde são usadas máscaras com o mesmo nome.
Esta dança é muito importante na vida dos Makondes de Moçambique, havendo uma aura de mistério e segredo rodeando a preparação das máscaras e a dança propriamente dita, sendo, por exemplo, importante que não se saiba a identidade do dançarino.
Para a dança, um jovem mascara-se de homem ou animal, vestindo panos e usando uma máscara Mapico na cabeça. Existem vários passos que o dançarino executa, sempre em sintonia com a música dos tambores, apresentando uma espécie de encenação teatral, que encanta e diverte todos os que assistem.
Depois de um extase de atividade por parte do dançarino, segue-se uma encenação de perseguição e fuga, entre o dançarino e um grupo de aldeões.
O Mapico é o centro das festas tradicionais, em que são realizadas as cerimónias de iniciação.
Depois da chegada dos portugueses às áreas Makondes, muito rapidamente as autoridades coloniais e os missionários, se aperceberam do grande talento e técnica dos artistas, e usaram esse talento para satisfazer os seus interesses, dando origem a esculturas de Cristo, virgens e bustos do ditador Salazar, do poeta Camões, Alexandre Herculano, e de outras individualidades da história portuguesa.
Também surgiram esculturas tipificadas, tais como: o fumador de cachimbo, o caçador, o lavrador, a mulher transportando água, a mulher pilando alimentos, etc.
O interesse por esta produção de esculturas foi tão grande que levou a uma maior organização da produção, com diversificação e criação de novos temas.
Este fenômeno mudou por completo o mundo do escultor Makonde, que passou de camponê a um artista quase a tempo inteiro.
Apesar destas mudanças importantes e do impacto da cultura exterior na sociedade Makonde, a tradição continua a ter muita força e a enquadrar a vida dos artistas, que continuam a cumprir os seus deveres na sociedade tradicional.
Aconteceram grandes alterações econômicas e sociais nas últimas décadas na sociedade Makonde, que no entanto tem conseguido adaptar-se relativamente bem às mudanças e manter um saudável equilibrio.

Saudações Florestais !

domingo, 30 de agosto de 2009

FOLIA DE REIS.

Em nome de Deus pedimos
Que tu sejas batizado
Os três Reis são os padrinhos
Que recebem o afilhado

Sua promessa estácumprida
Os três Reis estão presentes
Seu filho será guiado
Pelos Magos do Oriente.

O Reisado foi introduzido no Brasil-Colônia pelos portugueses no século XIX. É um espetáculo popular das festas de Natal e Reis, cuja ribalta é a praça pública, a rua, mas as vezes pode ser apresentado em residências.

Folia de Reis ou Reisado ou ainda Terno-de reis constitui um dos mais originais folguedos da nossa cultura popular.
É uma folia conhecida em Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo .
No interior, é uma dança do período natalino em comemoração ao nascimento do Menino Jesus e em homenagem aos Reis Magos: Gaspar, Melchior e Baltazar, que levaram ouro, incenso e mira, que representam as três dimensões de Cristo (realeza, divindade e humanidade).

Esta festa tem sua origem primária na Festa do Sol Invencível, comemorada pelos romanos e depois adotada pelos egípcios. A festa romana era comemorada em 25 de dezembro (calendário gregoriano) e a egípcia em 6 de janeiro. No século III, ficou estabelecido que dia 25 de dezembro se festejaria o nascimento de Cristo e 6 de janeiro, dia dos Reis.

A característica principal do reisado está no uso de muitos adereços, trajes com cores quentes e chapéus ricamente enfeitados com fitas coloridas e espelhinhos.
O reisado é composto de 4 a 6 mascarados que dão vida, hilaridade e rebuliço é brincadeira. Eles também devem proteger o Menino Jesus e confundir os soldados de Herodes. Acrobatas e declamadores, representam os soldados perseguidores do Menino. Tem ainda: rei, mestre-sala, alferes, a burrinha, o boi, o Jaraquá, a arara, o caipora, a ema, etc. Muitos outros personagens podem aparecer, dependendo da região em que esta festa é realizada. Todos acompanham uma bandeira, estandarte da folia, um quadrado de madeira com a Adoração dos Magos, ornamentada com flores e espelhos, carregada pelo alferes.

Na andanças pelos locais programados, não passam por baixo de varal de roupa, dá azar.
Se precisarem atravessar uma cerca de arame, não passam os instrumentos por baixo da cerca, eles perdem o som.
Se durante o "giro" precisarem consertar ou manter em ordem os instrumentos, têm o cuidado de não deixar no local nenhum resto de material usado nem do próprio instrumentos (por exemplo, pedaços de corda da viola), alguém pode empregar esses restos para fazer algum mal.

sábado, 29 de agosto de 2009

BRINCADEIRAS-DE-RODA.

Pode parecer curioso para alguns falar em cantigas-de-roda nos dias de hoje em tempos em que estas manifestações da cultura popular espontânea estão com o seu espaço tão diminuído. Nas ruas, nas praças, nos quintais está mais raro de se ver ou ouvir-se das bocas infantis aquelas canções que, na simplicidade das suas melodias ritmos e palavras, guardam séculos de sabedoria e a riqueza condensada do imaginário popular .
Porém, mesmo sem estarem em alta, também não estão extintas. E configurando uma situação contrastante e quase contraditória, elas sobrevivem à era do computador. Talvez como um reflexo da busca do contato com a expressão genuína e ancestral que é, em última instância, insubstituível.
O fato é que toda esta conjuntura não altera em nada
o teor valoroso intrínseco as cantigas e brincadeiras-de-roda. Elas continuam contendo símbolos fecundadores de toda a vida subjetiva, e continuam funcionando como pretextos maravilhosos para a criança experimentar o seu corpo, a linguagem, e para descobrir-se a si própria ao mesmo tempo se revelando ao outro e inserindo-se no convívio social.
Segundo Câmara Cascudo (1988), as rodas infantis que se apresentam no Brasil têm origem portuguesa, francesa e espanhola. Porém com a força do cantar e ouvir, abrasileiraram-se muitos destes cantos, sendo eles hoje tão nossos como se aqui nascidos.
Observando um grupo de crianças brincando espontaneamente com estas canções, ou, mergulhando no tempo e nos recordando das brincadeiras-de-roda vivenciadas na própria infância, percebo que algo precioso se proce
ssa. Trata-se de um movimento de entrega, de alegria e de intensidade vital.
Do ponto de vista pedagógico, estes jogos infantis são considerados completos: brincando de roda a criança exercita naturalmente o seu corpo, desenvolve o raciocínio e a memória, estimula o gosto pelo canto. Poesia, música e dança unem-se em uma síntese de elementos imprescindíveis a educação global.
Assim, ocorre que, cantando e dançando no grupo de brincadeiras, a criança traz elementos do passado da humanidade para o seu presente, a partir da vivência deste passado relacionado aos conteúdos do seu presente, encontra-se em
condições de projetar o seu futuro.

São exemplo de algumas:

"Cai, cai balão
Aqui na minha
mão.
Não vou lá!
Não vou lá !
Não vou lá!
Tenho medo de apanhar."

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"Bam-ba-la-lão
Senhor capitão
Espada na cinta
Sinete na mão."
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"Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar..."
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"Como pode peixe vivo
Viver fora d'àgua fria?

Como poderei viver

Sem a tua companhia?
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"...O anel que tu me deste
era vidro e se quebrou.
o amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou..."
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"Nesta rua, nessa rua
Tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão.

Dentro dele

Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração..."
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"A carrocinha pegou
Três cachorros de uma vez
Tra lá lá
Que gente é essa?
Tra lá lá
Que gente má!"
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"Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava

De umas dezoito lambadas

Samba, samba, samba o Lelê
Pisa na barra da saia, o Lelê!

Ô morena bonita,
Como é que se namora
Põe o lencinho no bolso,
Deixa a pontinha de fora"
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"Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão
Dararão, dão, dão !
Vem de lá seu delegado,
E pai Francisco
Vai para a prisão.

Como ele vem
Todo requebrado

Parece um boneco
Desengonçado!"
.............................................
"Ai eu entrei na roda
Ai eu não sei como se dança
Ai eu entrei na roda dança
Ai eu não sei dançar

Sete e sete são quatorze
Três vez sete é vinte-e-um
Tenho sete namorados

Só posso casar com um"
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"A linda Rosa juvenil, juvenil, juvenil,
A linda rosa juvenil, juvenil

Vivia alegre no seu lar, no seu lar, no seu lar
Vivia alegre no seu lar, no seu lar.


Mas uma feiticeira má, muito má, muito má
mas uma feiticeira muito má, muito má

Adormeceu a Rosa assim, bem assim, bem assim...
Adormeceu a Rosa assim, bem assim...

Não há de acordar jamais, nunca mais, nunca mais
Não há de acordar jamais, nunca mais.

O tempo passou a correr, a correr, a correr,
o tempo passou a correr, a correr

E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor
E o mato cresceu ao redor, ao redor

Um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei

Um dia veio um belo rei, belo rei

Que despertou a rosa assim, bem assim, bem assim
Que despertou a Rosa assim, bem assim."
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"A canoa virou
Por deixar ela virar.
Foi por causa da Fulana
Que não soube remar

Ai se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar

Tiraria a Fulana
Lá do fundo do mar ".

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"...o anel que tu me destes era vidro e se quebrou
o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou..."
..................................................
"Terezinha de Jesus, de uma queda foi-se ao chão
acudiram três cavaleiros, todos três chapéu na mão
o primeiro foi seu pai..."

Saudações Florestais !



sexta-feira, 28 de agosto de 2009

TUDO PELO VERDE.





"As árvores são fáceis de achar

Ficam plantadas no chão

mamando do sol pelas folhas
E pela terra.
Também bebem á água,
cantam no vento
E recebem a chuva de galhos abertos"


(As Árvores - Arnaldo Antunes e Jorge Ben Jor)


Elas nos alimentam com seus frutos, nos protegem sob suas copas, nos encantam som suas flores. Resistem ao vento, acolhem os humores do clima, recebem o rigor da tempestade e a crueldade das motosserras. São as mães da natureza. Guarde sempre um minuto para celebrar a beleza e o poder dessas criaturas que representam a generozidade da criação. Muito se fala da necessidade de preservar a Amazônia, o que é fundamental. Não se pode esquecer, porém, das urgências do ambiente urbano, que concentra hoje a maioria da população, em todo mundo.
A beleza de uma árvore florida toma conta dos olhos e da alma.
É impossível não se emocionar.


Eu amo as árvores.


O mundo depende das árvores para manter o ciclo das águas, a temperatura, o estoque de alimentos e a estabilidade ecológica.


Quem ama cuida.



"O homem, a fera e
o inseto à sombra
delas vivem, livres
da fome e de fadigas, e em seus
galhos abrigam-se
as cantigas
e os amores das
aves tagarelas"

(Velhas Árvores - Olavo Bilac )



Saudações Florestais !

terça-feira, 25 de agosto de 2009

UM ESPINHO DE MARFIM.

Amanhecia o sol e lá estava o unicórnio pastando no jardim da Princesa. Por entre flores olhava a janela do quarto onde ele vinha cumprimentar o dia. Depois esperava vê-la no balcão, e, quando o pezinho pequeno pisava no primeiro degrau da escadaria descendo ao jardim, fugia o unicórnio para o escuro da floresta.
Um dia, indo o Rei de manhã cedo visitar a filha em seus aposentos, viu o unicórnio na moita de lírios.
Quero esse animal para mim. E imediatamente ordenou a caçada.
Durante dias o Rei e seus cavaleiros caçaram o unicórnio nas florestas e nas campinas. Galopavam os cavalos, corriam os cães e, quando todos estavam certos de tê-lo encurralado, perdiam sua pista, confundindo-se no rastro.
Durante noites o rei e seus cavaleiros acamparam ao redor de fogueiras ouvindo no escuro o relincho cristalino do unicórnio.
Um dia, mais nada. Nenhuma pegada, nenhum sinal de sua presença. E silêncio nas noites.
Desapontado, o rei ordenou a volta ao castelo. E logo ao chegar foi ao quarto da filha contar o acontecido. A princesa penalizada com a derrota do pai, prometeu que dentro de três luas lhe daria o unicórnio de presente.
Durante três noites trançou com fios de seus cabelos uma rede de ouro. De manhã vigiava a moita de lírios do jardim. E no nascer do quarto dia , quando o sol encheu com a primeira luz os cálices brancos, ela lançou a rede aprisionando o unicórnio.
Preso nas malhas de ouro, olhava o unicórnio aquela que mais amava, agora sua dona, e que dele nada sabia.
A princesa aproximou-se. Que animal era aquele de olhos tão mansos retido pela artimanha de suas tranças? Veludo do pelo, lacre dos cascos, e desabrochando no meio da testa, espinho de marfim, o chifre único que apontava ao céu.
Doce língua de unicórnio lambeu a mão que o retinha. A princesa estremeceu, afrouxou os laços da rede, o unicórnio ergueu-se nas patas finas.
Quanto tempo demorou a princesa para conhecer o unicórnio? Quantos dias foram precisos para amá-lo?
Na maré das horas banhavam-se de orvalho, corriam com as borboletas, cavalgavam abraçados. Ou apenas conversavam em silêncio de amor, ela na grama, ele deitado aos seus pés, esquecidos do prazo.
As três luas porém já se esgotavam. Na noite antes da data marcada o rei foi ao quarto da filha lembrar-lhe a promessa. Desconfiado, olhou nos cantos, farejou o ar. Mas o unicórnio comia lírios tinha cheiro de flor, e escondido entre os vestidos da princesa confundia-se com os veludos, confundia-se com os perfumes.
Amanhã é o dia. Quero sua palavra comprida, disse o rei- virei buscar o unicórnio ao cair do sol.
Saído o rei, as lágrimas da princesa deslizaram no pelo do unicórnio. Era preciso obedecer ao pai, era preciso manter a promessa. Salvar o amor era preciso.
Sem saber o que fazer, a princesa pegou o alaúde, e a noite inteira cantou sua tristeza. A lua apagou-se. O sol mais uma vez encheu de luz as corolas. E como no primeiro dia em que haviam se encontrado a princesa aproximou-se do unicórnio. E como no segundo dia olhou-o procurando o fundo de seus olhos. E como no terceiro dia aproximou a cabeça do seu peito, com suava força, com força de amor empurrando, cravando o espinho de marfim no coração, enfim florido.
Quando o rei veio em cobrança da promessa, foi isso que o sol morrente lhe entregou, a rosa de sangue e um feixe de lírios.

( Marina Colassanti )

UMA IDÉIA TODA AZUL.

Um dia um rei teve uma idéia.
Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela idéia toda azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros, pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda idéia dele toda azul.
Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore.
Foi acordar tateando a coroa e procurando a idéia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a idéia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pega-la e levar. É tão fácil roubar uma idéia. Quem jamais saberia que já tinha dono?
Com a idéia escondida debaixo do manto, o Rei voltou pra o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao Corredor das Salas do Tempo.
Portas fechadas, e o silêncio.
Que sala escolher?
Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguiu a diante. Até chegar à Sala do Sono.
Abriu. Na sala alcochoada os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou á idéia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.
A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.
O tempo correu seus anos. Idéias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.
Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o liberaram do manto.
Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente.
- Ninguém mais se ocupa de mim – dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo – ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha linda idéia e guarda-la só para mim.
Abriu a porta, levantou o cortinado.
Na cama de marfim, a idéia dormia azul como naquele dia.
Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma idéia menina. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia. Entre ele e a idéia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na idéia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia. Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.
Depois baixou o cortinado, e deixando a idéia toda adormecida, fechou para sempre a porta.

(Marina Colassanti )

NÃO FALE NADA DE MAU.


As culturas indígenas tribais do mundo inteiro praticam formas de etiquetas tão individuais e diversas como as próprias tribos.

Um fio comum e muitas tribos é a prática de não dizer nada que seja prejudicial.

Os hábitos de trabalhar em silêncio ou cantar durante o trabalho e usar histórias para satisfazer a necessidade da comunidade de se juntar em grupos, não deixam espaço para as conversas descuidadas e o veneno do mexerico.

A compreensão de que todas as palavras refletem e criam energia positivas e negativa nos mundos invisíveis impede que a tagarelice negativa introduza a discórdia na vida cotidiana.

Ao usar o silêncio como forma de ser, as tribos adquirem mentes límpidas, que permitem a visão da energia.

Desta forma, os outros mundos que existem dentro da natureza ficam abertos, por causa do silêncio, e conseqüentemente passa a haver mais harmonia dentro da tribo.

Quando não se perde energia com negatividade, temos inspiração ilimitada para criar danças, história e cerimônias que comemoram o papel de cada indivíduo como um respeitado membro da tribo.


por Jamie Sams.

A ÁGUIA E O FALCÃO.


Conta uma velha lenda dos índios Sioux que uma vez Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas até a tenda do velho feiticeiro da tribo.


- Nós nos amamos e vamos nos casar, disso o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã...alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... que nos assegure quer estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada...Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte... e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, continuou o feiticeiro, deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!


Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada...

No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos... e viu que eram verdadeiramente formosos exemplares...


- E agora o que faremos? Perguntou o jovem. Nós as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue? Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? – Propôs a jovem.

- Não! – Disse o feiticeiro. Apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro...quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.


E o velho disse:

- Jamais esqueçam o que estão vendo... este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão... se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro... Se quiserem que o amor entre vocês perdure, VOEM JUNTOS, MAS JAMAIS AMARRADOS...