domingo, 28 de março de 2010

ALGUÉM AQUI É SUPERSTICIOSO ?

Do latim. superstitione. 
O Dicionário Aurélio define superstição da seguinte maneira:

1. Sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice.

2. Crença em presságios tirados de fatos puramente fortuitos.
3. Apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa

Quem é que nunca entrou em um casa nova com o pé direito ou não bateu na madeira para isolar o azar? Algumas supertições já fazem parte do dia-a-dia das pessoas.
É comum ouvir que nós, brasileiros, somos um povo muito supersticioso, talvez seja por sermos um povo mestiço: a cultura indígena com o espiritismo africano, misturado a práticas supersticiosas católicas, moldaram esses 500 anos de crendices brasileiras.
Você sabe o que isso significa? 
Uma pessoa supersticiosa possui apego infundado a qualquer coisa que lhe dizem, crê em fatos sem fundamento real, segue conselhos que nascem da crendice popular. É algo que passa de avós para netos, entre amigos, de geração a geração, é a chamada história oral.
Portanto, a explicação para isso se encontra dentro da psiqué de cada um de nós, das nossas experiências de vida.
Se algum dia alguma pessoa fez algo que deu certo e ela começa a atribuir isso à sorte: é o técnico de futebol que usa sempre a mesma camisa em jogos decisivos; é aquela pessoa que sempre usa a mesma caneta para fazer uma prova ou ainda aquele outro cidadão que sai com uma mesma medalhinha que lhe serve de talismã na hora de viajar - ela passa a atribuir ao amuleto a certeza de que aquilo está funcionando e isso funciona psicologicamente muito bem.
Vejamos abaixo algumas superstições bastante conhecidas e avalie você mesmo o quanto é supersticioso ou não.

 . Cruzar com gato preto na rua dá azar.
. Jogar sabão para Santa Clara faz parar de chover.
. Chinelo ou sapato com a sola virada para cima, o pai ou a mãe podem morrer.
. Sol com chuva, casamento de viúva.
. Quem não fica feliz por achar um trevo de quatro folhas? Opa, é sorte garantida para todo o dia.
. É sempre bom ter uma pimenteira dentro de casa, evita o mal olhado.
. Apontar estrela com o dedo faz nascer verruga.
. Mulher que tem o segundo dedo do pé maior que o primeiro, manda no marido.
. Cortar cabelo na sexta-feira Santa
não cresce mais.
 . A maneira mais eficiente de encontrar algo que desapareceu é dar três pulinhos para São Longuinho.
. Para dispensar uma visita chata, é só deixar uma vassoura de cabeça para baixo atrás da porta. 
 .Crianças que montarem em vassouras serão infelizes. 
 . Varrer a casa à noite expulsa a tranqüilidade
. Sexta-feira 13 é dia de azar e do lobisomem.
. Agosto é mês do desgosto .
. Assobiar à noite chama cobra.
. Se você colocar a meia do avesso, não se preocupe: sinal de que uma boa notícia está para chegar. 
. Comer manga com leite faz mal.
. Jogar sal no fogo espanta o azar.
 . Se sua orelha esquentar de repente, é porque alguém está falando mal de você. Nesse caso, vá dizendo o nome dos suspeitos até a orelha parar de arder. Para aumentar a eficiência do contra-ataque, morda o dedo mínimo da mão esquerda: o sujeito irá morder a própria língua.
. A pessoa que é pulada não cresce mais.
. O número 7 é o número da mentira.
 . Dentro de casa, o guarda-chuva deve ficar sempre fechadinho. Segundo uma tradição, abri-lo dentro de casa traz infortúnios e problemas aos familiares.

. Quem passa debaixo do arco-íris vira de sexo.
 . Aranhas, grilos e lagartixas representam boa sorte para o lar. Matar uma aranha pode causar infelicidade no amor.

Quem come banana à noite, passa mal.
 . Deixar um copo de vidro cheio de sal grosso no canto da sala, traz sorte.
 . Se tivermos um gato e formos mudar de casa, é bom passar manteiga em suas patinhas, para que ele não volte para a casa antiga.
 . Ver uma borboleta amarela voando, traz sorte para o dia.
. Três velas ou três lâmpadas acesas em um mesmo quarto podem ser prenúncio de morte. . Acender três cigarros com um mesmo palito de fósforo também significa perigo. 
. Quem canta na quaresma vira mula - de - padre.
 .Na hora de acordar, abra os dois olhos ao mesmo tempo para ver tudo com clareza e não ser enganado por ninguém. Ao levantar, procure dar o primeiro passo com o pé direito para atrair boa sorte e felicidade. 
 .  Faça um desejo ao cortar a primeira fatia de seu bolo de aniversário. 
Ponha um caroço de melancia na testa e, antes que ele caia, faça um desejo. Jogue uma moeda numa fonte. Só faça um desejo quando a água parar de se movimentar e você enxergar o seu reflexo. Os gregos atiravam moedas em seus poços para que estes nunca secassem. 
. É bom fazer um desejo ao usar um sapato novo pela primeira vez. 
  . Devemos sair de casa e entrar em qualquer lugar, sempre com o pé direito, para evitar o azar.
 . Sua mão esquerda está coçando? Então, prepare-se para receber um bom dinheiro extra. Se por acaso a mão que estiver coçando for a direita, tome cuidado: é provável que perca uma grande quantia. 
 . Coceira na sola do pé significa viagem ao exterior. 
 . Ter um elefante de enfeite  sobre um móvel qualquer, sempre com a tromba erguida mas de costas para a porta de entrada, evita a falta de dinheiro. 
 . Uma figura que garante carteira cheia é o Buda. Ele deve ficar em cima da geladeira, sobre um prato cheio de moedas.
 . Viu uma estrela cadente? Faça um pedido rápido, porque, segundo a crença, é garantia de que ele vai se realizar.
 . Quem comer muito à noite tem pesadelos.
. Passar debaixo da escada é má sorte.
. Quebrar um espelho, dá sete anos de azar.
. Colocar bolsa no chão faz o dinheiro acabar.
 Existem algumas crenças para tentar adivinhar: pedir a futura mamãe que mostre a mão uma delas. Se ela estender com a palma para baixo, será menino. Se a palma estiver para cima, nascerá uma menina. Isso sem contar com a linguagem do ventre: se for pontudo e saliente, sinal de que um menino está para chegar. Arredondado e crescendo para os lados? Menina à vista.
São tantas, cada uma mais curiosa do que a outra. Uma delas é a tradição de jogar arroz nos noivos. Ela teria começado na China há 2.000 anos. O arroz, na cultura chinesa, significa fartura. Por isso, se o casal se casa com uma chuva de arroz, ele nunca vai passar necessidades. Isso nasceu de um chinês muito rico na época que resolveu fazer o casamento da filha debaixo de uma chuva de arroz e as pessoas passaram a fazer igual.

 Ufa ! Cansei.
São tantas, difícil de lembrar.
Se você conhece alguma, então aumente a lista.

Eu confesso que a história  do chinelo virado me acompanha até os dias de hoje.
Mas quem não tem medo de perder os seus pais ?

Fonte: O Guia dos Curiosos.
(Desconheço a autoria das fotos publicadas acima)

quinta-feira, 25 de março de 2010

O HOMEM QUE BOTAVA OVO !?

Quem tiver o seu segredo,
Não conte a mulher casada,
Esta conta ao seu marido,
O marido aos camaradas...


Em algum lugar lá pelo interior desse Brasil, um marido tinha uma mulher que gabava-se em saber guardar segredo. Vivia dizendo que as outras eram saco rasgado e ninguém podia confiar senão no juízo dela.
Tanto se gabou e se gabou que o marido pensou em fazer uma experiência para ver se a mulher era mesmo segura de língua.
Uma noite, voltando tarde para casa, o homem trouxe um grande ovo de pata, que é muito maior do que os da galinha, e deitou-se na cama. Lá para as tantas da madrugada, acordou a mulher, todo assustado e, pedindo que ela guardasse todo segredo, contou que acabara de pôr um ovo!
A mulher só faltou morrer de admiração, mas o marido mostrou o ovo e ela acreditou, jurando que nem ao padre confessor havia de dizer o que soubera.
Ora muito bem. Pela manhã, assim que o marido saiu para o trabalho a mulher correu para a vizinha e, pedindo segredo de amiga, contou que o marido pusera um ovo na cama e estava todo aborrecido com essa desgraça.
A vizinha prometeu que ninguém saberia, mas passou o dia contando o caso, ao marido, aos vizinhos, aos conhecidos, sempre pedindo segredo.
E, como quem conta um conto aumenta um ponto, toda vez que a história passava adiante o ovo ia mudando de número. Primeiro era um, depois dois, deppois três... e ao anoitecer o homem já pusera meio cento de ovos.
Voltando para casa, o marido encontrou-se com um amigo e este lhe disse que havia novidade naquela rua.
- Qual a novidade ?
- Não soube ? Uma coisa bem esquisita! Imagine que um morador nesta rua pôs, penso eu, quase um cento de ovos, seu mano ! Diz que está muito doente e que cada ovo tem duas gemas. É mesmo o fim do mundo.
O marido não quis saber quem estava de vigia. Entrou em casa, chamou a mulher, agarrou uma bengala e passou-lhe a lenha com vontade, dando uma surra de preceito, que a deixou de cama, toda moída e com panos de água e sal.
Depois o homem saiu contando como o caso começara e a mulher ficou desmoralizada.

E você,  acaso sabe guardar segredo ?

quarta-feira, 24 de março de 2010

O FASCÍNIO IRRESISTÍVEL DA MULHER: IARA.

Quantas Yaras - com I ou com Y- não existem por aí que sequer sabem a história que se esconde sob seu nome ? Em Tupi, Yara significa a "mãe das águas". Sua estória está ligada ao fascínio próprio da mulher.
A Iara é uma dos mitos mais conhecidos da região amazônica. É uma linda mulher morena, de cabelos negros e olhos castanhos.
Exerce grande fascínio nos homens, pois aqueles que a vêem banhar-se nos rios, não conseguem resistir aos seus encantos e se atiram nas águas. Os que assim o fazem, nem sempre voltam vivos. Os que por um milagre sobrevivem, voltam assombrados falando em castelos e cortes de encantados. É preciso muita reza e pajelança para tirá-lo do encantamento.
Alguns descrevem Iara como tendo uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz que atrai e hipnotiza os homens.
Acredita-se também que ela tem forma de peixe na parte inferior, outros dizem que é apenas um vestido, ou uma espécie de saia, que ela veste por vaidade e para dar a ilusão de ser metade mulher, metade peixe. Em certos locais, dizem que Iara é um boto-fêmea.
Ela também encanta os homens só para levá-os para o fundo do rio. Em outros lugares dizem ser a própria cobra-grande.
Bem, se é mentira ou verdade, esta foto foi tirada por mim quando passeava de barco pelo rio Amazonas.

Eu juro que ela estava lá.

segunda-feira, 22 de março de 2010

DIA MUNDIAL DA ÁGUA.


A simbologia da água, nas antigas culturas, acha-se ligado à fecundidade.
Na tradição judaico-cristâ a água simboliza, em primeiro lugar, a origem da criação: quando havia o caos, o Espírito de Deus flutuava pelas águas. Portanto, "o seu destino é preceder a criação". A água é mãe e matriz, por conseguinte ela é um símbolo materno uma vez que nos liga ao nascimento.
Elemento indispensável para a vida dos homens, dos animais e das plantas, é usada como meio de limpeza física e na purificação cultural; é a fonte de regeneração e de renovação.
A água também tem um simbolismo duplo: é a fonte de vida e a fonte de morte, é criadora e é destruidora. Quando agitadas significam "o mal e a desordem"; quando calmas "a paz e a ordem". Essa dualidade é revelada nas águas de rios que podem ser  "correntes benéficas ou dar abrigo aos monstros".
Nelas, portanto, podem habitar os peixes ( símbolos do elemento água e, entre outros, do alimento eucarístico) como podem habitar monstros e outros seres fabulosos, criaturas imaginárias à semelhança do homem ou antropomórficas e/ou zoomórficas. Pode-se dizer que esses seres, embora acintosos para os homens, agem de modo positivo para com o ambiente aquático.
Para a população ribeirinha, "as águas têm um falar" que só eles decodificam porque possuem olhos e ouvidos "simbólicos" e, de todas as ligações que tiram de suas águas, eles atribuem não só à Iara, à Mãe D'Água, ao Caboclo D'Água, ao Negro D'Água, ao Minhocão, mas, também, a espíritos de índios, antigos habitantes do lugar e ancestrais de alguns moradores de hoje que, acreditam eles, permanecem nas suas margens protegendo o rio.
E enquanto ai permanecerem e atuantes, as águas continuarão a fluir limpas e claras, cheias de vida.

Fonte:
http://jano.nide.com.br/index.php/uniciencias/article/viewFile/

(Desconheço a autoria da foto publicada acima).

sábado, 20 de março de 2010

DIA DO CONTADOR DE HISTÓRIAS.

“Os pais narrativos serviam-se  de seu poder de dizer coisas significativas a seus filhos, dia após dia, até perceberem que eles estavam deixando de dar  ouvidos.
Era hora de deixá-los falar por si mesmos. 
O amor entre eles continua –
mas seu poder acabou”



-ranqueles- 
(índios sul-americanos dizimados no final do séc. XIX).
...........................................

O NASCIMENTO DO AMOR
- Lenda Kaxinauá -

Há muito tempo...na época dos avós dos nossos avós
Numa aldeia Kaxinawá no ocidente da Amazônia brasileira
O primeiro homem e a primeira mulher ...olharam para o céu.
Olharam...olharam...olharam...e viram...o sol e viram...a lua
Olharam... olharam...olharam e perceberam...o sol e a lua entreolhavam-se.
O primeiro homem e a primeira mulher entreolharam-se...
Com curiosidade...
Era estranho o que tinham entre as pernas...
Olharam-se... olharam-se...olharam-se...
O homem perguntou à mulher... te cortaram?
Não... sempre fui assim,
Respondeu a mulher.Ali havia uma chaga aberta!
Então o homem convidou-a a sentar-se.
Não te preocupes
não te preocupes
não te preocupes
Eu te curarei... eu te curarei...
Não comas mandioca
não comas banana-da-terra
não comas nada que se abra ao amadurecer...
Eu te curarei...
O homem saiu, foi à floresta.
Retornou com umas raízes, uns galhos e uns cipós...
Preparou um unguento e passou no corpo da mulher.
Não te preocupes
não te preocupes
Eu te curarei.
Beijou-a. Saiu. Foi à floresta.
Retornou. Trouxe folhas, ervas e flores.
Preparou um chá e deu para mulher beber...
Repetia. Não te preocupes
            não te preocupes
            eu te curarei
Saiu. Foi à floresta.
Retornou eufórico, saltitando e gritando.
Encontrei! Encontrei!
Acabara de ver um macaco curando a macaca na copa de uma árvore...
Convidou-a para um abraço, dizendo: é assim, é assim...
Abraçou-a fortemente.
Dos corpos entrelaçados exalou um perfume de cipó,
galhos, raízes, folhas, ervas e flores...
Com tal fulgor
Que o sol e a lua
Envergonhados
Esconderam-se...formando o primeiro eclipse...
Mas, o homem e a mulher continuavam abraçados.
É assim... é assim...
Com tal fervor
Que até os deuses
Morreram de vergonha
Mas... o homem e a mulher continuaram.
É assim... é assim...


HOJE É DIA DO CONTADOR DE HISTÓRIAS:

PARABÉNS PARA  NÓS OUTROS !
Afinal, sempre temos uma história para contar. 

(Desconheço a autoria da foto publicada acima).

quarta-feira, 17 de março de 2010

A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO.

Contam os índios que, há muito tempo, numa tribo do Sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. 
Melhor dizendo: apaixonaram-se. 
Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. O pai dela então perguntou:
- Que provas podes dar da tua força para pretenderes a mão da moça mais formosa da tribo? - As provas do meu amor! - respondeu o jovem.
O velho gostou da resposta, mas achou o jovem muito atrevido. Então disse:
- O último pretendente de minha filha falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei. Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova. Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram, dia e noite, vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado.
A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo, para ser o seu amor.
O tempo foi passando, passando ... e certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer! O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.
E esperou até a última hora do novo dia e então ordenou:

- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.
Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilhavam e seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Na aldeia todos se espantaram, e ficaram mais estupefatos ainda quando o jovem, ao ver a sua amada, pôs-se a cantar como um pássaro, enquanto o seu corpo, aos poucos, ia se transformando em um corpo de pássaro. E exatamente naquele momento os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em pássaro.
Então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta, onde desapareceram para sempre. Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro. A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem a sua casa e protegem os seus filhotes. 
  E os homens amam o João-de-barro, porque lembram da força de Jaebé: uma força que vinha do amor e foi maior que a morte!

(Fonte: Ayala, Walmir. Moça Lua e outras lendas. Ediouro Publicações S.A.).

segunda-feira, 15 de março de 2010

E FOI ASSIM QUE AS ESTRELAS SURGIRAM.

Era um tempo de grande seca para as tribos. Não havia alimento sobrando. As índias reunidas saíram em busca de comida para os maridos e os filhos.
Procuraram por todo o lugar e nada. Não viam caça, nem fruto, nem nada para comer.
No dia seguinte resolveram levar junto um grupo de curumins, quem sabe não dariam sorte?
E deu certo.
Logo acharam um grande milharal em que as espigas não haviam sido atingidas totalmente pela seca. Ali, puderam encher os cestos com espigas amarelinhas.
As crianças também ajudaram na colheita do  milho, mas a fome era grande e logo, sem que as mães percebessem,voltaram para tribo carregando uma boa parte das espigas colhidas.
Chegando na aldeia, pediram logo para a avó fazer um bolo. Ela fez e não demoraram a devorar tudinho, sem deixar qualquer pedaço  para a velha, que também estava há dias sem qualquer refeição. Só restaram mesmo algumas migalhas que os pássaros, também famintos, devoraram num piscar de olhos.
Quando terminaram a farra e de barriga cheia, ficaram envergonhados com a atitude egoísta que tiveram. Como podiam ter comido tudo sozinhos quando todos ainda estavam com fome?
Com medo do castigo que lhes seriam imposto, as crianças trataram logo de  fugir. Pediram para o colibri que amarrasse no céu o maior cipó que encontrasse, e por ele começaram a subir.
Quando notaram o sumiço dos curumins, as índias ficaram preocupadas e voltaram correndo para a aldeia. Ao chegarem, viram os curumins subindo o cipó.
Assustadas, elas começaram a subir também os cipós para salvá-los, mas eles estavam cada vez mais alto.
Como o cipó não era lá era lá muito forte, acabou rompendo com o peso, e as índias caíram no chão, transformando-se em onças. Os curumins, que já estavam no céu, não conseguiram mais voltar.
Assim, durante a noite, quem olhasse para o céu ainda podia ver os pontinhos brilhantes dos olhinhos dos curumins, transformados em grandes estrelas.

domingo, 14 de março de 2010

ANHANGÁ, O PROTETOR DA CAÇA.

Anhangá é um espírito que vaga pela mata como um fantasma ou assombração. Sua presença pode ser detectada por um assobio e depois disso, o animal que estava sendo caçado, desaparece como por um encanto.
Esse ser encantado e morador das florestas, pode assumir  a forma de diferentes animais mas, segundo os moradores da região amazônica, uma delas parece ser a mais preferida: a do cervo garboso com os olhos de fogo e uma cruz na testa ou um grande veado branco que desvia o caçador de seu objetivo. Anhangá além de enganar os caçadores desviando o tiro de sua arma, provoca febre e visões em quem o vê. Assim como o curupira, Anhangá é considerado o protetor da vida na floresta.
Segundo a crença popular, qualquer pessoa atacada por um animal selvagem pode se salvar gritando:
- "Valha-me Anahngá!".
Também se pode compactuar  com o Anhangá, prometendo tabaco em troca da embiara prometida.

Rios e matas,
passarela da ilusão,
muitas são as máscaras
do desfile de assombração

Caçador, muito cuidado
com o que irás caçar,
se for branco, veado,
é melhor não atirar.

Se de seus olhos afogueados
nem lhe deite um olhar,
pois é alma do outro lado,
é o encantado Anhangá.

Se quiseres  boa caça,
faz à ele um agrado:
na ponta de uma vara,
deixa um pouco de tabaco,
os fósforos e a mortalha,
para que faça  seu cigarro.

Anhangá quando fuma,
deixa de assoviar,
caçador vai à caça,
foi o trato com Anhangá.
Anhangá, Anhangá, Anhangá!
Anhangá, Anhangá, Anhangá !

( 3 Coelho)

sexta-feira, 12 de março de 2010

A PISADEIRA.

A Pisadeira é  uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando muita dor e falta de ar. Ela vive pelos telhados sempre à espreita esperando você deitar. Como já  dizia a minha santa vozinha (que Deus a tenha lá e eu aqui) : "a velha só vem quando alguém dorme de estômago muito cheio".

"Esta é ua muié muito magra, que tem os dedos cumprido e seco cum cada unhão! Tem as perna curta, cabelo desgadeiado, quexo revirado pra riba e nari magro munto arcado; sombranceia cerrado e zóio aceso... Quando a gente caba de ciá e vai durmi logo, deitado de costa, ele desce do teiado e senta no peito da gente, arcano... arcano... a boca do estámo... Purisso nunca se deve dexá as criança durmi de costa."

(Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo)

Eu descobri que existe até uma oração contra a Pisadeira, registrada por Benedito Cleto. Anota logo. 
A reza diz assim:

"São Vicente com São Simão me disse que a pisadeira tem a mão furado.
São Vicente com São Simão me disse que a pisadeira tem os olho arregalado.
São Vicente com São Simão me disse que a pisadeira tem o beiço arrevirado.
São Vicente com São Simão me disse que a pisadeira tem o dente arreganhado..."

Você que tem por hábito comer e logo deitar, muito cuidado.
A Pisadeira está na espreita  e pode visitar você.
É até melhor mudar o rumo dessa prosa, antes que a talzinha escute que estamos falando dela.
Sabe com é...atrai.

" CRUZ CREDO, PÉ DE PATO MANGALÔ TRÊS VEZES ! "

quinta-feira, 11 de março de 2010

O LAMENTO DO URUTAU.

O uratau é um pássaro solitário e de hábitos noturnos que dificilmente se deixa ver. Pousado na ponta de um galho seco, fitando a lua e estremecendo a calada da noite, emite seu canto tenebroso assemelhado a um lamento humano.
 Por este motivo, o povo também o chama de “mãe-da-lua”. Seu grito talvez seja o mais assustador de todos entre as aves.
- “Meu filho foi, foi, foi…” - interpreta o povo.
Por causa de seu grito, o uratau é muitas vezes associado a maus presságios, mas segundo a mitologia tupi-guarani, é uma ave benfazeja.

Segundo a lenda, uma moça guarani chamada Nheambiú, apaixonou-se profundamente por um bravo guerreiro tupi chamado Cuimbaé, que caíra prisioneiro dos guaranis. 
Nheambiú pediu a seus pais que consentissem o casamento com Cuimbaé. Todos os insistentes pedidos foram negados, com a alegação que os tupis eram inimigos mortais da nação guarani. Não podendo mais suportar o sofrimento, Nheambiú saiu da taba. 
O cacique mobilizou seus guerreiros na procura da filha e, após uma longa busca, a jovem índia foi encontrada no coração da floresta, paralisada e muda, tal qual uma estátua de pedra, sem dar nenhum tipo de sinal de vida. 
O feiticeiro da tribo alegou que Nheambiú perdera a fala para sempre, a não ser que uma grande dor a fizesse voltar a ser o que era antes. 
Então a jovem recebeu todos os tipos de notícias tristes, a morte de seus pais e amigos, mas ela não dava nenhum sinal. Até que o pajé falou “Cuimbaé acaba de ser morto”. 
No mesmo instante a moça, lamentando repetidas vezes, tomou vida e desapareceu dentro da mata. 
Todos que ali estavam transformaram-se em árvores secas, enquanto que Nheambiú tomou a forma do pássaro uratau e ficou voando, noite após noite, pelos galhos daquelas árvores amigas, chorando a perda de seu grande amor.

Eu conheço uma outra variação desta lenda, muito linda por sinal.

Saudações Florestais !

quarta-feira, 10 de março de 2010

"FAMILIÁ", O DIABINHO DA GARRAFA,

"Familiá", nos sertões mineiros, é o mesmo que "diabinho familiar" onde as crônicas de Portugal nos contam  que São Cipriano ( feiticeiro afamado que depois se converteu ao cristianismo ) ensinava como fazê-lo, com os olhos de um gato preto colocados dentro de um ovo de galinha preta e posto para chocar na esterqueira.
Essa lenda logo chegou ao Brasil e, em 1591, já era assinalada sua presença  na Bahia.
O nome na viagem através do tempo, deixou de ser " diabinho familiar" para se tornar "famaliá".
O capetinha conservado dentro de uma garrafa, é figurinha fácil de se encontrar nas feiras norte-nordestinas, comprado pela gente simples como curiosidade ou  até mesmo como amuleto.
Vimos recentemente esta mesma lenda sendo recontada na novela "Paraíso", da Rede Globo de Televisão, onde a personagem Sr. Eleutério (interpretado por Reginaldo Farias) , mantem um "familiá" guardado no fundo de sua gaveta como um amuleto, atribuindo a ele toda riqueza que acumulou no decorrer dos anos.
Mesmo sendo combatido pelos religiosos de todas as denominações, o mito resiste bravamente até os dias de hoje, dizem que é por conta da força do diabinho.

Quem sabe ?
 
Eu ouvi dizer  que o "Familiá" é fruto de um pacto, que o senso comum afirma  que pode  ser feito  com o diabo. Este pacto consiste, na maioria das vezes  de uma troca: a pessoa pede riqueza em troca da alma ao cramunhãozinho. 
Para se fazer um, deve-se matar um gato preto, tirar-lhe os olhos e colocar cada um dentro de um ovo de galinha preta, guardando tudo dentro de estrume equino.
Passado um mês, nascerá o diabinho, sempre em forma de pequeno lagarto que deverá ser alimentado com ferro ou aço moído.
Os possuidores do "Famaliá" terão muito poder e, se você pedir, poderá arranjar-lhe dinheiro em qualquer quantidade.
Só que  tudo nessa vida tem seu preço, não é verdade ?
E  no final das contas a  pessoa já terá o seu  lugar no inferno, juntinho ao capiroto.

Duvida ?

terça-feira, 9 de março de 2010

A INCRÍVEL E MARAVILHOSA "MODA" TRIBAL INSPIRADA PELA NATUREZA.


Os Surma são um povo que ocupa uma área remota no sudoeste da Etiópia, e não mantém contato periódico com os ocidentais há cerca de 35 anos.
Recentemente uma equipe de fotógrafos russos esteve na tribo para fazer alguns registros.
O fotógrafo Hans Silvester registrou imagens de membros de duas tribos africanas que têm um gosto em comum: a pintura corporal e o uso de adereços extravagantes encontrados na natureza.
Silvester viajou várias vezes pela região do vale do Omo em outros trabalhos e ficou fascinado pelo modo como os representantes das tribos Mursi e Surma se decoravam.

Para os Surmaris e Mursis, uma folha, um fruto, raízes e plantas são facilmente transformados em adereços naturais e, depois, enaltecidos pela pintura corporal.
Os pigmentos usados nas pinturas também são encontrados na natureza, como pedras em pó, barro, frutos vermelhos e plantas.
O vale do Omo, berço da espécie humana, é uma região do tamanho da Bélgica nas fronteiras entre a Etiópia, o Quênia e o Sudão.
O gado fornece o essencial de que necessitam para viver, sangue, carne e leite. O dote de um casamento é de 20 a 30 cabeças de gado.
Uma Kalashnikov vale 8.
O vale é habitado pe
las tribos dos Hammer, Mursi, Karo, Surma, Bume, Galeba e Dasanech. Todos os homens se ocupam do pastoreio e da guerra. As mulheres ao cultivo do sorgo e do milho.
Os corpos nus são todos pintados de ocre vermelho e amarelo, extraído de rochas vulcânicas, e cal branca.
Nas palavras de Hans Silvester: “os homens e mulheres usam os corpos como um espaço de expressão artística.
É com imenso prazer que eles pintam o rosto e o corpo, em uma busca permanente de beleza.
Viver com estes seres tão diferentes de nós me fez refletir muito sobre as “conquistas” da nossa
civilização”.
As imagens são fantást
icas, coloridas, provocantes, ternas ou audaciosas. Nessas tribos os ritos sociais são bem diferentes e as noções de beleza podem chocar pessoas acostumadas ao universo urbano globalizado da moda.

Pode parecer estranho, mas elas estão decoradas com o que por lá
é considerado o supra-sumo da beleza.

(Desconheço a autoria das imagens publicadas acima)

domingo, 7 de março de 2010

O BEM-TE-VI DEDO DURO.

A minha amiga Luciana do Rocio Malloon, lá do Recanto das Letras,  contou  que há muitos anos atrás, o diabo criava nas profundezas do inferno um pássaro de cor amarela com uma máscara preta na altura dos olhos.
Quando José, Maria e o menino Jesus estavam fugindo para o Egito na tentativa de escapar dos soldados do rei Herodes, o tal demônio soltou a ave da gaiola na intenção de prejudicar a fuga da família sagrada. O pássaro saiu gritando  para os militantes, apontando para direção que
caminhavam.

- Bem-te-vi... Bem-te-vi... Bem-te-vi !

Os soldados trataram de seguir a estrada denunciada pelo animal.
 Só que para sorte  de José e Maria, na metade do caminho eles avistaram um joão-de-barro, que rapidamente fez um esforço danado para construir uma casa gigante, para que pudessem se esconder. Sorte a deles.
Por causa disso, Deus abençoou esse pássaro: ele é a única ave que constrói sua própria casa para morar.

 Luciana também conta que há milhares de anos, lá pelas bandas da América Central, vivia uma linda princesa asteca dona de um grande império. Conta a lenda que nenhuma criatura vivente poderia vê-la nua tomando banho, pois se isso acontecesse seria o fim daquele império tão rico e poderoso. Sempre que a princesa ia banhar-se no rio, uma feiticeira tinha o cuidado de afastar tudo  que da princesa pudesse se aproximar.
Só que havia um pássaro muito ágil e  bastante curioso, cujo sonho era ver a tal princesa tomando banho no riacho. Sempre era muito complicado  retirar aquela ave da floresta naquele momento.
Certo dia, o danado do pássaro se escondeu  no oco de uma árvore de um jeito tal,  que a feiticeira não percebeu a sua presença. No momento em que a princesa se despiu e entrou na água, certa de que não havia ninguém a espreita, o danado  saiu do esconderijo e gritou:

- Bem-te-vi !

Bem, coincidência ou não,  um dia depois do acontecido os invasores espanhóis massacraram o império asteca.

Uma outra curiosa história que ronda esse pássaro é que ele tem o dom de prever. Isso mesmo. Se deseja saber se alguma visita vem a sua casa, basta perguntar ao bem-te-vi: se ele gritar no mesmo instante é porque a visita será de um homem. Agora se ele demorar, é sinal que será de uma mulher.
Diz o senso comum que se o bem-te-vi fizer um ninho na lareira, chaminé ou telhado de uma casa,  é sinal de que algum membro tentará o suicídio.

Nossa, um pássaro tão gracioso, como pode amargar tanta fama de mau ? 
Fazer o quê...  só toda lenda tem um fundo de verdade.
Mesmo assim, eu vou continuar a amá-lo.

(http://  www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.phtml?user=lupoetisa)

sexta-feira, 5 de março de 2010

A LENDA DO PÁSSARO TIÊ-SANGUE.

Era uma vez uma índia chamada Tiê,
perfumada como a flor do Ipê.
Uma índia sonhadora e faceira...
mas, também uma grande guerreira.

Porém,  ela não gostava de fazer nenhum tipo de guerra,
Tiê só gostava de admirar a natureza da primavera.
Seu sonho era ser um pássaro na linda paisagem,
para ter a liberdade de voar em qualquer miragem.

Um dia Tiê teve que participar de uma batalha de amargar
e acabou sendo  ferida pela tribo inimiga,
que espalhou o seu sangue pela terra
naquela manhã de primavera.

E quando tudo escureceu, Tiê levemente faleceu.
Porém, o deus Tupã, naquela triste manhã, resolveu atender a fantasia
da falecida índia cheia de poesia
e transformou o sangue da guerreira numa ave bela, graciosa e faceira.

Deste jeito
todo perfeito,
surgiu o "tiê-sangue", um pássaro sonhador,
que voa pelos céus do Brasil com amor.

( Luciana do Rocio Mallon)
http://  www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.phtml?user=lupoetisa

quinta-feira, 4 de março de 2010

O NASCIMENTO DA PIMENTA VERMELHA.

Era uma vez um lobo  que passava o dia se lamentando  da sua pobre situação. Dizia ele:
- Pobre de mim, como sou desgraçado! Durante o inverno o urso hiberna, as aves migram para o sul, alguns animais têm pelos espessos para se protegerem do frio, e eu ?
Os deuses já não aguentavam mais ouvir tanta lamentação.
Até que a deusa das Estações,  penalizada com a sua situação, resolveu ajudar o pobre animal. Deu ao lobo um punhado de sementes , orientando-o que só as plantasse no final da estação fria, e que cuidasse muito bem  para que brotassem.
E assim fez o infeliz animal. Esperou a mudança de estação e plantou as tais sementinhas, regando para que crescessem. Para sua surpresa, logo vieram uns frutinhos vermelhos e como o lobo não sabia o que fazer com eles, começou desfiando o seu rosário de reclamações.
Diante disso, a deusa das Estações novamente apareceu-lhe e falou:
- Colha somente  os frutinhos vermelhos e coloque-os ao sol para secar. Tão logo estejam secos,  triture-os entre duas pedras e guarde o pó obtido em um vidro para que seja utilizado somente no inverno.
Incrédulo, o lobo retrucou:
- Com todo respeito, mas para quê isso serviria ?
E a deusa respondeu:
- Vamos, experimente. Coloque um pouco em sua língua.
E assim fez o coiote, percebendo que seu corpo logo aqueceu, espantando o frio do inverno.

E foi assim que o primeiro pé de pimenta vermelha apareceu na Terra.

Segundo o senso comum, é sempre bom ter um pé e pimenta dentro e casa para espanhar o famoso "olho gordo", as energias negativas. Se o pé secar após a visita de alguém... hum! Sai fora desse "seca pimenteira" o mais rápido possível, porque  também vai secar a sua vida. Muito cuidado com esse tipo de encosto.
Eu gosto mesmo é de uma pimentinha na comida.

 (Desconheço a autoria da imagem publicada acima).

quarta-feira, 3 de março de 2010

O PODER DA AROEIRA.

A aroeira é uma planta muito temida pelos mateiros devido ao seu poder de exalar um aroma que, só de passar por perto, a pessoa adoece de modo alarmante. O sintoma é o mesmo: muita febre e visão turva, sintoma este muito parecido com o do sarampo.
A lenda nos conta que um caboclo bateu as botas por causa da ação sinistra desta planta. O moribundo descrente havia plantado uma pequena muda em seu pedacinho de terra, com a posterior finalidade de utilizá-la na construção de um galpão. Coitado, nem teve tempo de vê-la crescer. Logo adoeceu e, em apenas três dias passou desta para melhor.
Dizem que os mateiros estão sempre atentos ao caminharem pela floresta e, quando passam perto da Dona Aroeira, costumam apelar para uma simpatia que é tiro e queda. Surte efeito de verdade, garantem eles: quando se avista a árvore da aroeira e se tem que passar perto ou por baixo dela, devemos saudá-la as avessas do tempo.
O segredo consiste em deter-se a pouca distância e com muito respeito da dita cuja, como se apresentasse diante de uma divindade, cumprimentando-a desta forma:
Se for pela manhã: "Boa tarde, senhora Aroeira!".
Agora, se for na perte da tarde: "Bom dia, senhora Aroeira!".
Cuidado, nesse momento não se deve nem pestanejar enquanto o ritual não se completa, repetidamente por três vezes.
Terminada a cerimônia, não é mais preciso temer o mal da aroeira.

Talvez você ache curioso, mas eu jamais deixo de cumprimentá-la.
É melhor prevenir do que se arriscar a bater com as dez.

terça-feira, 2 de março de 2010

A LENDA DO RIO AMAZONAS.

Conta a lenda que a Lua vestia-se de prata e o Sol de ouro, sendo eles donos da noite e do dia, respectivamente.
Apesar do amor ardente entre ambos, o mundo acabaria se os dois se unissem em casamento, pois o Sol queimaria a terra e, nem mesmo o choro triste da Lua apagaria suas chamas. Mesmo apaixonados um pelo outro eles se separaram, obviamente tristes.
A Lua não poderia se casar com o Sol porque também amava a Terra e não queria vê-la arder, pois sabia que nem chorando dilúvios de lágrimas conseguiria apagar o fogo do Sol.
Desesperada, a Lua preferiu salvar o mundo e separou-se do amado astro-rei, chorando de saudades durante todo um dia e toda uma noite.
Suas lágrimas escorreram pelos morros sem fim até chegar ao Oceano Atlântico, mas este embraveceu-se ao receber tanta água, não permitindo que elas se misturassem com as dele.
Algo inusitado então aconteceu, tão estranho quanto fenomenal: as lágrimas da Lua escavaram um imenso vale entre serras que se levantaram entre os planaltos Central e das Guianas, barrado pela Cordilheira dos Andes, fazendo aparecer um imenso rio que mais tarde se chamou Amazonas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

FUNDAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

Salve, meu Rio de Janeiro querido !
Eu sou carioca da gema.

Olhando para ela, ninguém diria que tem essa idade. Mas a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro completa hoje,  1º de março de 2010, 445 anos de fundação.
Apesar de muita gente confundir o aniversário da maravilhosa cidade com o dia de seu padroeiro (20 de janeiro), o São Sebastião de seu nome, foi neste 1º de março que Estácio de Sá fundou, bem pertinho do Pão de Açúcar, o marco inicial da que viria ser uma das maiores metrópoles do mundo.
Para o historiador Edmilson Rodrigues, professor de história da PUC-Rio e da Uerj, o Rio vai além de uma simples aglomeração de pessoas em volta de uma baía. É, na verdade, fruto da renovação do pensamento europeu. “O Rio de Janeiro teve a sorte de ter uma dupla fundação enquanto espaço da Guanabara, uma francesa e outra portuguesa”, disse, se referindo a chegada de Nicolas Durand de Villegagnon e companhia, antes mesmo dos lusos.Foi bem perto do Pão de Açúcar que o marco inicial da cidade foi criado
“A guerra que envolveu o Rio em sua fundação, que foi o resultado da vitória dos portugueses contra os franceses e os tamoios, que lutavam pelo domínio da Baía de Guanabara, é a marca singular de uma cidade que decorre da luta. Luta para construção de uma cidade ideal, eqüidistante das tensões européias daquele momento. A cidade é um símbolo de resistência, principalmente quando associada à sua fundação e à luta dos colonos da Guanabara para construir e dar função e uso a ela.”
Como foi capital do país por quase 200 anos – de 1763 a 1960 –, a cidade reúne o maior conjunto de bens protegidos de todo o Brasil. Diversas heranças dessa época ainda sobrevivem, principalmente se for considerada a mentalidade do carioca.

“A dimensão cosmopolita da cidade e o envolvimento com a diversão, configuram a presença de uma extensão pública que faz do Rio uma cidade das ruas, dos movimentos, da vida intensa, do passear e da admiração da natureza. Isso foi construído ao longo da História e preservado como patrimônio cultural”, explica o professor.

(Fonte de Pesquisa: G1)


Rio, você foi feito para mim... 

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA.


Há muitos anos, nas margens do majestoso rio Amazonas, as jovens e belas índias de uma tribo  se reuniam para cantar e sonhar seus sonhos de amor.
Ficavam por longas horas admirando a beleza da lua branca e o mistério das estrelas. Enquanto o aroma da noite tropical enfeitava aqueles sonhos, a lua deitava uma luz intensa nas águas fazendo Naia, a mais jovem e mais sonhadora de todas, subiu numa árvore alta para tentar tocar a lua, não obtendo êxito.
Inconformadas, resolveram escalar as montanhas distantes para sentir com suas mãos a maciez aveludada da lua, mas novamente elas falharam.
Quando elas chegaram lá, a lua estava tão alta que todas retornaram a aldeia desapontadas.
Elas acreditaram que se pudessem tocar a lua, ou mesmo as estrelas, elas se transformariam em uma delas. Na noite seguinte, Naia deixou a aldeia esperando realizar seu sonho. Tomou o caminho do rio para encontrar a lua nas negras águas. Lá, imensa e resplandescente, a lua descansava calmamente refletindo sua imagem na superfície da água.
Naia  em sua inocência, pensou que a lua tinha vindo banhar-se no rio e permitir que fosse tocada. Naia mergulhou nas profundezas das águas desaparecendo para sempre.
A lua  sentindo pena daquela tão jovem vida agora perdida, transformou Naia em uma flor gigante - a Vitória Régia - com um inebriante perfume e pétalas que se abrem nas águas para receber em toda sua superfície, a luz da lua.


(Desconheço a autoria das imagens publicadas acima).

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A MANDIOCA, O CORPO DE MANI.

A mandioca é o alimento principal de várias culturas indígenas. Os alimentos básicos vêm cercados de histórias miraculosas, que ressaltam sua importância essencial para a vida do povo.
Assim acontece com o trigo, o arroz, o milho, a batata, entre outros.
As religiões tomam alguns desses alimentos e os transformaram em sacramentos, que sinalizam a vida eterna, anseio de todos os sonhos.
Na cultura Tupi-Guarani, guarda-se uma bela história sobre a origem da mandioca.
Em épocas remotas, a filha de um poderoso Tuxaua foi expulsa de sua tribo e foi viver em uma velha cabana distante, pelo fato de ter engravidado misteriosamente.
Parentes longíquos iam levar-lhe comida para seu sustento e assim, a índia viveu até dar a luz a um lindo menino, muita branco o qual chamou de Mani.
A notícia do nascimento se espalhou por todas as aldeias e fez o grande chefe Tuxaua esquecer as dores e rancores e cruzar os rios para ver sua filha. O novo avô se rendeu aos encantos da linda criança, a qual se tornou muito amada por todos.
Mas o tempo gira nas rodas do catavento e ao completar três anos, Mani morreu de forma também misteriosa, sem nunca ter adoecido.
A mãe ficou desolada e enterrou o filho perto da cabana onde vivia e sobre ele derramou seu pranto por horas. Mesmo com os olhos cansados e cheios de lágrimas ela viu brotar no lical da sepultura uma planta que cresceu rápida e fresca.
Todos vieram ver a planta miraculosa que mostrava raízes grossas e brancas em forma de chifre, e todos queriam prová-la em honra daquela criança que tanto amavam.
Desde então a mandioca passou a ser um excelente alimento para os índios e se tornou um importante alimento em toda a região.

Desconheço a autoria das imagens publicadas acima.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O BRASIL NA BOCA DO POVO.

A influência dos negros na culinária brasileira aparece onde nem imaginávamos, podendo  até desafiar algumas de nossas certezas. Junto com os portugueses e os índios, os escravos ajudaram a fomentar hábitos e pratos que nasceram no Brasil Colônia e permanecem em nossa mesa até hoje.

Quando os primeiros portugueses se mudaram para o Brasil, não encontraram em nossas terras alimentos familiares como o trigo. Havia aqui uma imensa variedade de frutas e tubérculos, mas muitos desses itens, que se transformavam em iguarias nas mãos dos índios, eram estranhos aos olhos e ao paladar dos colonizadores. 
Trazer tudo da terrinha, nem pensar: o transporte de navio era demorado e não havia como conservar bem os alimentos. O jeito era importar alguns itens, mas principalmente adaptar o paladar aos gêneros encontrados no Brasil. No engenho, quem colocava de fato a mão na massa na maioria das vezes eram as escravas – e a comida acabava sofrendo interferência africana no modo de preparar. A farofa, por exemplo, foi criação delas.

 Assim, podemos falar que a influência africana na culinária brasileira atuou em duas frentes: no modo de preparar, temperar e combinar os alimentos e nos ingredientes trazidos do continente africano, pelos colonizadores. Nessa segunda categoria, entra a banana. Originária da Ásia, a banana seguiu rumo à África e foi partindo de lá que chegou aqui. Embora também dispuséssemos de uma variedade nativa, de nome pacova, a fruta é tida pelo antropólogo Câmara Cascudo como a maior contribuição africana à alimentação no Brasil. Enquanto o modo de preparo predominante na cozinha portuguesa era o cozimento, os escravos preferiam assar os alimentos, como os índios.

Nem sempre índios e africanos tinham o mesmo gosto: os primeiros desprezavam o caldo do feijão, que era comido seco, enquanto escravos e portugueses apreciavam uma comida molhada. Como o sal era caro, os africanos habituaram- se a salgar pouco e a caprichar na pimenta. Verduras eram um acompanhamento comum à mesa deles, uma novidade para os portugueses. Couve, quiabo e taioba, entre outros, eram corriqueiras. “Com a europeização da mesa é que o brasileiro tornou-se um abstêmio de vegetais”, escreve Gilberto Freyre em "Casa-Grande e Senzala", entendendo-se por europeização a influência, sobretudo da França, a partir do século XIX.
Outro hábito que os colonizadores estranharam: acompanhar as carnes com frutas. Como Câmara Cascudo nota, os escravos comiam lombo com abacaxi e feijão-preto com laranja. 
Então, é bom lembrar: se a feijoada (foto 2) tem raízes européias, as rodelas de laranja e a couve refogada são obra da influência escrava na culinária brasileira. Não eram apenas o conforto e a quantidade de comida que separavam as refeições feitas na casa-grande e na senzala. Enquanto os colonos tinham o hábito de conversar e tomar algo enquanto comiam, escravos preferiam comer calados, sem beber nada, como a maioria dos orientais. Algumas vezes, deixavam a bebida para o fim.

A conversa à mesa e o hábito da sobremesa também vieram dos portugueses.Falando em doces, é claro que  naqueles tempos,  o açúcar era artigo de luxo. Assim, os doces não eram presenças marcantes no cardápio dos escravos, embora eles dessem um jeito de acrescentar algumas guloseimas à dieta – como a rapadura, a garapa e o melado.
Os deliciosos doces portugueses, ricos em ovos, eram reservados para datas especiais. No dia a dia, as senhoras faziam quitutes para serem vendidos nas ruas, pelas escravas. Desse modo, as negras aprenderam a empregar o açúcar na culinária. Nasciam os doces brasileiros: pé-de-moleque, cocada, pamonha, canjica, mingau, compotas, frutas secas. 
Enquanto isso, doces conhecidos pelos portugueses sofriam algumas modificações locais: é o caso do arroz-doce, feito lá com gemas de ovo e aqui com leite de coco. Sim, o leite de coco nasceu no Brasil por obra dos escravos, que já conheciam bem o coco.
Trata-se de um ingrediente ainda hoje requisitado na nossa culinária – mesmo quem não é íntimo das panelas deve ter reparado que, além de fazer parte de várias receitas, ele rega peixes e incrementa itens que vão de frango a risotos. Ralar o coco também é uma técnica africana, da mesma forma que montar um prato em cima da folha de bananeira ou mexer a bóia com colher de pau. Só há relato do uso de milho nos doces no começo do século XVII.

Embora o grão já fosse conhecido pelos índios, portugueses e escravos, não era  muito valorizado na alimentação e servia mais como ração dos animais. Isso até as portuguesas o incorporarem às receitas: o milho passou a entrar na composição de bolos, pudins, papas, angus e mungunzás eram obra das mãos das negras.

Enfim, nossa culinária já foi muito mais simples e natural. Mas mesmo hoje, em meio a tantas opções, continua sendo delicioso abrir mão do pacotinho de chocolate e dar uma bela colherada em um doce de abóbora, ou se lembrar de que o prosaico pedaço de banana que acompanha um prato de comida tem uma história linda por trás.

(Fonte de pesquisa: vida simples)
Desconheço a autoria das fotos publicadas acima. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

ERINLÉ - INLÉ - IBUALAMA.


Erinlé, o caçador orixá guerreiro,um dia conheceu Orunmilá e tornaram-se amigos.
Erinlé necessitava de dinheiroe seu amigo Orunmilá emprestou-lhe o necessário. O tempo passou e Orunmilá teve que voltar a Ifé. Como Erinlé não tinha como saldar a dívida, foi procurar a orientação do babalaô. O oráculo mandou que fizesse oferendas, pois assim conseguiria todo dinheiro que devia e muito mais. Mas as oferendas eram demasiadamente dispendiosas e Erinlé não pode fazer o sacrifício.
Sem saída, Erinlé estava completamente envergonhado. Foi até um ermo local onde costumava caçar, depositou seus instrumentos de caçador no chão e desapareceu solo adentro. Junto ao seu ofá restou apenas uma quartinha d'água.
Seus filhos, desesperados, procuraram Orunmilá para orientá-los na busca do pai. Orunmilá disse-lhes que talvez não o vissem nunca mais, mas que fizessem oferendas e teriam ao menos um sinal do caçador.
Os filhos de Erinlé o procuraram por tudo o que foi canto.
Um dia, chegando ao local misterioso onde Erinlé desaparecera, depararam com as armas do pai junto à quartinha d'água. Ali então ofereceram muitos galos por Erinlé, chamando insistentemente pelo pai. Logo a quartinha transbordou e a água passou a jorrar em abundância, escorrendo pelo chão. O jorro d'água tomou um curso mata adentro, avolumou-se e formou um novo rio, que todos sabiam ser o próprio Erinlé.
Os parentes seguiram o rio, que os guiou até a sua casa. No caminho, Erinlé os fez saber que desejava que os galos a ele oferecidos fossem soltos vivos.
Assim foi feito e dizem que os galos de Erinlé estão vivos até hoje e que ninguém ousa matá-los.
Erinlé, o rio, continuou a correr para sempre.
Em Edê, Erinlé encontra-se com outro rio É Oxum, o rio Oxum, que parte  de Ijumu e corre ao encontro de Erinlé.
Em Edê os dois se juntam num único caudaloso e calmo rio, são as águas tranquilas que correm juntas para a lagoa.
Da união de Oxum com Erinlé nasceu Logum Edé.
tempos depois, junto ao rio Erinlé, num lugar chamado Ibualama, pela profundeza das águas, os devotos instituíram um templo para Erinlé.
por causa do nome do lugar, o Caçador, que também se chama Inlé,  passou a ser conhecido como Ibualama.


(Prandi, Reginaldo. In Mitologia dos Orixás).
 
Imagem do artista plástico baiano Leo Santana

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

IROCO.

Iroco, a árvore centenária em cuja sua copa  frondosa habitam aves misteriosas, temidas portadoras do feitiço, mas seu culto no Brasil é raro. Iroco ou Tempo, como também é conhecido, é um orixá muito antigo, foi a  primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes orixás desceram à Terra. Iroco é a própria representação da dimensão Tempo, a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós ... 
 No Brasil se diz que Iroco habita a gameleira branca e nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.
Diz-se a lenda  que Irôco sempre  aparece a noite num bambuzeiro, aumentando e diminuindo de tamanho.

Desconheço  associação com santo católico.
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No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroco. Iroco foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. na mais velha das árvores de Iroco, morava seu sespírito. E o espírito de Iroco era capaz de muitas mágicas e magias. Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saía com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco pelos seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foram então que as mulheres tiveram uma idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroco. Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo cuidado para manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a ele para que lhes desse filhos.
Ele quis logo saber o que teria em troca. As mulheres eram,em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroco milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. cada uma prometia o que o marido tinha para dar.Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Iroco as suas prendas.
Em torno dotronco de Iroco depositaram as suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros.Olurombi contou toda a história para seu marido, mas não pode cumprir  sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido.
E o tempo passou.
Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte esadio. Mas, um belo dia, passava Olurombi pelas imediações de Iroco, entretida que estava,  vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore.
- Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa.
E transformou Olurombi num pássaro que voou ara a copa de Iroco para ali viver para sempre.Olurombi nunca mais voltou para casa, e o entalhador a procurou em vão ppor toda parte. Ele mantinha o menino  em casa, longe de todos. Mas os que passavam perto da árvore ouviam sempre um pássaro cantar uma estranha cantiga sobre oferenda feita a Iroco.
Até que um dia, quando o artesão se aproximou dali, ele próprio escutou o tal pássaro. Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Ele tinha que salvar a sua mulher! Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?
Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia.
Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou a entalhar. De madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido. Fez o boneco com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos. 
Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou nos pés da árvore sagrada.Iroco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava! E o menino sorria sempre, uma imutável expressão de alegria. Iroco apreciou sobremaneira o fato de que o garoto jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor nem lhe dava as costas, com medo de olhar de frente.Iroco estava feliz. Embalando a criança, seu pequenino menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a velha promessa, Iroco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim livre da promessa.
Alguns dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido e de estampas coloridas para adornar o tronco de árvore.Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi.
Até hoje todos levam oferendas a Iroco.
Porque Iroco dá o que os devotos pedem.
E todos dão para Iroco o prometido.

(Prandi, Reginaldo. In Mitologia dos Orixás)
Desconheço a autoria das imagens publicadas acima.

Salve Iroko I Só! Eeró!