Oxum preside o amor e a fertilidade, é a dona do ouro e da vaidade e senhora das águas doces.
Correspondência com os santos católicos: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Aparecida.
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Um dia, Orunmilá saiu de seu palácio
para dar um passeio acompanhado de todo o seu séquito.
Em certo ponto deparou com outro cortejo,
do qual a figura principal era uma mulher muito bonita.
Orunmilá ficou impressionado com tanta beleza
e mandou Exu, seu mensageiro, averiguar quem era ela.
Exu apresentou-se ante a mulher com todas as reverências
e falou que seu senhor, Orunmilá, gostaria de saber seu nome.
Ela disse que era Iemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.
Exu voltou à presença de Orunmilá
e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher.
Orunmilá, então, mandou convidá-la a seu palácio,
dizendo que desejava conhecê-la.
Iemanjá não atendeu de imediato o convite,
mas um dia foi visitar Orunmilá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio,
mas o fato é que Iemanjá ficou grávida após a visita a Orunmilá.
Iemanjá deu a luz a uma linda menina.
Como Iemanjá já tivera muitos filhos com seu marido,
Orunmilá enviou Exu para comprovar se a criança
era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo.
Se a menina apresentasse alguma marca,
mancha ou caroço na cabeça seria filha de Orunmilá
e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas marcas de nascença,
que a criança mais nova de Iemanjá era de Orunmilá.
Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades.
O nome dessa filha é Oxum.
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Oxalá tinha três mulheres.
A esposa principal era uma filha de Oxum, e como tal era a encarregada de zelar pelos alvos paramentos
e pelas ferramentas que usava Oxalá nas grandes celebrações.
As outras mulheres invejavam a posição da filha de Oxum
e muitas vezes criaram situações embaraçosas para prejudicá-la.
Um dia, a filha de Oxum limpava as ferramentas de Oxalá
e as deixou no sol para secar enquanto cuidava de outras coisas.
Vieram as duas outras mulheres e jogaram os objetos do orixá no mar.
A filha de Oxum não encontrou as ferramentas do Grande Orixá
e julgou, desesperada, que por conta disso pagaria caro demais.
Nem da cama levantou-se no dia da festa, tal o seu estado d'alma.
sabia que na festa Oxalá haveria de querer usar os seus símbolos.
Uma meninazinha que ela criava lhe pediu para que se levantasse,

mas ela se recusou a fazê-lo, tão grande o desânimo que a possuía.
Foi quando passou na rua um pescador vendendo peixes
e a mulher mandou a meninazinha comprar alguns para a festa.
Ao abrir os peixes, encontrou as ferramentas dentro deles.
As outras duas não desistiram de prejudicar a rival esposa.
No dia da festa, no ponto privilegiado da sala,
ocupava seu trono Oxalá.
Sentada numa cadeira, à sua direita, encontrava-se a esposa principal,
enquanto as outras duas acomodavam-se em cadeiras do lado esquerdo.
Aproveitanso-se de um momento
em que a primeira esposa se ausentou,
as duas outras puseram em sua cadeira um preparado mágico.
No momento em que ela voltou à sala e se sentou,
sentiu o assento pegajoso, quente, estranho.
Ela sangrava, deu-se conta com horror!
Saiu correndo em desespero,
sabendo que infringia um tabu do seu marido.
Oxalá indignou-se
por ela ter se apresentado diante dele em estado de impureza.
A triste esposa correu para a casa de sua mãe em busca de socorro.
Oxum a recebeu carinhosamente e cuidou dela.
Triturou folhas e preparou-lhe um banho de bacia.
Banhou o seu corpo, lavou o sangue, envolveu-a em panos limpos
e a deixou repousando numa esteira sob a sombra de uma árvore.
Quando Oxum tirou a filha do banho, o fundo da água era vermelho
e não era sangue, eram penas vermelhas do papagaio-da-costa.
No findo da bacia penas vermelhas estavam depositadas,
penas da cauda do papagaio-da-costa, que os iorubás chamam edidé.
Penas raríssimas e muito apreciadas que os iorubás chamam ecodidé.
Penas que o próprio Oxalá considerava
um riquíssimo objeto de adorno,
das quais os caçadores não conseguiam
arranjar-lhe sequer um exemplar.
A filha de Oxum passou a ir às festas enfeitada com as tais penas
e um rumor de que Oxum tinha muitos ecodidés
chegou ao s ouvidos de Oxalá.
Como ele não conseguia as penas de papagaio
pelas mãos dos caçadores,
foi um dia à casa de Oxum perguntar por elas e surpreendeu-se.
Lá estava a sua mulher, a filha de Oxum,
coberta com as preciosas plumas.
Oxalá acabou perdoando a esposa e a levou de volta para a casa.

Com a filha reabilitada e Oxalá satisfeito,
Oxum completara seu prodígio.
Oxalá ornou com uma das penas vermelhas sua própria testa
e determinou que a partir daquele dia
as sacerdotisas dos orixás, as iaôs, quando iniciadas,
deveriam também usar o ecodidé
enfeitando suas cabeças raspadas e pintadas,
pois assim seriam mais facilmente reconhecidas pelos orixás
que tomam seus corpos em possessão para dançar nas festas.
( Prandi, Reginaldo in Mitologia dos Orixás).
Desconheço a autoria das fotos publicadas acima.
Ora-Iê Iê-Oxum, minha mãe !