Desconheço associação com santo católico.
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No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroco. Iroco foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. na mais velha das árvores de Iroco, morava seu sespírito. E o espírito de Iroco era capaz de muitas mágicas e magias. Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saía com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco pelos seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foram então que as mulheres tiveram uma idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroco. Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo cuidado para manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a ele para que lhes desse filhos.
Ele quis logo saber o que teria em troca. As mulheres eram,em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroco milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. cada uma prometia o que o marido tinha para dar.Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Iroco as suas prendas.
Em torno dotronco de Iroco depositaram as suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros.Olurombi contou toda a história para seu marido, mas não pode cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido.
E o tempo passou.
Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte esadio. Mas, um belo dia, passava Olurombi pelas imediações de Iroco, entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore.
- Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa.
E transformou Olurombi num pássaro que voou ara a copa de Iroco para ali viver para sempre.Olurombi nunca mais voltou para casa, e o entalhador a procurou em vão ppor toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Mas os que passavam perto da árvore ouviam sempre um pássaro cantar uma estranha cantiga sobre oferenda feita a Iroco.
Até que um dia, quando o artesão se aproximou dali, ele próprio escutou o tal pássaro. Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Ele tinha que salvar a sua mulher! Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?
Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou a entalhar. De madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido. Fez o boneco com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos.
Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou nos pés da árvore sagrada.Iroco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava! E o menino sorria sempre, uma imutável expressão de alegria. Iroco apreciou sobremaneira o fato de que o garoto jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor nem lhe dava as costas, com medo de olhar de frente.Iroco estava feliz. Embalando a criança, seu pequenino menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a velha promessa, Iroco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim livre da promessa.
Alguns dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido e de estampas coloridas para adornar o tronco de árvore.Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi.
Até hoje todos levam oferendas a Iroco.
Porque Iroco dá o que os devotos pedem.
E todos dão para Iroco o prometido.
(Prandi, Reginaldo. In Mitologia dos Orixás)
Desconheço a autoria das imagens publicadas acima.
Salve Iroko I Só! Eeró!
22 comentários:
Amiga Silvana,
Li tudo num ápice! A história é linda demais.
Mais uma vez fica claro que as promessas se devem cumprir...embora a de dar o próprio filho tivesse sido insensata ou feita num acto total de desespero.
Felizmente tudo acabou bem.
Obrigada por mais este texto magnífico.
Beijinhos
Ná
Engraçado que até para os imortais, é necessário uma descendência até os imortais...
Fique com Deus, menina Silvana.
Um abraço.
Lindo Silvana como sempre, adorei a história. beijo...
Cá estou eu, Silvana, para mais uma boa lição !
Beijo.
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Sempre tanta coisa a se conhecer por aqui...
Teu blog é um universo de cultura!
Pensei agora e vou indicar aos amigos professores...
Abraços!
Linda historia do Tempo , como dizem do terreiro se não vai pelo amor vai pela dor rsrs
bjs
Bom dia Silvana,
Vim aprender mais um pouco.
Beijo.
Olá Sil!
Esta eu ainda não conhecia!
Mas é super interessante a lenda de Iroco.
que sua tarde seja linda.
Beijokas, Beta de Santana
poxa!
que legal, eu não conhecia mesmo!
E gostei muito...
Bjos
Ola
Me refresque a memória , não me lembro de ter perguntado algo à vc e se, plis me diga oq foi rsrs rsrsrs
Mas onrigada pela visita ok?
Suzanna
Olá Silvana!
Mais uma bonita e longa(com muito trabalho p'lo meio)histária de crenças enraiazadas em tempos passados, e que chegaram até aos nossos dias.
Em tempos recuados, a árvore era associada com fertilidade - e ainda é - em muitas culturas, dado que ela simbolizava a renovação da natureza, as estaçõs do ano, um paralelo com as "estações" da vida dos seres humanos. Por isso ela tinha tanta importância para quem nela via a origem da própria vida,e o poder de ajudar à criação da mesma.
Gostei muito; muitíssimo bem contada, e muito agradável de ler!
Um abraço.
Vitor
Morado na Bahia, eu conhecia o orixá como Tempo. Mas não conhecia a história, realmente fantástica! :) Boa semana.
Ainda há de me dizer onde vai buscar estas histórias todas :) gostei
Olá Silvana! Sempre uma nova história, e com isso, enriquecendo a nossa cultura. Muito bonita.
Beijos e ótima semana pra ti.
Furtado.
Querida Silvana,
A estória é linda num texto magnifico. voltarei com mais tempo para melhor a apreciar.
Um beijinho amigo.
Olá!
passando rapidinho para conferir as novidades!
adorooo vir aqui!
obrigada pela sua visitinha!
=D
ps. ofereço meu award, se vc ainda não tiver!
★.°☆∵。*★.°☆∵。*★.°∵★.°☆∵。*★.°☆∵。
★.°☆∵。*★.°☆∵。*★.°∵★.°☆∵。*★.°☆∵。
EXPERIMENTE, ACREDITE, SONHE E OUSE!!
Arriscar-se é viver...
Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas ideias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer...
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.
Mas... é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver...
Acorrentadas as suas atitudes, são escravas;
Abrem mão de sua liberdade.
Só a pessoa que se arrisca é livre...
"Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida..."
(autor desconhecido)
,¡|i¹i|¡,
¹i|¡,¡|i¹ Beijos
♥¸.•*¨) Tenha uma ótima semana .... ♥¸.•*¨)
(¸.• ♥♥ ♥♥♥ღViViAn\\(^_^)// Sbrussi ♥♥♥ (¸.•´♥♥
Olá Silvana,
Depreende-se desta lenda bonita e cheia de conteúdo moral, que promessa é para cumprir.
De resto quem não cumpre não deve temer somente aquele a quem prometeu, deverá essencialmente temer (digo eu), a sua própria consciência!
Kandando amigos a atravessar tanto mar, tanto mar...
Bom dia Silvana, obrigada por participar do meu blog e presentear-nos com esta linda história. Bjs
Amei esse Iroco, Silvana.
Querida Silvana
Cada nova estória que connosco partilhas é magia e encantamento.
Um beijo, como oferenda te deixo.
Boa tarde, amigos.
Depois de ter sido excluída da maioria das páginas, agora não consigo mais postar.
Desde ontem que tento colocar as minhas histórias e não consigo, a página onde se escreve fica em sinal de espera . Era só o que faltava. Perdoem-me, meus queridos leitores, mas a culpa não é minha e nem sei onde resolver isso.
Querida amiga Silvana,
Teu comentário já está activo no meu blogue. Agradeço tua amável visita.
Acontece que nas minhas postagens com mais de 2 dias, os comentários ficam suspensos no painel até eu colocá-los no post. Isto porque há pessoas que fazem o gosto e eu agradeço, de comentar postagens mais antigas e, como gosto de responder a todos os comentários, esta é a única maneira de saber que chegaram novidades e eu poder responder.
Bjs e kandandos a atravessar tanto mar, tanto mar...
Nota. o teu blog neste momento está a demorar demasiado a carregar, deves ter problemas com ele, infelizmente não sei o que é para poder ajudar!
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