Hoje eu trago para vocês uma lenda de cunho popular, contada pela minha avó materna durante toda a minha infância, porque todos me achavam uma cabeça-de-vento.
Era uma vez uma índia muito infeliz no casamento por conta ser ser o seu marido rude, insensível e incapaz de qualquer ato de carinho. No entanto, o tal marido fazia juras de amor eterno e parecia feliz por tê-la a seu lado.
Dia após dia essa mulher se sentia cada vez mais solitária e oprimida, no fundo de seu íntimo sabia que seria quase impossível livrar-se facilmente daquela situação, sobretuto devido aos costumes muito rígidos de sua aldeia.
Um dia, depois de ter reunido todas as suas forças, acabou contando o que sentia e a vontade que tinha de ir embora. O marido surpreso com o relato e coragem de sua mulher,tomou um susto. De pronto não concordou, e sentenciou que jamais iria deixar que isso acontecesse.
Uma noite porém, a mulher fez uma descoberta fascinante: depois que o marido pegava no sono, ela podia deixar o corpo na cama - ao lado dele - e sair com a cabeça a voar. Dormindo, ele passaria a mão no seu corpo e sentiria que estava ao seu lado deitada.
Então, todas as noites, a cabeça da índia voava por toda a floresta, conhecendo lugares e pessoas incríveis. E assim foi por um bom tempo: a cabeça saía para passear sozinha, longe da opressão e do mau humor de seu esposo. Tudo ia mais ou menos bem, até que numa dessas noites a cabeça voou longe demais e não conseguiu encontrar o caminho de volta. Desesperada, a cabeça ficou perdida na floresta, sem saber o rumo de casa.
Ao amanhecer, o marido se deu conta que apenas o corpo da mulher repousava ao seu lado. Ficou furioso.
Não podia aceitar aquela situação humilhante e como só lhe restava o corpo, resolveu castigá-lo e o surrou até a morte. Não satisfeito, resolveu também esquartejá-lo, queimando os pedaços e jogando as cinzas no rio.
Desconheço a autoria da imagem.
29 comentários:
Nossa, que história mais triste...tristemente bela, mas de partir o coração.
bj
Poxa amiga me fez refletir essa lenda.
Quem de nós não deixa o corpo na cama e viaja por lugares tão distantes e por fantasias tão maravilhosas.
Coitada é tão triste viver em uma gaiola se se tem a alma livre.
Mas mesmo com tão tristes acontecimentos ela conseguiu se tornar livre.
Bjos querida e tenha lindos dias
Olá Silvana!
O texto é muito bonito, e cheio de conteúdo; uma metáfora, diria eu.Da sua mulher, o marido só era dono do corpo; o espírito era livre, só dela. E um dia não teve mais vontade de voltar ,para ficar de novo junto daquele outro corpo, o do homem que a mantinha prisioneira.
No fundo, poderia ser uma história comtemporânea, em que muita mulher se poderia rever ...
Gostei muito; parabéns!
Um abraço.
Vitor
Nossa! Adorei esse blog!
Já vi que aprenderei muito por aqui!
Abraço
Muito Bem.
Ao sentar-me um pouco em frente ao PC, abri minha caixa de correio e, encontrei um link que me despertou a curiosidade. Afinal por onde andas João que quase todos os dias te fazem uma visita? Foi com muito gosto que passei uma visão pelo espaço e, deparei-me com alguém que não conheço mas parece-me com bastante sentimento, conhecedor do ser humano e da vida. Gostaria de saber como veio ancorar a este porto de abrigo. Tenho muita família no Brasil, talvêz uns 70%. Também tenho vários contactos atravéz da blogosfera nesse encantador país irmão. Já andei por essas paragens, desde Recife até Foz do Iguaçú. Sou um madeirense errante que só assentou arraiais depois da reforma. Tenho vários portos e aeroports amarados e aterrados no mundo.A vida assim me proporcionou e para aventureiro nada me faltou. Sacrifiquei a família, meus amigos de infância mas estou feliz. Continue a visitar-me pois com o tempo me conhecerá melhor. Que a força do destino nos continue a deslumbrar. Se fosse a postar os links por onde tenho amigos, não caberiam no meu disco rígido. Quando alguém entra no meu espaço obtém sempre resposta, embora não apareça no monitor. Receba um abraço fraterno e, volte sempre que entender.
Olá Silvana, obrigado pela sua visita....
Tem um belo blog...gostei da lenda...Espectacular....
Beijos
Silvana, como sempre a história é muito bela, a ansia de liberdade levou a india a voar pela floresta. Como alguém já disse atrás esta pode muito bem ser uma história actual, cheia de sentido e que incite qualquer ser humano na busca da suas próprias asas.
Obrigado por partilhar estas lendas, fruto da sua história e da sua cultura. Como já disse são belas.
Beijos.
Será que sou da família dela? é que várias pessoas já me disseram, que eu era um cabeça de vento!
Rsrsrsrsr.
Beijo.
oi Silvana,
Um beijo, fique com Deus.
Uma lenda simultaneamente triste e linda. Obrigado pela visita. Voltarei cá com frequência.
Um beijo do lado de cá do mar.
Linda história que prendeu a minha atenção do princípio ao fim...Parabens!
Um beijo Graça
Olá Silvana
Triste e maravilhoso conto.
Obrigada pela partilha.
Bjs.
Muito interessante Sil!
Bjs.
A lenda é muito triste... é bela!
Peço-lhe licença para fazer uma brincadeira,talvez de mau gosto.
É que me parece que grande parte dos homens, gostariam que a cabeça das mulheres com quem eles se relacionam intimamente,também fosse passear longe... sempre!
Saudações Florestais!
Lenda muito triste mas tem o seu quê de verdade, Quantas vezes o nosso corpo está presente, mas a nossa cabeça vagueia por aí.
Abraço
Luisa
No lugar da india teria peido ajuda ao deus Tupã para fazer a cabeça do marido voar por esse mundo fora para que, conhecendo a liberdade, jamais proibisse a mulher de conseguir esse prazer também.
Se ele viesse a perder-se qual seria prejuizo?
Nenhum!
Saudações
SIL QUERIDA.....
QUE HISTÓRIA TRISTE , PARECE O RELATO CRUEL DA REALIDADE DE MUITAS MULHERES DO MUNDO..
COM SERIA BOM SE ELAS PUDESSEM VOAR POR AI MESMO QUE SÓ MENTALMENTE..
O CORPO MORRE MAS A ALMA É IMORTAL.
FELIZ DA ARAPONGA ERRANTE QUE É LIVRE E QUE LIVRE VOA(CASTRO ALVES).
QUE ESSE ANO SEJA MARAVILHOSO PRA VC.
BJUIVOS NO SEU CORAÇÃO.
SAUDAÇÕES URBANAS.
LOBA.
Ahhhhhhhh adorei a história até pq vez ou outra eu sou chamada pela minha mãe de cabeça de vento e agora vou poder contar o pq do nome!!! Amei sua visita - volte sempre
Beijos
História muito triste, mas felizmente acabou em liberdade.
Parabéns
Linda
Espero que minha cabeça não se perca na floresta...rsss....
Triste e bela...fantástica!!
Olá querida
Estou um pouco sumida, mas nunca esqueço dos amigos.
Mais uma lenda para pensar.
Com muito carinho BJS.
Olá profª Silvana, venho agradecer sua visita ao meu blog Ecos Da Cultura Popular que está a apenas uma semana na Web, e visitar seu maravilhoso blog. Para vir aqui é preciso calma porque tudo nos prende! Gostei muito desta história e mais ainda da história do Pequi.Salve a senhora Liberdade nos quilombos, nas aldeias e na cidade! Um grande Abraço! Denise Guerra http://ecosdaculturapopular.blogspot.com http://afrocorporeidade.blogspot.com
Silvana,
Que sensacão maravilhosa quando nossa cabeça voa por ai né? Quantos encontros, quantos desencontros, quanta aventura!!! O importante é não perder o caminho do corpo.. heheheh. Lindo conto
Sil
Tem coisa melhor que essa tal "liberdade"... Nada nem ninguém consegue aprisionar um espírito livre!
Beijuuss n.c.
Regina
www.toforatodentro.blogspot.com
Que nos sobre sempre a liberdade de pensar e divagar, voar nem que seja em pensamento. Esta é uma lenda, ou esta é a realidade contemporânea onde
muita, mas muita gente se pode rever. História cheia de profundo conteúdo, como nos habituou com esse seu jeito sensível.
Kandandus no coração
que lindo! bjs
Mais uma linda lenda. A cultura dos índios,cheias de metáforas, provérbios e licções de vida, é extremamente rica. Bem-haja pela pesquisa e esforço em recuperá-la.
Abraço
Silvana,
Penso que a liberdade é um bem exclusivo de cada ser humano. Jamais alguém poderá usurpa-lo de nós.
Uma lenda realmente contemporânea.
Fique à vontade para mandar o link de suas postagens para o Blog do Guara. Será um prazer publicá-los.
Um grande abraço.
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